27 de set. de 2012

Afogando na Chuva

Hoje, enquanto escutava uma música
Caminhando sob as carícias da chuva
Sob as gotas geladas que caem do céu
Eu me lembrei

No meu passado, houve uma época
Em que até minha tristeza era mais azul
Em que o calor sol me fazia sorrir de manhã
E não amaldiçoar o despertar de outra noite

Outra noite que eu passei sozinho...

Me vi então sorrindo sob a chuva
Não porque estava feliz,
Mas porque já havia me acostumado
Como sempre, menti a mim mesmo
Tentando sobreviver ao frio

Senti
Um gosto amargo na boca
Medo de ter perdido algo
Tentei
Lembrar de como era
Me convencer de que ainda possuía

Usei até da própria chuva
Para me fazer lembrar novamente

Como era chorar sem sangue?
Como eu me sentia quando ainda não sabia aceitar,
E deixar para trás?
Qual era a sensação de verter lágrimas
Só por estar triste?

Fiquei forte?
Então porque me sinto tão fraco?
Ainda estou vivo?
Então porque me sinto tão vazio?

E quando essas perguntas estavam prestes a me esmagar
Eu ri, e me esqueci de tudo.
Voltei ao momento,
À superficialidade de um riso
Fugi de meus sentimentos
Para não me afogar...

Lucas Rangel Lima

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"Lembranças são tesouros, e quando se escondem, provavelmente tiveram alguma razão."

23 de set. de 2012

Tão Físico Quanto Eu Sei Dizer

Nessas noites, eu anseio
Por sentimentos tangíveis como o calor
Sensações tão intensas quanto o céu
Melodiosas
Tão físicas

Quanto eu sei dizer...

Nessas noites, eu canto
Esperando que a felicidade contagie
Se espalhe pelo meu peito
Confortável
Me preenchendo

Como a uma pauta vazia

Nessas noites, eu lamento
Por ter me esquecido de como era
Conhecer outro corpo com a minha pele
Mal lembrar do amor que um dia senti
Do gosto e do prazer
Da ternura e da intensidade
Dos gemidos e de todo o resto

Só me lembro
De acordar sozinho

Nessas noites, eu anseio
Por sentimentos tangíveis como seus lábios
Sensações tão intensas quanto seus beijos
Amorosas
Tão físicas

Quanto uma poesia sabe ser...

Lucas Rangel Lima

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"A diferença entre labirintos e charadas é que as últimas são como relacionamentos:Podem possuír mais do que apenas uma resposta."

11 de set. de 2012

Sem Minha Safira

Outrora, eu fui um deus
Carregando em meu peito e mão
Um amor como nenhum outro
Um amor que era maior que tudo
E que agora, 
Se perdeu.

Esse amor era uma joia azul
Que brilhava dentro de mim
E lavava minha alma
Meus temores
Como uma mãe a zelar por mim...

Era uma joia rara e preciosa
Profunda em sua infinita beleza
Em seus charmes e encantos
Em mim
E em tudo o que a via

Mas um dia, eu não só a perdi
Cheguei a me esquecer de sua importância
Nunca mais vi em outras pedras seu brilho
E já nem sei se me arrependo

Só sei que me sinto triste...

Outrora, eu fui um deus
Carregando eu meu peito e mão
Um amor e um anel
Um amor que se perdeu como névoa
Um anel que escorregou e sumiu
Memórias que foram esquecidas
E só me resta lamentar

O que eu farei
Sem minha Safira?

Lucas Rangel Lima

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"Boas idéias podem apodrecer como frutas se não forem tiradas de suas árvores e saboreadas por alguém."

8 de set. de 2012

Ficaria se tivesse ficado, mas não.

Desculpa, eu não consegui escrever mais
Não consegui entender, na verdade, eu não quis
Deixei o papel de lado, talvez até atrás
Perguntei, mas ninguém sabe o que diz

Sentei mais uma vez,

Pra pedir um duplo de três
Conversei.
Rabisquei no guardanapo, talvez dois poemas
Se eu estivesse sóbrio,
mas como não, entrei em um dilema

Se voltar,

vai esquecer, vai deixar, quem sabe, até doer
Depois de quatro linhas, ninguém que ler vai entender

Mais um bêbado sozinho, pensando besteira
Mais um filósofo brilhante, com certas incertezas

Se ficar,

Ficou.

Mais uma noite.
Mais um copo, até mais.
Mais uma vez, mais uma vez.
Menos eu, pelo jeito.

6 de set. de 2012

A História de Um Fantasma - Capítulo 6


Estou... Confusa.

Desde o dia em que Ele “falou”, eu comecei a me perguntar se Ele realmente... Pode me ver.

Ou melhor dizendo, como Ele me vê. Digo, será que eu envelheci? Será que ele me vê na forma em que eu morri? Ou será que ele me vê como eu era antes de ter morrido?

O primeiro caso é... Improvável. Fantasmas não envelhecem, certo?

De qualquer forma, o segundo caso... Eu não sei. Não me lembro do momento em que morri, então não sei. Talvez eu tenha sido esfaqueada ou algo assim, mas acho que se fosse o caso, ele estranharia mais. Seria como ver alguém com uma ferida que nunca se fecha.

Seria como... Ver um fantasma...

Será que ele sabe que eu estou morta? Que eu sou algo que não deveria existir?

Eu preciso saber como ele me vê. Eu preciso me lembrar. Daquele dia, daquele momento... Da forma como eu morri... Eu preciso me lembrar... Eu...

Não consigo... Eu me esqueci... Eu... Me esqueci!

Minha própria aparência! Foram tantos anos sozinha, que... Eu me esqueci de como era o meu rosto...

E meu nome? Como era o meu nome? O nome dos meus pais? Meus avós? Meus amigos? Qualquer coisa!

...

Quem sou eu?

2 de set. de 2012

Para Onde Andamos

No princípio eu achava
Que você poderia me guiar
Que ao segurar minha mão
Poderia me levar para qualquer lugar

Mas um dia eu percebi
Ao olhar para você de verdade,
Eu percebi

Seus olhos só olhavam para frente
Sempre em busca do amanhã
Enquanto eu
Só consigo me arrepender do passado

Não importava o quanto você me puxava
Era como se eu andasse em uma direção diferente
Você em direção ao amanhã
E eu em direção ao ontem

Mas mesmo assim,
Eu queria que você me guiasse...

Lucas Rangel Lima

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"A mais bela hipocrisia é aquela que admira com sinceridade, apesar de não conseguir se espelhar."