11 de out. de 2012

Violência Escolar

Todos nós já ouvimos falar pelo menos uma vez na televisão a respeito da chamada "Violência nas escolas". Alunos vandalizando salas de aula, ameaçando professores, brigando na rua com outros alunos. E também, é claro, professores humilhando seus alunos, ameaçando-os e punindo-os fisicamente. Pelo menos uma vez por ano, uma dessas histórias ganha forte repercussão na mídia e acaba entrando em nossos cotidianos.

Durante esse tempo, também vemos muitas "opiniões" a respeito desse tipo de violência. Apresentadores de televisão "indignados" com a situação, criticando hora o aluno violento e marginal, hora o professor despreparado e desequilibrado, dizendo que esses alunos não merecem ir para a escola ou que tais professores deveriam ser presos. Colocando a culpa em quem na verdade é vítima.

Mascarando o verdadeiro problema.

Afinal, quem é o responsável pela garantia de direitos, que ignora ou falha em realizá-la? Quem é que deveria garantir à população oportunidades de emprego e garantia de segurança? Quem é o responsável pela desigualdade social, e pela violência resultante dela? O traficante? O marginal? O aluno?

E quem é o responsável pelo sucateamento do sistema educacional? Quem é que dá salários baixos para professores, aliados a péssimas condições de trabalho? Quem é que deveria garantir um ambiente saudável  nas escolhas para que seja praticada a arte de educar? O diretor de escola? O coordenador? O faxineiro??

O professor?

Não, não é nenhum deles. Quem criou a "violência escolar", dentre várias outras formas formas de violência e abuso em nosso país, e que possuí interesses congruentes com aqueles que controlam a mídia é nada mais nada menos do que o próprio estado*.

Pouquíssimas pessoas conseguem enxergar essa realidade, e é claro, é essa a intenção de quem noticia os fatos. Não é de interesse das elites uma educação pública de qualidade. Gente pobre na universidade? Nunca! Pobre tem é que virar peão.

E se não for feita essa manipulação da opinião pública através dos jornais e televisões, as chances do povo começar a cobrar do estado que este faça seu trabalho são muito grandes. E essa manipulação é, ironicamente, feita para a população achar que a culpa dos problemas sociais é dela mesma.

Voltando ao foco, o combate contra a violência escolar não é algo que a polícia ou que algum jornalista pode travar, pois ele não não acontece nem nas escolas nem na televisão. Ele ocorre no senado, nas câmaras municipais. Na pressão populacional a favor das políticas públicas. Nas urnas de eleição.

E é o povo que deve lutar.

*Edit: Perdão, me expressei de uma maneira infeliz. Se fosse a entidade "estado" a raiz do problema, não seria possível combatê-lo através de votações e cobrança política da sociedade. E nem sempre (na verdade, em muitos casos não) o estado e a mídia são aliados. A forma como eu citei os fatos acabava desvalorizando muitas conquistas alcançadas por nosso governo nos últimos anos, ignorando uma clara melhora no cenário político nacional.

O que da espaço para que os problemas citados existam são as políticas de governo adotadas por alguns partidos e governantes. Políticas chamadas "conservadoras" e "de direita", exercidas por aqueles que possuem interesse em aumentar a quantidade de mão de obra barata e manter um modelo social elitista. Esses sim são aliados da mídia e devem ser "combatidos".

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"Quando é dada a luz, a única opção que se tem é começar a enxergar."

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