25 de abr. de 2016

O Cofre

O minuto vira
Hora
E o sol
Num só movimento
Sobe e desce
Traz o dia e deixa a noite
Onde escorre a lagrima
Num travesseiro
Num quarto escuro
Num momento
Tao permanente
Quanto todo o passado

Sem um violão
Encostado no canto do quarto
Ele faz a musica
Calar dentro do peito
Ele cobre de mentiras
O vazio
E se lembra
É só outro dia
Ou o mesmo dia
Nada muda
Ninguém muda
Ele não aprende
Ele não entende

O mes acaba
O dinheiro
Os amigos, a risada
As cordas, as conversas
 A solidão continua
 Faz o olho arder
 O corpo tremer
 Cansar, adoecer
 Adorna a alma
 Para ninguém
 Por razão nenhuma

Como uma piada

Ele tranca o cofre
Que já tem mais memorias
Do que as que ele mesmo lembra
Ele perde outra razão para viver o amanhã
Se não o dia em que finalmente
Vai poder sumir
Ele dorme mais uma hora
Em que deveria estar sonhando
Ele se traí de olhos fechandos
Espiando o interior
Piscando devagar
Sem deixar nada transbordar

Lucas Rangel Lima

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