Ele abriu os olhos
Eu percebeu estar são
Ou talvez, tão louco
Que já não fizesse diferença mais
Ele olhou ao seu redor
E tentou se lembrar
Do que era mais importante
Do que ele precisava fazer
Antes de se esquecer novamente
Quem sabe,
Essa era sua última chance
Quem sabe ele nunca mais
Seria capaz de retornar
De se reconhecer
De se perder tanto
A ponto de se encontrar
Ele logo se apressou
Vestiu suas roupas mais confortáveis
Procurou seus óculos
E logo se tornou o que fora
Tantos anos atrás
Mesmo que por um momento
Não demorou,
E o frio logo o encontrara
Ele sabia que não duraria muito mais
Mas o que ele podia fazer,
Além de deixar suas últimas palavras
Para ela, mais uma vez?
Sem temer mais nada,
Ele logo se pôs a registrar
Quem ele era
O que ele amava
Por quê ele ainda vivia
E conforme as palavras ganhavam vida
Tão cedo quanto ele as escrevia
O frio o consumia, e ele as esquecia
Se perdendo no conforto
De não sentir
Tão cedo quanto terminara
Seu último adeus
Ele já não sabia mais
Porquê o havia feito
O que sequer havia escrito
Pensado, sentido
Novamente, não lhe restara nada
Do que fora outrora
Apenas
Em algum canto de sua alma,
O passado pôde descansar
Mesmo que insatisfeito
Feliz,
Por ter sido presente de novo.
Lucas Rangel Lima