31 de dez. de 2010

Primeira poesia do ano

Talvez eu ainda faça algumas mudanças. Comentem, por favor.

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Título: Caminhos

Um homem desperta em uma manhã
Disposto a mudar a direção do mundo
Enquanto o destino lhe reserva um amanhã
Onde existe tanto a glória quanto um abismo profundo

O homem então se levanta de seu leito
Munido apenas de sua alma indomável
Mal sabendo para qual destino ele foi eleito
Caminhando em frente com sua vontade incansável

Ele então reuni alguns companheiros fiéis
E traça seu caminho por entre o desconhecido
Enquanto as adversidades espreitam como cascavéis
Ele não tropeça, aparado por um ombro amigo

Mas com o passar dos dias, o homem se cansa
E seus sonhos lhe parecem inalcansáveis
Perdidos como a inocência de uma criança
Enganado por pensamentos outrora indefensáveis

Seus companheiros logo o abandonam
Pois também se encontram cansados e arrependidos
Suas glórias nunca mais se exclamam
E no abismo ele cai, entre seus antecessores derrotados

Ao pensar que tudo acabou
Ele fecha sua última janela
E volta a dormir

E então,

Um novo homem desperta em uma nova manhã
Novamente disposto a mudar a direção do mundo
Enquanto um novo destino lhe reserva um amanhã
Onde sempre existiram tanto a glória quanto um abismo profundo

Lucas Rangel Lima

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"Fim e começo são conceitos vagos, que só podem ser definidos por nós mesmos. Então vamos aproveitar este novo começo para dar continuidade aquilo que nunca acabou"

23 de dez. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 6: Derrotado

Ferido, cansado e perdido, o jovem guerreiro corria desesperado a esmo pelas florestas aos arredores do reino. As tropas do rei o perseguiam implacáveis e ele já não tinha mais forças para continuar caminhando.

Quando tudo parecia acabado e os guardas estavam para alcançá-lo, ele decidiu arriscar sua sorte e tentar usar o poder da presa para escapar. Convencido de que esta seria sua única escapatória, ele segurou a presa em sua mão direta e a apertou com toda a sua vontade. Como se escutasse o apelo de seu dono, a presa reagiu emitindo uma luz intensa que cegou os perseguidores por um momento. E no instante seguinte, ele havia sumido.

Quando o jovem guerreiro conseguiu abrir seus olhos, ele se encontrava sentado encostado a uma árvore nos arredores da vila próxima a floresta onde ele enfrentara o lobo. Suas feridas ainda doíam, mas não havia sinais de seus perseguidores por perto. Agradecido, ele guardou a presa novamente e se dirigiu a vila a procura de tratamento e abrigo.

Muitos o reconheceram e ofereceram ajuda, mesmo ele não tendo passado muito tempo interagindo com as pessoas em sua última visita. Ele logo recebeu o tratamento necessário, e, sem ter para onde voltar, decidiu permanecer na vila por uns tempos.

Começou a trabalhar como ajudante de um ferreiro, arranjou uma espada nova e com o passar do tempo, acabou se apaixonando. E assim, meses se passaram sem que os soldados do rei o procurassem ali.

O jovem guerreiro se casou, envelheceu e teve um filho, ao qual deixou seu bem mais precioso e sua memória mais dolorosa. O símbolo de sua glória e de sua derrota. Seu prêmio e sua perdição. A presa restante do lobo.

22 de dez. de 2010

Nós

Estamos todos tão cansados

De sermos privados de nossos desejos

De não sermos capazes de andarmos sozinhos

De sermos ignorados pelos nossos companheiros

Que não percebemos...


Acordamos ansiosos pelo fim do dia

E sobrevivemos nossas vidas assim

Sonhamos pesadelos de olhos abertos

E matamos nossas emoções no fim


Esperamos que os outros nos mudem

Enquanto eles esperam que os mudemos

Desejamos poder o que poucos podem

Quando só um pode o que não podemos


Culpamos a tudo por nossas tristes vidas

O mundo, os amigos e até a nós mesmos

Cegamos nossos olhos com ressentimento

E tateamos o chão na procura e no medo


Na procura de uma resposta para a tristeza

No medo de se perder em meio ao desespero


Somos os protagonistas de um drama

Onde nada gira em torno de nós

Somos personagens em uma realidade

Onde apenas nos sonhos podemos sorrir


Pois temos pena de nós mesmos


Temos pena de como somos pequenos e insignificantes

Temos pena de como somos tolos e inferiores

Temos pena de como somos tristes e de nossas dores

Pena de não conseguirmos ser tão bons quanto ruins


Estamos todos tão cansados

De sermos privados de nossos desejos

De não sermos capazes de andarmos sozinhos

De sermos ignorados pelos nossos companheiros

Que não percebemos...



Ninguém é diferente.


Lucas Rangel Lima


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"Muitos esperam serem salvos por seus heróis enquanto uns poucos esperam poder salvá-los. O restante sabe que não existe salvação."

15 de dez. de 2010

A Vida Que Eu Sonhava Ter - Capítulo 2: Chegada

Apenas informando aqueles que jogam/jogaram Harvest Moon Back to Nature ou Friends of Mineral Town, eu pretendo manter os seguinte lugares:

1-Poultry Farm

2-O bar/restaurante

3-O hospital

4-O ferreiro

5-Yodel Farm

6-O mercado

7-A biblioteca

8-A igreja

Planejo também estar adicionando alguns lugares como a estação de trem e a escola.

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Assim que saí da estação de trem, percebi que não me lembrava do caminho para a fazenda de meu amigo. Ainda assim, cometi o erro de subestimar esta pequena cidade e acabei vagando erroneamente por aí por cerca de duas horas, carregando um misto de arrependimento e ansiedade em meu peito.

Na terceira vez que eu passei pela pequena cachoeira próxima a entrada da cidade, encontrei-me com esta belíssima mulher se banhando. Fiquei surpreso por um momento, mas ela estranhamente não pareceu se incomodar com a minha presença. Ao invés disso, ela apenas me perguntou:

"Quem é você?"

Um pouco assustado e gaguejante (confesso ter pouca resistência a mulheres), eu lhe disse meu nome e lhe contei minha história. Como se estivesse lendo um livro extremamente interessante, ela prestava atenção em cada palavra que eu dizia. Conforme eu falava, meu nervosismo desaparecia e eu me sentia cada vez mais confortável. Por fim, mostrei a ela uma carta em que ele havia colocado um mapa indicando como chegar a sua fazenda e pedi por ajuda.

"Siga o rio e atravesse na primeira ponte."

Sem esperar por um agradecimento, ela mergulhou na água e desapareceu misteriosamente. Ainda me pergunto se não foi apenas a minha imaginação, mas enfim...

Cansado de caminhar por aí, segui as instruções que ela me deu e cheguei a uma pequena fazenda que parecia abandonada a meses. A grama chegava aos meus joelhos, o galinheiro e o celeiro estavam uma bagunça e o estábulo estava imundo. Nenhum animal restava.

A única parte da fazenda que se encontrava em perfeito estado era a casa. As janelas estavam um pouco sujas e haviam algumas teias nos móveis, mas nada que uma pequena limpeza não resolvesse.

Antes que eu pudesse continuar a analisar a fazenda, eu escutei os passos de alguém se aproximando. O nervosismo subiu a minha pele no mesmo instante. "Será que ele ainda está vivo?" Pensava eu.

Mas antes que eu pudesse alimentar mais esperanças, um homem baixo, gorducho e bem vestido irrompeu pela porta visivelmente irritado.

"Quem é você, invasor? O que faz dentro desta propriedade?"

Assim que ouvi a palavra "invasor", me dei conta de que havia entrado sem ser convidado. Pedi desculpas imediatamente e me apresentei logo em seguida, mostrando algumas das cartas que carregava comigo.

"Me desculpe você senhor Henrique. O velho Mario sempre falava sobre suas cartas." Disse ele "Mas eu não pensei que realmente viria"

Sem entender o que ele quis dizer com está última fala, eu perguntei:

"Como assim?"

Com um sorriso no rosto, ele abriu uma gaveta no criado mudo ao lado da cama e retirou um envelope. Dentro do envelope, havia uma folha de papel com a mesma caligrafia de minhas cartas.

"Este é o testamento de Mario. Aqui diz que eu deveria deixar esta fazenda com você caso você aparecesse em menos de um ano. Eu esperei todos os dias nos primeiros quatro meses, mas como você nunca veio, comecei a achar que..."

Ele se calou em meio a fala ao olhar para mim. Eu já havia pensado nesta possibilidade, mas ainda assim não pude conter minha tristeza e acabei vertendo algumas lágrimas.

"Eu compartilho de sua dor..." Disse ele, tentando me confortar "Mas antes de tudo, devo lhe perguntar uma coisa. O senhor deseja ficar com a fazenda?"

Secando meus olhos com as mangas, eu assenti com a cabeça. Em seguida, ele me pediu para assinar alguns documentos e disse que voltaria no dia seguinte para me mostrar a cidade. Eu agradeci e disse que passaria a noite ali mesmo.

"Meu nome é Paulo, sou o prefeito da cidade. Pode contar comigo para o que precisar." Disse ele ao sair.

Agora me encontro sozinho na fazenda com a qual sempre sonhei e que se encontra completamente destruída. Vou começar a limpeza dos cômodos, e assim que terminar de guardar minhas coisas no armário, vou me deitar na minha nova casa pela primeira vez.

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"O amanhã sempre esconderá um teto estranho e um leito não familiar, mas é nas dificuldades dos recomeços que encontramos a força para continuarmos caminhando."

13 de dez. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 5: A Ambição

Orgulhoso e pronto para receber sua recompensa, o jovem guerreiro foi acompanhado pelos guardas até a sala do trono, onde o rei o esperava. Ansioso, ele manteve as presas guardadas em um pequeno saquinho de pano, para evitar tocá-las e ser novamente influenciado por elas.

Depois de alguns minutos caminhando, os guardas o guiaram até uma porta imensa e elegantemente decorada. Assim que eles se aproximaram, a porta abriu sozinha e os guardas o empurraram para dentro de uma sala fechada iluminada apenas por algumas poucas velas. A luz não era suficiente para tamanho espaço, mas ao lado do trono haviam dois castiçais de ouro que iluminavam perfeitamente o rosto do rei.

Seus olhos estavam cobertos pelos seus cabelos, mas ainda era possível ver seu sorriso imenso rasgando sua face. Em sua cabeça, ele usava uma coroa com diversas pedras preciosas cravadas. Suas vestes pareciam brilhar mais do que as velas que o iluminavam. Mas acima de tudo, sua presença era surpreendentemente "Superior".

Sem hesitação, o jovem guerreiro se adiantou em direção ao rei. Atrás dele, ele pode ouvir a porta se fechando. Agora os dois estavam sozinhos numa situação semelhante a de seu sonho. Ainda confiante, o jovem se colocou mais próximo ao rei e se ajoelhou em sua frente.

"Traga-me as presas" Ordenou o rei. Sua voz emitia um ar soberano e compilia o jovem a obedecer. Como se estivesse hipnotizado, ele se levantou, caminhou até o rei e retirou uma das presas , estendendo-a a sua majestade.

Indiferente ao guerreiro que quase se sacrificou para obter aquele presente, o rei tomou a presa para si e começou a admirá-la, como se esta fosse uma joia. Em seguida, ele a colocou em sua boca.

No instante seguinte, um uivo ecoou pela sala. A presa uniu ao canino do rei, e imediatamente começou a transformá-lo. Todo o poder da fera que residia naquela presa parecia estar sendo transferido para o rei. Seus longos cabelos cresceram mais ainda, seus olhos brilhavam vermelhos como sangue, suas unhas pareciam garras caninas e seu sorriso se tornava cada vez mais perverso.

Se dando conta de suas ações, o jovem guerreiro tomou a presa restante para si e brandiu sua espada. Quando o rei fitou seu oponente, ao invés de se enfurecer ou de se preparar para o combate, ele simplesmente começou a rir. Provocado, o guerreiro investiu imprudentemente contra o rei, que, sem esforço, repeliu o ataque e roubou sua espada.

Ao contrário do lobo, o rei era um oponente inteligente. E agora ele possuía um poder avassalador. Encurralado, o jovem guerreiro fugiu pela porta, esquivou dos guardas surpresos e pulou por uma das janelas, mergulhando no rio que cercava o castelo e desaparecendo na correnteza.

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"As vezes, fugir parece ser a única opção. Mas a vida sempre vai lhe trazer problemas, então é melhor aprender a lidar com eles"

11 de dez. de 2010

A Vida Que Eu Sonhava Ter - Capítulo 1: Prólogo

Comecei esta série inspirado no jogo Harvest Moon. Provavelmente vai se tornar a minha favorita, então eu espero que vocês gostem!

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Não sei direito o que me levou a fazer o que estou fazendo agora. Os últimos anos da minha vida me parecem agora tão surreais quanto a cabine do trem no qual embarquei. Estou mesmo fazendo isso? Não estou sonhando? E se eu realmente estiver fazendo isso, será que é a coisa certa a fazer?

Desculpe, eu esqueci de me apresentar. Meu nome é Henrique Monteiro, tenho 23 anos, sou solteiro e até ontem eu era um estudante de literatura de uma faculdade bacana que não possuía nenhuma característica especial. Sou apaixonado por livros e gostaria de me tornar um escritor algum dia, mas alguns acontecimentos recentes acabaram exigindo minha atenção.

Quando pequeno, eu visitei com meus pais essa pequena cidade rural nas férias e conheci um velho que morava sozinho em sua fazenda. Durante as férias, eu acabei me fascinando pela vida que ele levava, e quando meus país me levaram de volta, eu comecei a trocar cartas com este velho.

Cerca de seis meses atrás, eu recebi sua última carta. Ele dizia não estar muito bem de saúde, e temia não poder mais compartilhar suas histórias comigo. Bem, qualquer pessoa "normal" iria se sentir triste, responder a carta o mais rápido possível e se despedir de seu amigo. Foi o que eu fiz a princípio.

Mas com o passar dos dias, eu comecei a perceber a falta que aquelas cartas me faziam. Muitas vezes me peguei relendo-as, me perguntando se ele ainda estava vivo ou como estaria sua fazenda. Não demorou muito para eu começar a ter essas "ideias"...

"Eu deveria ir vê-lo..." ou "Eu preciso fazer alguma coisa por ele...". Meus pais já morreram, e eu não possuo namorada nem nada do gênero. Meus únicos amigos são meus colegas de classe, mas provavelmente já iríamos nos separar depois da formatura mesmo. Então decidi pegar este trem e voltar até aquela vila.

Mas agora eu comecei a me perguntar, qual é a razão de eu estar fazendo isto? Eu só conhecia ele por cartas, e não possuo nenhuma memória clara dele. Será que minha vida é tão tediosa assim? Ou será que tem algo mais? Não importa o quanto eu pense, o quanto eu hesite e o quanto eu tema, minha vontade de voltar cresce cada vez mais.

Logo estarei chegando. O que será que me espera daqui para frente?

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"Muitas vezes, pode ser tarde demais para desistirmos. Mas não se esqueça, nunca é tarde demais para recomeçarmos."

8 de dez. de 2010

Saudade

Ei,

Você se lembra da promessa que fizemos?
Das ondas que batiam na praia naquele dia?
Do sorrisos que as pessoas compartilhavam?
Da vida feliz que nós tínhamos?

Quanto de nós foi roubado
Desde que éramos jovens?
O que sobrou da antiga inocência
Dos dias dourados de nossa infância?

Sabe,

Eu me tornei um mentiroso.
Passo os dias vivendo sonhos triviais
Fingindo ignorar essa realidade
Que só sabe prender-me em sua saudade

Tento arcar com as escolhas que fiz
Mascarando meu cansaço com sorrisos
Continuo a andar sem poder ser feliz
Sabendo que todas as trilhas levam a precipícios

Mesmo assim

Não consigo culpar você por ter partido
Se fui eu que não pude ficar
Não consigo culpar você por ter me ferido
Se caminho sozinho, sem ninguém a me amparar

Ainda hoje espero você vir me acordar
E cada manhã arde a ferida em meu peito
Uma dor que se repete quando ao me deitar
Não vejo você ao meu lado em meu leito

Ei,

Você se lembra da promessa que não cumprimos?
Feita no dia em que nos separamos?
Da felicidade que compartilhávamos naquele momento?
Dos momentos felizes que nós abandonamos?

Tsc... o que estou dizendo...
É claro que não...

Lucas Rangel Lima

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"Aqueles que vieram, um dia irão partir. Não somos excessão. Mas todos nós um dia voltaremos, então vamos nos privar da tristeza da despedida e trocá-la pela ansiedade do reencontro"