22 de jan. de 2011

O Rei e o Lobo - Capítulo 8: Rancor

Depois de passar mais uma semana na floresta embriagado com seus novos poderes e nova perspectiva, o jovem finalmente se lembrou de quem era, de onde morava e de sua família, decidindo então voltar para casa.

A viagem de volta demorou apenas uma tarde.

O longo caminho que ele percorrera por longos dias cheio de perigos e trilhas confusas parecia agora um sonho distante. Sem derramar uma gota de suor, ele trilhou seu caminho de volta por entre a floresta como se andasse por sua própria casa. Seus sentidos estavam mais aguçados do que nunca, seu sangue borbulhava de agitação em suas veias. Ele se sentia como uma fera a solta.

Mas logo que ele saiu da floresta, essas sensações de liberdade foi substituída por receio. O poder que ele havia obtido lhe permitia escutar sons e discernir odores vindos dos lugares mais distantes, o que significava que ele era agora capaz de sentir a presença de cada pessoa em sua vila a distância. E para sua surpresa, seu pai se fora.

Correndo mais rápido do que o vento poderia jamais soprar, o jovem voltou para sua casa e encontrou sua mãe sozinha. Aparentemente, seu pai havia visto ele ser dominado pelo espírito durante um sonho, e partiu para enfrentar o rei em busca de um meio para salvá-lo.

O sonho era claramente uma armadilha ardilosa, provavelmente criada pelo Rei. Ou talvez, o rei nem mesmo soubesse disso, talvez as próprias presas tenham orquestrado os acontecimentos de modo a provocar a fúria do jovem e proporcionar uma chance para que elas se unissem novamente. De qualquer forma, a armadilha logo se provou eficiente.

Com sua audição aguçada, o jovem escutou os passos rápidos do cavalo quilômetros antes de este chegar á vila. Um mensageiro do rei o cavalgava, trazendo um proclame do próprio.

"O traidor que vocês abrigavam veio a mim e morreu. Tragam o filho dele até mim ou a vila será destruída."

Ao ouvir a notícia sobre seu pai, seu guia, seu herói, o garoto perdeu a razão. Seu ódio então se dirigiu ao pobre mensageiro, alimentado pelo poder da presa. Depois de descontar sua frustração, ele tomou do cadáver do mensageiro a folha em que estava escrito o proclame do rei para ler por si mesmo as palavras ali escritas.

A folha queimou em suas mãos quando lágrimas escorreram pelos seus olhos. Foi neste momento que, envenenado pelo ódio e pelo rancor, o jovem fez um juramento a si mesmo. Nunca perdoar o rei.

"E no fim, tomaremos a presa dele"

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"É nos momentos em que a escuridão nos envolve e a tristeza nos cega que nós mais precisamos de ser fortes e ter paz no coração, pois é nessa paz que vive a verdadeira satisfação"

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