31 de jan. de 2012

Hey, Homem

Hey, homem
Parado na esquina
Respirando em seu cigarro

Hey, homem
Caminhando no concreto
Cobrindo os pés com couro

Você, que não é celeste
E que não se deita mais na terra
Para onde pretende ir?
A que lugar você pertence?
É por ignorância o que tu faz?
Ou a ganância já lhe tirou os olhos?
Vendidos, em troca de pó
Jogados fora, para lhe satisfazer a gula

Hey, homem
De dentes amarelos
Alimentando-se de tumores

Hey, homem
Com dedos deformados
Calçando-se de cadáveres

Você, que não é sábio
E que não aprende mais com o que vê
Até onde acha que pode ir?
Em que lugar seu corpo vai cair?
É por solidão o que tu faz?
Ou o prazer já lhe levou a sanidade?
Roubada, sem que pudesse notar
Ignorada, por falta de uso

Pior,
Quase não te culpo...

Hey, homem
O ar puro te enoja?
Se esqueceu da doçura dos frutos?

Hey, homem
Teme sentir o chão com seus próprios pés?
Precisa se amarrar em escalpos para viver?

Se conseguir me responder "Sim"
E não derramar uma lágrima
Respeitarei sua resposta
Tu não é mais da minha conta

Mas se hesitar
Então por favor
Olhe para si mesmo
E veja como és um tolo

Veja o que te cerca
E o que há a sua frente
Pense, e não me responda

Pois veja, não preciso da sua resposta
Não importa o que decida fazer,
Não é da minha conta
Só faça o que fizer
Aceitando as consequências

Lucas Rangel Lima

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"Só porque você não se reconhece mais em sua origem, não quer dizer que não pode mais voltar."

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