Apago as luzes
Ligo a música
E me deito sobre a cama
Em meio a escuridão
Canto baixo, com o fone nos ouvidos
E sinto um estranho ímpeto
Quando percebo, já estou sentado
Em um banco, ao lado da cama
O saxophone montado em minhas mãos
A boquilha em meus lábios
E logo, sopro
Apenas a música
E eu, no escuro,
Sozinho
Sinto a estranheza das notas familiares
O fadiga da falta de prática
E os defeitos da falta de manutenção
Mas continuamos, eu e o sax
Cantando quase quebrados
Mas ainda assim,
Sempre firmes
Disfarçando erros com acertos
Confundindo lágrimas com risos
Engasgando no final de cada nota
E em seguida, soprando mais forte
Acompanhando a música à tocar no fone
De olhos fechados, como se fosse um velho violão
Que estivesse a nos acompanhar...
Lucas Rangel Lima
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