Eu o criei para você
O criei para que te fizesse companhia
Te protegesse de qualquer perigo
E te desse forças para continuar vivendo
Quando você temeu o fogo,
Ele o devorou em seu lugar
Te aqueceu com o calor de suas chamas
E através da própria dor,
Te ensinou sobre seu poder
Quando você temeu o vento,
Ele o respirou em seu lugar
Te acalmou com o sopro de sua brisa
E através do próprio cansaço,
Te ensinou sobre sua plenitude
Quando você temeu o raio,
Ele o recebeu em seu lugar
Te acalmou com a clareza de sua luz
E através do próprio uivo,
Te ensinou sobre seu terror
Eu o criei para você
Para que se tornasse seja lá o que fosse necessário
Te ensinasse da forma mais gentil possível
Tudo o que a vida lhe tem a oferecer
Com o passar do tempo, no entanto
Ele cresceu, e ficou mais forte
Aprendeu a te amar sozinho
E de seu próprio modo, a te desejar
Quando você temeu as suas presas,
Ele as ocultou com um sorriso
Te enganou com a frieza de um caçador
E ao pensar que havia tido sucesso
Considerou te morder o pescoço
Quando você temeu ao seu olhar,
Ele o disfarçou com a seriedade
Te afastou com a sutileza de um cavalheiro
E ao pensar que não era justo
Considerou te roubar a inocência
E quando você temeu a ele mesmo,
Já era tarde demais
Eu o criei para você
Mas no final das contas,
Tive que trancá-lo dentro de mim
Pois sua companhia lhe oferecia perigo
Seu "necessário" já não sabia ser gentil
E certas forças e ensinamentos,
Pelo menos aos meus olhos,
São dispensáveis
A ponto de vida nenhuma merecê-los.
Lucas Rangel Lima
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