Ele começa a organizar os papeis e os livros
Os CDs e os cadernos jogados na mesa
Juntando os lápis e as canetas
Ele começa a organizar seu quarto
Começando pela escrivaninha
Que a tanto tempo abandonara
Deixara de lado, cansado dos estudos
Ele organiza, folha por folha, coisa por coisa
As roupas jogadas, amassadas, limpas e sujas
Como se não tivesse sido ele mesmo a largá-las ali
Ele as dobra e as recolhe apropriadamente
As guarda na cômoda e leva à lavanderia
A poeira cobrindo o chão e os móveis
Com uma vassoura recém comprada, ele varre
Limpa tudo, com um pano e lustra-móveis
Removendo todas as teias, todas as manchas
Ele então troca os lençóis de sua cama
Abre a janela, deixando o quarto respirar
A luz do sol entrar
E se deita por alguns minutos
Em seus sonhos,
Procurando por alguma coisa que perdera
Ele começa a organizar as lembranças e sentimentos
Os pensamentos e as memórias recentes
Juntando as conversas e as palavras
Ele começa a organizar seu coração
Começando pelo amor próprio
Que nem mesmo era capaz de lembrar quando perdera
Deixara de lado, cansado dos ferimentos
Ele reúne caco por caco, gota por gota
As pessoas amadas, esquecidas, vivas ou mortas
Como se não tivesse sido ele a prometer a eternidade
Ele as supera e abraça da forma que melhor entende
As agradece sincero e se despede calado
O egoísmo o corroendo por dentro
Com uma decisão impensada, ele afasta
Distancia tudo, com muito medo
Abandonando qualquer desculpa, qualquer perdão
Ele então escreve uma nova poesia
Abre sua alma, deixando o coração respirar
O desconforto da dor passar
E chora para sempre
Em seus sonhos
Em seu quarto
Sozinho
Lucas Rangel Lima
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