27 de fev. de 2011

Seu Soldado

Agora, caminhando em direção ao campo de batalha, eu lembro das noites em que não consegui dormir preocupado com você. Engraçado o jeito como esses sentimentos pareciam tão triviais quando refletidos na janela de meu quarto, e agora parecem muitas vezes mais pesados que minha espada e meu escudo. Depois de tantos momentos hesitando e duvidando de mim mesmo, só nessa hora que consigo ver claramente todos os meus arrependimentos e decidir sozinho o que devo fazer.

Deixo a tristeza inundar meu coração, mas não derramo lágrima nenhuma. Deixo o medo tomar conta de minha carne, mas não ouso tremer o braço em que carrego a espada. Deixo as memórias de seu rosto cravadas em minha mente me motivarem, mas não ouso pensar em retornar. Continuo caminhando em direção ao calor da batalha.

Sinto as flechas inimigas se quebrarem em meu escudo e cortarem minhas pernas. Já não posso mais andar direito. Mesmo assim, o que me vem a cabeça não é a dor, mas sim a voz daquela que amo a me encorajar. Volto a me erguer e a brandir minha espada.

Os inimigos se aproximam. Em seus olhos, eu só vejo fúria e morte, mas sei que seus corações também devem carregar o mesmo medo e o mesmo pesar que o meu carrega.
De qualquer forma, não me distraio. Penso em você e logo estou pedindo desculpas a mim mesmo e aos mortos.

E com o passar das horas, meus passos se tornam mais dolorosos. Com o bater das espadas, minhas mãos e braços ficaram dormentes. Com o queimar do fogo na escuridão, minha visão foi ficando embaçada. Apenas mais algumas horas para o amanhecer...

Apenas mais algumas horas... Se eu resistir por apenas mais algumas horas...

Ha, há quem estou tentando enganar...

Engraçado como estes sentimentos que pareciam tão triviais no passado e que até agora pouco guiavam minha espada em batalha conseguiram permanecer calados, para só neste meu último suspiro, se tornarem palavras.

"Me perdoe por não retornar. Te amo."

Lucas Rangel Lima

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"As pessoas tendem a não se expressar quando podem, se limitando a sofrer quando não querem."

26 de fev. de 2011

O Rei e o Lobo - Capítulo 11: Desespero e Loucura

Desculpa ter relaxado esse mês, volta as aulas é uma droga e atrapalha muito a criatividade.

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O jovem não deu atenção as palavras do Rei. Talvez nem mesmo conseguiu escutá-las. Ele apenas disparou contra ele, finalmente transformado por completo.

Ele já não lembrava da sua vingança, nem de seus amados. Sua fúria já havia transcendido todos os limites e se transformado em pura violência. Seu poder era tão monstruoso e nocivo que as estruturas do castelo pareciam prestes a ceder apenas pela sua presença.

Mas o Rei não se deixou ameaçar. Apenas sorriu largamente e se deixou ser atacado.

A investida atravessou as paredes do castelo, destruindo a torre onde estavam e atirando-os num precipício. Durante a queda, o jovem continuou atacando o rei com seus dentes e garras lupinos, rasgando e retalhando a pele de seu inimigo. E mesmo assim o sorriso do rei não estremeceu.

Como se julgasse hilariante e fútil o esforço do jovem para derrotá-lo, o Rei simplesmente se deixou ser pulverizado durante a longa queda até o chão. Mesmo quando os dois se chocaram contra o chão, o Rei não fez nada para amenizar o impacto. Ele não se preocupava com nada, ele não hesitava perante a nada, ele não temia mais nada.

Afinal, nada disso era necessário.

Depois de tantos anos com sua presa, pensar que um jovem desesperado poderia derrotá-lo era inconcebível. Não, aquilo não poderia mais nem ser chamado de desespero. Desespero era uma emoção que apenas um ser humano poderia sentir, e o Rei pelo menos reconhecia que ambos haviam ultrapassado esse nível.

Aquilo era a fúria de um deus louco. Uma existência amaldiçoada com poderes sem limites e emoções que não podiam ser controladas.

E por esta última, ele nunca seria capaz de vencer.

Quando a poeira da queda baixou, o Rei estava novamente de pé e em perfeito estado, com espada desembainhada e o sorriso intocado. Ali iria começar a verdadeira batalha.

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"Aqueles que lutam por amor nunca carregam a fúria em sua espada. Principalmente porque aqueles que lutam pelo ódio também não."

20 de fev. de 2011

Arigatou - Parte 1 (Angel Beats)

Ao pensar no passado, me lembro dos dias em que eu era apenas um jovem garoto normal, que passava os dias apenas trabalhando e que apenas sobrevivia. Naquela época eu não tinha razão nenhuma para viver. Eu era como um robô, agindo sempre da mesma maneira, fazendo sempre a mesma coisa todos os dias.

Minha irmã mais nova estava internada no hospital, e eu precisava trabalhar muito para manter a ela e a mim mesmo. Por essa mesma razão, eu não frequentava a escola e nem estudava. Minha vida se resumia a trabalhar todos os dias e ir vê-la nos horários de visitas.

Meus gastos se resumiam ao hospital, ao aluguel, a comida e aos livros que eu comprava para que ela lesse quando estivesse sozinha. Não me parecia ser nada muito importante, então na hora de comprá-los, eu apenas escolhia qualquer um da prateleira, sem ligar para coisas como gênero, se fazia parte de uma série, se seria uma leitura interessante ou se ela gostaria. Mas mesmo assim, toda vez que ela recebia um livro novo ela dizia as mesmas palavras.

"Obrigada maninho!"

Mais tarde vim a perceber que eram essas palavras que me mantiveram motivado por tanto tempo. Se eu tivesse percebido ainda naquela época, talvez tivesse me dedicado um pouco mais a ela.

Não, não foi bem assim. Eu cheguei a tentar fazer algo a mais por ela, mas já era tarde demais.

O inverno havia chegado, e parecia que ela não iria viver por muito mais tempo. Então eu decidi realizar um desejo dela, seja lá qual fosse.

"Eu quero ver as luzes de natal. O médico me disse que eles enfeitam as ruas da cidade todo ano."

Então eu comecei a economizar. Procurei trabalhos de meio-período em vários lugares diferentes, pesquisei diversas lojas que ela talvez gostaria de visitar. Eu estava decidido. Mesmo que os médicos não permitissem, eu iria dar um jeito de me esconder depois do horário de visitas e tirar ela de lá. Foi quando eu disse isso a ela que escutei o melhor "Obrigado" de todos.

E assim eu fiz. Esperei que eles desligassem as luzes dos quartos e dos corredores para saír com ela e escapar por uma janela. Como ela não estava em condições de andar, eu a carreguei nas costas o caminho todo até o centro da cidade, onde comecei a falar sobre todos os planos que tinha feito para aquele dia. Falei sobre o restaurante onde iríamos jantar, as livrarias que iríamos visitar, as praças... Perguntei também se ela gostaria de ir em uma joalheria ou algo assim. Disse que havia guardado muito dinheiro e que ela não precisava se preocupar com nada.

Mas ela apenas agradeceu e se calou. Então eu simplesmente continuei andando e falando sozinho...

*Esta história é apenas uma adaptação, não foi inventada nem desenvolvida por mim. Se quiserem ver a original, sugiro que procurem o anime "Angel Beats".
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"Eu prefiro morrer a ser proibido de ver o sorriso daquela que se tornou a razão da minha vida"

14 de fev. de 2011

A Vida Que Eu Sonhava Ter - Capítulo 6: Festival

Adoro a minha nova vida!

Ontem como sempre, eu acordei de manhã bem cedo e comecei minha rotina diária, regando as plantas, colhendo as frutas e vegetais e alimentando os animais. Me sinto muito mais forte e vigoroso do que quando me mudei. É como dizem, o trabalho realmente fortalece o homem!

Bem, depois disso o prefeito apareceu e me avisou que a cidade iria fazer um festival no dia seguinte (ele aparentemente esqueceu de me avisar com maior antecedência) e me convidou para participar.

Todos iriam se reunir na praça da cidade, e o festival era basicamente um concurso de culinária anual. Como eu não tinha tempo para preparar nada, apenas concordei em ir e participar como um dos jurados que iriam provar os pratos e escolher o melhor (todos na cidade eram parciais demais, então apenas eu, o padre e o prefeito estávamos em condições de fazer um julgamento justo, uma vez que a esposa do prefeito já faleceu).

E então, no dia seguinte eu despertei mais cedo do que de costume (já aprendi a acordar quando eu quiser), terminei todos os meus deveres na fazenda o mais rápido possível e fui até a praça para ajudar no preparo do festival. Nenhum dos participantes havia chegado aquela altura.

Assim que eu, o prefeito, um jovem que trabalhava na oficina do ferreiro e o irmão mais velho da senhorita Patrícia (duas pessoas extremamente carismáticas) terminamos de preparar as mesas, as cadeiras e os enfeites, os participantes começaram a chegar. A primeira a chegar foi uma garota que trabalhava no restaurante (Ou bar. O prefeito disse que ela e o pai dela, dono do bar, costumam vencer o festival todas as vezes), o nome dela era Ângela. Nunca a tinha visto, e não tive a oportunidade de conversar com ela direito.

Em seguida, chegaram praticamente juntas as senhoritas Elen e Patrícia. Conversamos um pouco, mas como elas também eram participantes não tivemos muito tempo. Todo participante tinha que preparar a comida na frente de todo mundo, para que não houvessem trapaças (qualquer coisa que necessitasse de muito tempo poderia ser pre-preparada, mas ainda era necessário completar o prato na frente de todo mundo. E é claro, isso era considerado na hora de escolher o campeão). Mais e mais pessoas chegaram depois, mas eu já não tinha tempo para conversar e não prestei atenção.

O concurso acabou (como o esperado) com uma vitória da senhorita Ângela. O pai dela parecia muito orgulhoso e decepcionado ao mesmo tempo, o que foi interessante de ver. Depois de provar a comida dos dois e ver como eles se dedicavam a seus trabalhos, achei que seria interessante aprender a cozinhar e participar no festival do ano que vem. Talvez eu peça para a senhorita Patrícia ou a senhorita Elen que me ensinem a cozinhar. Apesar de terem perdido, ambas cozinham muito bem...

Bem, de qualquer forma, foi um dia muito divertido. Mal posso esperar pela próxima vez.

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"Quando sentimos saudade, vivemos imaginando o dia em que reveremos nossos queridos. Quando finalmente os encontramos, desperdiçamos nosso tempo com eles. Que triste contradição."
Quebram-se os vidros.
De tudo o que eu sei.

Torne-me forte, logo.
Por tudo que a ti rezei.

Saiba: eu estou aqui.
Agora choro o que não chorei.

Agora, dizendo a ti verdades que eu criei.

Antes ou depois, que horas teria me falado?
A esperança do embarque, no ultimo vagão das seis

Pare
Você nem sabe de onde estou falando
Essa é a última vez que vou por o telefone no gancho.

Acreditava em dizer que tudo era real
Meu sentimento, minha música e o teu ciúmes também
Acordes oitavados, um rock banal
Agora sozinho, mergulho na cama procurando alguém
e ninguém embarcou.

Ninguém sofria por distância, nunca! Até semana que vem.
Bilhete furado, mala guardada, do lado assento vazio.
Cidade pequena, você que dizia que gostava também...
Quarto alugado, cama fria, expressões refletidas de alguém que nunca riu
por que eu embarquei.

Chorar não vai trazer de volta o que eu achei que sempre estivesse comigo.
Vou deixar o quarto alugado e viver aquilo que eu sonhei que aconteceria.
Vou tocar violão na varanda, vendo o movimento passar.
Tocar acordes, dedilhando, enchendo o cinzeiro de par em par.

Vai que você tivesse embarcado.

Minha camiseta como primeira roupa do dia.
Sorriso torto, cama quente e preguiça de acordar
Brigas bestas, charme bobo, isso me encheria de alegria
Voz suave, cheiro doce, rede a dois para descansar.
mesmo só a dois seria utopia.

Uma loja de artesanato, um quadro abstrato
Funcionando no segundo mês, do bilhete furado
isso no ultimo vagão depois das seis se tivesse vindo ao meu lado.

Ultima chamada, eu vejo um sol confuso
Vem correndo e me abraça, isso pra mim é tudo.
Olhares de alívio de um sol desesperado


...
Agora há muitas estrelas, nenhum sol pra me fazer o sonho acontecer acordado.

10 de fev. de 2011

Crônicas de um Espírito - Capítulo 6

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes nós aproveitamos o tempo que nos foi dado para fazer a diferença, e as vezes nos cegamos no nosso egoísmo e cometemos erros do pior tipo. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho tentar manter nossos irmãos no caminho que eles mesmos escolheram para alcançar a luz.

Desde que nasceu, César tinha problemas para mover suas pernas. Com o passar dos anos, esses problemas se espalharam para os braços e eventualmente, ele se tornou incapaz de andar e de utilizar as mãos.

Aos oito anos, ele perdeu completamente a mobilidade das pernas e começou a depender cada vez mais dos outros para conseguir viver uma vida normal. Aos doze, suas mãos já não eram capazes de segurar um garfo e ele precisava de ajuda para comer. Aos quinze, seus braços eram completamente inúteis e ele passava a maior parte do tempo em seu quarto, deitado na cama sem se mover. Todo este tempo, eu estive ao lado dele.

E agora, aos vinte e três anos, César se encontra em estado semi-vegetativo, recusando alimento e medicamento. Lentamente, sua saúde vem diminuindo e cada vez mais frequentemente ele tenta se matar.

E esta vai ser minha última interferência.

Todo dia, ao meio dia exatamente, os pais de César o levam a mesa e tentam fazê-lo comer o almoço preparado especialmente para ele. Hoje como sempre, ele tenta recusar com todas as suas formças, mas já faz dois dias que ele não come nada e sua mãe continua persistindo até que ele abre a boca e aceita que o alimentem.

Mas a cada garfada, uma idéia surge em sua mente. Depois de tantas tentativas falhas, ele havia quase desistido, mas a tentação dessa idéia era forte demais. Na sétima garfada, ele tentou se engasgar com a comida.

Sua mãe levou um susto, seu pai não sabia o que fazer.

"Não se preocupem, vai dar tudo certo" Afirmei. Minhas palavras como sempre não chegaram a alcançá-los, mas deram tranquilidade o suficiente para que conseguissem intervir da forma correta no ataque do filho e evitar que este morresse.

"César, esta é a última vez que posso ajudá-lo. Daqui para frente, é sua escolha querer viver sua vida até o fim ou tentar encerrá-la como tem feito tantas outras vezes."

Com um toque de minha mão e uma leve transferência de energia, eu diminui mais uma vez a capacidade de locomoção do corpo de César, impedindo-o de mover a língua com liberdade.

"Seus pais vão ligar para um hospital depois do que aconteceu hoje. Lá eles vão saber como lidar com sua situação. Espero que entenda desta vez. Adeus"

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"Nenhum mal nos aflinge por razões alheias. Tudo tem sua razão, e não existem pontos sem nós "

6 de fev. de 2011

More Than a Soldier, Less Than a Man - Chapter 1: Despair and Hope

Two days have passed since the end of the battle. I can´t find any food, but there is water in some of the remaining wells. All the provisions that my team had kept have been lost in the battle. If I don´t find any food soon, I will end up dying of starvation.

Well, that may be not so bad after all. I still can´t forget the faces of those dying soldiers, and sometimes I think "Dying like this is better". But I choosed to live. Otherwise, why the heck did I killed them?

Anyway, I can´t go on like this. My body and my mind are getting weaker with the hunger, and I can´t concentrate very all.

Since the end of the battle, I´ve gathered all the weapons and ammo inside a basement that my team used as refuge. If someone attacks, I´m more than ready to face him. But still, it wil all be in vain if I can´t find some food.

So I searched the houses, trying to find anything edible. There where lot´s of places to look inside, so that was a very long and tiring task. Worse, if was futile. There was nothing left.

I would die in a few days, and it would be the most pathetic death that a soldier could ever think of. There was nothing I could do but despair.

It was then that I heard the voices. Close to me, walking by foot, talking in my language. It was the happiest moment in my life. I could feel the hope coming back into my soul, and all that I could think was "I will live!"

O Hesitar de Um Homem

Houve um dia em que me dei conta de todas as dificuldades que a vida me reservaria. Todas as adversidades que eu iria ter que passar e todas as pessoas que se separaram depois de travarem esse árduo caminho juntas.

Foi então que não pude evitar de pensar "Enquanto a nós? Será que está também será a nossa sina?". O medo começou a tomar conta de mim. Eu queria enfrentar a vida ao lado, queria criar uma família com a ajuda dela, queria continuar amando-a cada vez mais conforme os anos passassem. Mas será que isso seria possível? Eu já não conseguia responder. A vida traz muitas dificuldades, quem sabe o que seriamos um para o outro depois de enfrentá-las? Amigos? Irmãos?

Inimigos?

Isso eu não poderia suportar. De forma alguma. Eu não quero me separar dela, mas este futuro confuso me faz tremer. O que eu faço? Será que conseguirei ser forte o suficiente para protegê-la? Sábio o suficiente para ajudar a guiar nossa família? Amoroso o suficiente para não perdê-la?

Essas malditas perguntas giravam em minha mente, torturando a minha alma. Eu não sabia mais o que fazer, e eu não queria oferecer este futuro incerto a você.

E foi então que você abriu a porta e entrou no meu quarto. Seu passo forte e elegante, seu sorriso firme porém gentil, seu olhar calmo e apaixonante. Minhas dúvidas se esvairam nos seus beijos. Cada palavra sua me garantia a certeza de que tudo daria certo e seu riso me fazia sentir o homem mais forte de todos.

E quando eu percebi, já estava pensando:

"Como esse amor não seria suficiente?"

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"Não há nada mais certo em relação ao futuro do que a nossa própria certeza"

4 de fev. de 2011

O Rei e o Lobo - Capítulo 10: Fim do Destino

E então, o rancor cegou seus olhos e o jovem já não distinguia quem era seu inimigo. Sua fúria acumulada o transformou em pura violência, controlada apena alma.as por seu último vestígio de pensamento, que servia como canalizador para os sentimentos animalescos que agora inundavam sua alma.

Movido por esse pensamento, ele atropelou e aniquilou metade da cidade, abrindo seu caminho até o rei. seus golpes derrubavam casas, seus uivos explodiam janelas. Nada ousava permanecer em seu caminho, nem mesmo sua própria humanidade. Segundos, minutos, horas e dias se arrastaram para aquela alma enlouquecida, eternidades se atrofiaram nos poucos momentos que ele demorou para alcançar o portão do colossal castelo onde a presença do rei permanecia o desafiando.

E então, ele se abriu. Como se o convidasse a entrar e a testar sua força, sua convicção. Como se desejasse que ele colocasse um fim a toda a história que seu pai começou, que o Rei começou. Como se o chamasse para cumprir sua parte em um destino no qual ele foi forçado a participar.

Depois de um último momento de hesitação, um último reflexo de sua humanidade restante, ele começou a andar. Cada corredor do castelo parecia familiar para ele, como se as memórias do rei fossem transmitidas pelas presas. Pouco a pouco, ele se lembrou de uma época longínqua e surreal, onde um jovem príncipe corria feliz e satisfeito por aqueles corredores, sem se preocupar com o mundo a sua volta.

Mas não houve reação por parte de sua alma. Para ele, as imagens dentro dessas memórias não representavam nada. Seu coração já havia cedido para sua dor animalesca.

E dessa forma, reduzido a um espectro de íra e poder, ele abriu a última porta e encarou o Rei pela primeira vez.

"Seja bem vinda, minha pequena presa*"

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(Só avisando, tem duplo sentido na palavra "presa" que eu destaquei.)

"Ao deixar a si mesmo se tornar uma fera, sujeitai-vos sua vida a um reles caçador"

Forever Young

Resolvi fazer desse título uma espécie de sina.

Vamos entrar pela porta, conhecer novos mundos.
Esquecer a chave e pular o muro.

Vamos lutar e sempre conquistar.
Desistir de primeira e para sempre chorar.

Vamos rir, cantar e celebrar.
E se entristecer por ter de se calar.

Vamos viver juntos e sempre nos amar.
E lembrar que você e eu não formamos um belo par.

Me lembro então, que agora sou eu por mim.
E que a estrada é longa, mas um há um pote de ouro no fim.

Vou procurar amores em muitos lugares.
E saber que só em você eu encontro minha metade.

Vou viver enquanto há de se viver.
Saber que sem você não há mais algum porque.

Vou ser você até eu te esquecer.
Saber que serei assim até eu morrer.

Vou fazer do mundo um lugar melhor.
Sendo o que sou, o transformarei em pó.

Mas, eu irei ser feliz, algum dia, quem sabe.
Eu sei, sou eu que construo a felicidade.
E eu irei.
Me tornarei Rei.
E enfim serei.
O que sempre quis ser.