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O jovem não deu atenção as palavras do Rei. Talvez nem mesmo conseguiu escutá-las. Ele apenas disparou contra ele, finalmente transformado por completo.
Ele já não lembrava da sua vingança, nem de seus amados. Sua fúria já havia transcendido todos os limites e se transformado em pura violência. Seu poder era tão monstruoso e nocivo que as estruturas do castelo pareciam prestes a ceder apenas pela sua presença.
Mas o Rei não se deixou ameaçar. Apenas sorriu largamente e se deixou ser atacado.
A investida atravessou as paredes do castelo, destruindo a torre onde estavam e atirando-os num precipício. Durante a queda, o jovem continuou atacando o rei com seus dentes e garras lupinos, rasgando e retalhando a pele de seu inimigo. E mesmo assim o sorriso do rei não estremeceu.
Como se julgasse hilariante e fútil o esforço do jovem para derrotá-lo, o Rei simplesmente se deixou ser pulverizado durante a longa queda até o chão. Mesmo quando os dois se chocaram contra o chão, o Rei não fez nada para amenizar o impacto. Ele não se preocupava com nada, ele não hesitava perante a nada, ele não temia mais nada.
Afinal, nada disso era necessário.
Depois de tantos anos com sua presa, pensar que um jovem desesperado poderia derrotá-lo era inconcebível. Não, aquilo não poderia mais nem ser chamado de desespero. Desespero era uma emoção que apenas um ser humano poderia sentir, e o Rei pelo menos reconhecia que ambos haviam ultrapassado esse nível.
Aquilo era a fúria de um deus louco. Uma existência amaldiçoada com poderes sem limites e emoções que não podiam ser controladas.
E por esta última, ele nunca seria capaz de vencer.
Quando a poeira da queda baixou, o Rei estava novamente de pé e em perfeito estado, com espada desembainhada e o sorriso intocado. Ali iria começar a verdadeira batalha.
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"Aqueles que lutam por amor nunca carregam a fúria em sua espada. Principalmente porque aqueles que lutam pelo ódio também não."
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