Não faço ideia do que escrevi aqui...
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Havia também uma plateia, repleta de jovens garotos e garotas. Álcool, suor e gritos misturados ao som da bateria, da guitarra e da canção. Uma, duas, três músicas em sequência, sem descanso. Todos na plateia exaltados, queimando o momento em animação.
Com excessão de uma garota.
Em meio a todos, ela permanecia apenas ela. Ignorando o barulho, ignorando os gritos, ela apenas fitava o palco, imersa na música.
Apenas ela e a banda.
Cinco, dez, quinze músicas se passaram. Da plateia, agora só restava metade das pessoas e um quinto da animação. A noite finalmente vencia a euforia, e acompanhada da chuva, logo ameaçou o show.
Apenas a garota permaneceu sentada, atenta ao som. Ignorando as gotas, ignorando o vento, ela apenas fitava o palco, imersa na música.
Até que só restou ela e a banda.
Há muito o show já havia se encerrado. Tanto o guitarrista e o baixista quanto o baterista e o vocalista estavam exaustos, prontos para encerrar a noite e salvar os instrumentos da água. Os últimos da plateia agora se abrigavam distantes sob algum teto ou alguma árvore, esperando a chuva parar para partir.
Só então a garota se levantou.
Ela, que incorporava pensamentos do passado, paixões antigas e memórias. Ela, que ninguém sequer notou em momento algum. Ela, que estava em todas as plateias em todos os palcos ao mesmo tempo. Ela, que vivia dia após dia aquele mesmo show e tantos outros. Tantas homenagens, tantas emoções, tanta música...
Deixando para trás aquele certo palco naquela certa cidade onde uma banda qualquer havia tocado músicas em tributo a cantores e ídolos mortos anos atrás, a garota desapareceu.
E então,
O show acabou.
Lucas Rangel Lima
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