As vezes, quando me encontro particularmente incomodado pelo tédio nas horas em que não tenho nada a fazer, eu acabo me sentando em algum lugar fora de casa para observar atenciosamente meu próprio quintal.
Faço isso mais por preguiça na verdade, pois eu poderia muito bem andar até a praia ou vagar por aí a procura de algo para fazer. Não, talvez não seja preguiça exatamente. Não é como se eu estivesse procurando uma paisagem para ver ou um trabalho a ser feito. Eu só quero pensar, clarear a mente, e o meu quintal é o suficiente para isso.
De qualquer forma, ultimamente essa atividade tem se tornando algo cada vez mais doloroso. Não só por causa da chuva e do tempo frio, prefiro muito mais a companhia deles do que a do calor e do sol. Eu estou cansado.
Cada dia que passa eu continuo tateando o chão dentro de um nevoeiro. Sabe, procurando as razões pelas quais eu faço o que faço. Tudo é facilmente respondido, uma vez que homem nenhum faz algo sem propósito. Mas aí chegamos no que mais me incomoda:
"Porque eu NÃO faço o que eu quero?"
O problema não é nem que eu não consigo responder. Pelo contrário, eu consigo, e não sou capaz de fazer nada em relação à resposta.
Se eu não soubesse, bastaria procurar saber. Se eu pudesse fazer alguma coisa, bastaria fazê-lo. Mas ser impotente perante a própria infelicidade é muito frustrante.
É como se eu não estivesse inteiro. Falta alguma coisa, uma parte de mim, da minha alma, algo que vai me preencher com as sensações que eu tanto desejo.
É engraçado. Olhar para o meu quintal já não é mais a mesma coisa.
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"Viva pelo que quiser, se puder. Caso contrário, sobreviva até poder viver."
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