29 de out. de 2014

Apenas uma Loucura

Quando ele percebeu
Havia deixado de existir
Não era mais visto
Não era mais ouvido
Não estava mais lá

Para ninguém

Era óbvio, pois ele não sabia amar
Ele só sabia tatear a si mesmo
Procurando olhar para fora de sua alma
Através do que havia dentro de seu coração

Diversas vezes ele se enganou
Em meio a promessas vazias e pedidos sinceros
Diversas vezes ele se perdeu
Em meio a verdades cruéis e mentiras gentis

Diversas vezes

Até ficar sem palavras para descrever
Sem verdades para se sustentar
Sem emoções para se dedicar
Apenas uma loucura

Continuar vivendo transtornado
Pelo bem de sumir em paz

Algum dia...

Quando ele percebeu
Havia deixado de sentir
Não via mais ninguém
Não ouvia mais ninguém
Não havia mais ninguém

Não dentro dele

Apenas uma loucura...

Lucas Rangel Lima


16 de out. de 2014

Meu Sorriso

Finalmente,
Depois de tanto tempo
Eu deito meu corpo cansado
Com um sorriso no rosto

O dia fora duro como sempre
No entanto, tudo estava diferente
Meu coração continuava ferido
Ainda assim,
Agora ele pulsava alto

É assustador quão fácil foi tudo
Quão súbito, quão bom
Quão certo você me parece
É assustador quão tolo eu me sinto
Quão bobo, quão feliz
Quão estranho você me deixa

Chega a doer pensar
Em quão distante...

Quando eu falo contigo
É como se todas as inseguranças
Pudessem ficar para depois
Como se quando conversamos
Tudo o que não sabemos
Não compartilhamos ainda
Nunca fosse me incomodar

Finalmente,
Depois de tanto tempo
Eu deito meu corpo cansado
E sonho tranquilo
Com Meu Sorriso...

Lucas Rangel Lima

1 de out. de 2014

À Minha Amadinha...

Cada dia rouba de mim mais um pouco
Debilita meu corpo, exausta meu espírito
Nubla minhas memórias, e por fim
Ameaça acabar à minha vontade

Quase penso que não vivo...

Sorrio vazio, rio sem graça
Minto sincero, agrido sem raiva
Sinto que fico, enquanto tudo passa
Penso que esqueço tudo de que lembrava

Desejo,
E me afogo em meu próprio egoísmo

Mas hoje
Fui acordado por minha amadinha
Ouvi-a narrar-me outro de seus sonhos
E consegui sobreviver a mais um dia

Graças à ela

É curioso, de certa forma...
O quanto aquela "voz" me acalma
O quanto aquele "riso" me cura
E o quanto meu egoísmo não importa

É como seu eu não soubesse mais odiar

Como se fizesse tudo
Como se fosse tudo

Graças a ela...

Lucas Rangel Lima

12 de set. de 2014

Quase um Consolo...

Ele estava no fundo do poço
Quando seus braços envolveram o corpo dela
Sua voz mal podia ser ouvida
Suas lágrimas já haviam a muito secado
Quando seu corpo abraçou aquele calor

Era como se pela primeira vez em anos
Houvesse entrado ar em seus pulmões
Como se tudo o que ele esquecera
Tudo o que ele havia perdido
Fosse resumido naquele único gesto
Naquele ínfimo momento

Ele podia sentir cada pedaço de sua alma
Cada fragmento de dor
Cada momento de abandono
Cada cicatriz
Tudo

Pulsando como no instante em que ocorrera

Mas no final das contas
Não havia consolo algum nela
Não havia cura, não havia salvação
Naquele abraço
Não havia o sentimento que ele procurava

Apesar de tudo,
Ele a abraçou com carinho
Ele a beijou no pescoço
Ele acariciou seus cabelos
E como quem se consola sozinho
Ele lambe as próprias feridas

Se perdendo num corpo amigo...

Lucas Rangel Lima

5 de set. de 2014

Perante a Barreira

Em frente à minha mão
Parece existir uma barreira
Algo que só eu vejo
Talvez algo que eu mesmo criei
Algo que eu não sei superar

Como uma criança, do outro lado do vidro
Eu imagino uma vida diferente
Alguém que eu queria ser
Vivendo a vida que eu gostaria de ter
Sem ter de lutar, sem ter de perder

Como um covarde, eu me pergunto
O que eu ainda preciso fazer
Quanto eu preciso mudar
Para que lado eu deveria andar
De forma a nunca mais parar

Mas eu sempre bato na mesma barreira
Eu sempre me faço as mesmas perguntas
Perco as mesmas lutas
E não sei nem se desisto
Somente perco

E sinto o frio do chão em meu rosto...

Lucas Rangel Lima

30 de ago. de 2014

Uma Noite sem Seu Aroma

E mais uma noite sem significado
Amanhece sem que eu queira acordar
Mais uma luta sem retribuição
Desgasta este corpo cansado de esperar

Antes mesmo que eu perceba
Meus olhos já se encontram abertos
E o sonhos que instantes atrás me recebia
Já fora rejeitado pelo bem da minha sanidade

"Hoje será outro dia longo",
Penso, me contradizendo num sorriso.
Como, saio e caminho sozinho
Me forço a apreciar para não ter que fugir

Afogo meu medo
Afogo meu nojo
Deixo imersos meus pensamentos
De forma a mais nada emergir deles

Só me permito enlouquecer
Quando sinto seu aroma
Só consigo me contradizer,
Ser seja lá quem sou
Rir de verdade
Doer de verdade
Em sua companhia

Quando você não está
É apenas mais uma noite sem significado
Que amanhece sem que eu consiga ter dormido
Mais uma luta sem retribuição
Que desgasta este corpo,
Que só sabe esperar

Lucas Rangel Lima

6 de ago. de 2014

Ai no Kaori

Ano shounen ni totte
Kodoku wa subete deshita
Mainichi, hitori bocchi jyanakutemo
Aitsu wa kodoku deshita

Ii tomodachi ga atta kedo
Toki doki ni shika, marude inakatta
Ureshii toki sae mo tsurakatta
Hito ni miseru egao mo, kamen deshita

Ano shounen wa ima made mo
Otona ni natta kara demo
Kodomo no mama datta
Kodoku no mama datta

Kodoku ni nareta aitsu wa
Jibun no tamashi wo mi ushinatta
Aisuru hito ni tsutaeru omoi mo
Zenzen wakaranakunatteshimatta

Kotoba ni mayotte
Kizu wo kazoe kirenai hodo uketa
Mou, shinitakunatta
Wasuretakunatta, zenbu

Demo
Ai no Kaori no sei de
Sore wo dekinakatta
Nanimo dekinakatta
Tada tachidomatta
Ha wo kuishibatta
Gaman shita

Akirametakunakatta...

27 de jul. de 2014

A Escultura

Depois de anos esculpindo
De eras se dedicando
O artista fita sua "obra-prima"
E experimentou o desespero

Ele havia dedicado cada dia de sua vida
Cada gota de seu suor
Cada lágrima de seus olhos
Cada sentimento em seu peito
E o que ele havia alcançado?

Uma rocha lascada
Trincada, destruída
Judiada nas mãos de um tolo sem talento
Em nome de amores que ele no final abandonara

Seu martelo e seu formão
Caíram ambos simultaneamente ao chão
Escorregando pelos mesmos dedos que outrora os apertavam firme
Desgastados, inutilizados
Fadados a serem esquecidos

Ele não sabia o que fazer
Não sabia sequer quais escolhas lhe restaram
Não sabia se deveria seguir mais seus sentimentos
Mas no final... Ele decidiu uma coisa.

Ele precisava quebrá-la.

Lucas Rangel Lima

6 de jul. de 2014

It´s Taste...

As if it were a bitter fruit
Or maybe a cold beer
I take another bite
Another dip of loneliness

Letting the taste spread in my mouth
Like a poison, numbing my senses
I enjoy the emptyness of it all
While watching you from a distance

It´s so strange you know?

You say your life is a sad one
But you don´t look like someone who has suffered
You say your sould is wreched
But you just look like someone realy pitiful 

And yet, I belived you

But as I keep savouring loneliness
Time passes, and so do my strenght
Even the doubts doesn´t seem to matter
Everything vanishes trough this taste

It´s not like I abandoned you

You never sough me to begin with
It was always me who used to keep us together
You never tried to get close to me at all
It was always about you, about your troubles

And yed, I was there for you

At some point, it´s become like air
I breath it and it fills my lungs
Spreads trough my body, trough my blood
Becomes one with me

Fullfiling me with emptyness

It´s not like I forgot you

You will be forever in my memories
As my dear, as my child, as my smile
You will be forever like a thorn
As my nemesis, as my enemy, as my nightmare

And yet, I loved you.
I love you.

And I always will

Lucas Rangel Lima

28 de jun. de 2014

Um Fraco

Havia um homem
Em cujas palavas ninguém ousava confiar
Cuja fidelidade era constantemente duvidada
Que apesar de nunca ter mentido
Era sabido que também não lutava para ser verdadeiro

Seu coração era incerto
Suas promessas impulsivas
Suas emoções eram caóticas
E até mesmo seus mais íntimos desejos
Não sabiam ser constantes

Sua alma vivia em um limbo
E além de afastar a todos
Ele se via cada vez mais vazio
Cada dia mais pesado
Perdendo de vista e esquecendo o que era a luz

Um hipócrita solitário
Incapaz de oferecer o que ais deseja
Um covarde em negação
Que só sabe culpar e e pedir desculpas
Ferir e fugir quando ferido...

Ninguém estaria errado
Por nele não confiar
Pois mesmo "querendo" mudar
Mesmo fazendo essa "escolha"
Ele mesmo admitia

Era um fraco

Lucas Rangel Lima

A Rosa

Ao ver suas pétalas caindo
Sua beleza secando e murchando
Seus espinhos manchados de sangue
E o inverno se aproximando
A rosa estremeceu
E olhou para si mesma

Ela lembrava de cada mão que a tocara
Cada dedo que por medo ferira
Cada vez que rejeitara o calor de alguém
Cada mancha em seu espinhos
E se perguntava, arrependida
Se poderia ter feito diferente

Ela lembrava de cada um que a admirara
Cada amor que quase sentira
Cada vez que iludira alguém com seu aroma
Cada ruga em suas pétalas
E se perguntava, desiludida
Se poderia ter sido real

Ela já não sabia o que sentir
Talvez até desejasse perecer
Por todos os seus erros, todos os seus enganos
Por todo o ódio que senti de suas pétalas e espinhos
Tão contraditória quanto seus sentimentos
Por toda a dor que ser a si mesma lhe causara
E se perguntou, entristecida
Se sequer merecia outra chance

Se não seria melhor simplesmente murchar

Lucas Rangel Lima

24 de jun. de 2014

O Pianista e a Cantora

No fundo de um palco
Onde uma bela cantora se apresentava
Se encontrava um velho pianista

Como quem desejava não ser notado
Ele deixara seu piano no canto mais escuro
O mais afastado possível da cantora
De forma a poder vê-la somente pelas costas

Era o suficiente para ele
Enquanto ela sorrisse discreta em sua direção
Ele tocaria por ela

Mas em algum momento, algo mudou
Sem que o pianista tivesse percebido, algo mudou
Talvez sem que a própria cantora percebesse, algo mudou
No sorriso discreto que antes era suficiente, algo mudou

Ao ser amada pela platéia
Que a admirava com Paixão, tão próxima
Ela esqueceu de cantar por ele

De sorrir para ele

O pianista não sabia o que fazer
Sentia tanto medo, tanta dor
Se encontrava tão perdido, sem amor
Que suas mãos tremeram em seu piano

Paralisaram sobre as teclas

Ele queria ir embora
Deixá-la com a platéia que ela decidira abraçar
Esquecê-la como ela parecia tê-lo esquecido

Mas ela o chamou pelo seu nome
Disse que precisava de seu piano
Que não queria cantar sem ele
Como se não o tivesse esquecido no palco

Como se ele fosse tão importante quanto a plateia

Ele então decidiu ficar
E passou a ouvi-la enquanto era ignorado
Sem motivação nenhuma

Senão o amor que lhe restara
Pelo sorriso que um dia ela lhe ofereceu

Lucas Rangel Lima

31 de mai. de 2014

Meu Medo

Eu queria te escrever uma poesia
Sobre como foi maravilhoso meu tempo contigo
Sobre o quão ansioso eu estava, quão nervoso
Quão feliz o seu sorriso me deixava

Eu passei noites imaginando sua cabeça em meu colo
E minhas mãos acariciando seu rosto
Enquanto eu cantava todas as músicas
Que exprimem o que sinto por você

Eu ria sozinho, sorrindo no escuro
E sonhava esquecendo do medo
Sim...

No entanto, parece que não será possível
Parece que como sempre, apenas enganei a mim mesmo
Que você quer me fazer de tolo
Me tratar como um idiota

As vezes eu penso sabe...
Como você ousa exigir tanto de mim
Quando é incapaz de me oferecer sequer metade?
Como ousa me chamar de fraco, de medroso
Temer me perder quando já me deixou para trás?

E ainda achar que pode dizer
"Ainda estou aqui"

Eu decidi ser mais forte que isso
Continuei a te amar independente da nossa loucura
Continuo a sonhar apesar de parecer em vão
E não pretendo cobrar de você nada em troca

Daquilo que eu não posso evitar de oferecer

Só peço, se possível
Que em algum momento, por favor
Supere seus medos, se lembre de mim
E me estenda sua mão
Me dê um abraço...

Lucas Rangel Lima

25 de mai. de 2014

A Cabana

Em meio a uma floresta sem fim
De árvores altas e imponentes
Grama verde e comportada
Havia uma pequena cabana solitária

Suas paredes eram de uma madeira escura
Diferente da de qualquer árvore naquela floresta
O gramado ao seu redor era alto e cinzento
Dificultando a qualquer um de se aproximar

Era como se ela não pertencesse à floresta
Como se fosse uma estranha, uma intrusa
Como se tivesse se perdido em seu abandono
E esquecido o lugar a onde pertence

Coberta de musgo, trepadeiras e teias de aranha
Janelas quebradas de um vidro fosco e manchado
Paredes tortas e lascadas, beirando a ruína
E um enorme buraco em seu telhado

Ela simplesmente apodrecia em silêncio
Incapaz de abrigar a mais ninguém
Envergonhada do estado em que chegara
Trancada por dentro pelos próprios escombros

Desejando um dia ser ocupada mais uma vez...
Desejando um dia ser cuidada uma primeira vez...

Sonhando com uma lareira acesa a aquecê-la
Quadros pendurados a decorá-la
Móveis espalhados a preenchê-la
E alguém a dar-lhe propósito

Era apenas isso o que a sustentava
O que a fazia resistir às cruéis tempestades
Esperar calmamente pelo sol durante à chuva
Ruir o mais lentamente possível

Mesmo ela sabendo que não havia mais volta
Que chegava a ser injusto desejar ser consertada
Que estava apenas a estender sua dor
Que independente do quanto aguentasse, só lhe restava o arrependimento

Ela permanecia na floresta
Cercada por árvores que não a reconheciam
Privada de qualquer luz e som
Fadada a esquecer como era o calor

Vivendo de esperanças doentes
Contraditórias, infelizes
Remoendo medo em seu interior
Sofrimento, rancor

Há quem diz tê-la visto
E achado-a bela
Há quem diz tê-la visto
E achado-a aconchegante

Há quem diz que ela está certa em esperar
Mas ao anoitecer, ninguém a procura

E sem ter como fugir do vazio que a devora
Sem ter como superar a derrota
Sem nem mesmo poder chorar
A pequena cabana solitária morre

Pouco a pouco
Todo dia

Lucas Rangel Lima

17 de mai. de 2014

Para Aquecer à Alma

Ele tinha frio
Portanto colocou o bule no fogo
Esperou a água ferver
Misturou suas ervas prediletas
E se aqueceu

Foi assim que aprendera a viver
Através da própria experiência
Foi assim que sobrevivera ao frio
E aprendera a amar o inverno

Vestindo seu casaco favorito
Suas botas e luvas mais confortáveis
Segurando uma bebida quente com as duas mãos
E ouvindo a uma lenta canção

Para aquecer à alma

Era assim que sabia viver
Como se o mundo tivesse lhe deixado de lado
Era assim que sobrevivera ao fim
Tantas vezes quanto seu coração aguentara

Assim que aprendera a se aceitar
E quem sabe,
Assim que um dia seria aceito...

Lucas Rangel Lima

14 de mai. de 2014

O Sentimento de um Instante

Depois do que pensara ser o ultimo instante
O sentimento abre os olhos e desperta
Sem entender a principio, ele pensa estar morto
Mas não demora a entender a verdade
Ele era imortal

Depois de olhar para si mesmo e suas feridas
O sentimento percebe que não sangra
Não importa a lança ou a espada que o fura
Nem o peso nem o fio do aço
Ele havia superado

Tudo parecia leve
Tudo parecia longe
Tudo parecia pequeno
Tudo parecia real
Ele era real

Por um instante
O sentimento se achou belo
Não quis desaparecer mais, ou se apagar
Quebrar promessas e se arrepender
Por um instante
O sentimento se sentiu eterno

E esse instante
Foi tudo o que bastou para que o fosse

Lucas Rangel Lima

8 de mai. de 2014

Aquele Sonho

Com um pincel molhado de tinta em mãos
Jornal velho esparramado pelo chão
E uma parede em minha frente,
Eu me lembrei de você

Lembrei que um dia sonhei
Com um quarto que fosse nosso
Cheio de objetos e móveis
Que teriam significado só para nos dois

Livros, bonecos de pelúcia,
Jogos, seriados, bobagens
E como você havia dito
Uma parede, pintada por nós dois
Um pouco a cada dia

Não sei como descrever o que senti
Não sei se sorri ou se quis chorar
Fiquei apenas a me perguntar
Se ainda há Amor nos meus pensamentos por ti...

Quis sonhar aquele sonho novamente
Por um instante sequer que fosse
Imaginar quão feliz eu poderia ter sido
E acreditar que pelo menos 

Você possa um dia vivê-lo

Lucas Rangel Lima

7 de mai. de 2014

A Limpeza e o Coração

Procurando por alguma coisa que esquecera
Ele começa a organizar os papeis e os livros
Os CDs e os cadernos jogados na mesa
Juntando os lápis e as canetas

Ele começa a organizar seu quarto

Começando pela escrivaninha
Que a tanto tempo abandonara
Deixara de lado, cansado dos estudos
Ele organiza, folha por folha, coisa por coisa

As roupas jogadas, amassadas, limpas e sujas
Como se não tivesse sido ele mesmo a largá-las ali
Ele as dobra e as recolhe apropriadamente
As guarda na cômoda e leva à lavanderia

A poeira cobrindo o chão e os móveis
Com uma vassoura recém comprada, ele varre
Limpa tudo, com um pano e lustra-móveis
Removendo todas as teias, todas as manchas

Ele então troca os lençóis de sua cama
Abre a janela, deixando o quarto respirar
A luz do sol entrar
E se deita por alguns minutos

Em seus sonhos,

Procurando por alguma coisa que perdera
Ele começa a organizar as lembranças e sentimentos
Os pensamentos e as memórias recentes
Juntando as conversas e as palavras

Ele começa a organizar seu coração

Começando pelo amor próprio
Que nem mesmo era capaz de lembrar quando perdera
Deixara de lado, cansado dos ferimentos
Ele reúne caco por caco, gota por gota

As pessoas amadas, esquecidas, vivas ou mortas
Como se não tivesse sido ele a prometer a eternidade
Ele as supera e abraça da forma que melhor entende
As agradece sincero e se despede calado

O egoísmo o corroendo por dentro
Com uma decisão impensada, ele afasta
Distancia tudo, com muito medo
Abandonando qualquer desculpa, qualquer perdão

Ele então escreve uma nova poesia
Abre sua alma, deixando o coração respirar
O desconforto da dor passar
E chora para sempre

Em seus sonhos
Em seu quarto

Sozinho

Lucas Rangel Lima

4 de mai. de 2014

Uma Certa Manhã

Ele abriu os olhos naquela manhã decidido
Ninguém precisava saber que ele não havia dormido
Que ele não conseguia mais descansar em seu repouso
Que agora ele escolhia não lembrar de seus sonhos

Ele mesmo, no final das contas
Na realidade
Não sabia de nada
Era idiota demais para entender
Havia tanta coisa acontecendo, talvez
Ele só
Não sabia

A cama sem lençol
A janela de vidro entreaberta, iluminando o quarto
A preguiça, o despertador, o calor, a tristeza
O vazio absurdo e ilógico
O sorriso

É. Ele estava decidido.
Ninguém precisava saber de nada
Ele não merecia nenhum descanso também
E no final das contas
Seus sonhos nunca foram muito bons mesmo....

Lucas Rangel Lima

26 de abr. de 2014

Inferno do Silêncio

No passado, havia um homem
Cuja única paixão e companhia
Eram suas próprias palavras

Tudo o que queria e sentia
Ele transformava em palavras
E com elas, adornava a si mesmo e sua casa

Como se fossem tesouros
Como se fossem sóis
Como se fossem luz
O homem transformava à tudo em palavras
Como se dessa forma
Ele fosse mudar
Fosse se tornar belo e amável

Mais as palavras não demoraram a traí-lo
Pois não importa o quanto ele enganasse a si mesmo
Elas eram verdadeiras, e refletiam todas as suas mentiras

Chegou então o dia em que ele parou de dizê-las
E assim, parou de fugir de seu vazio e de sua solidão
Sentiu nojo ao olhar para si mesmo e sua casa
E verteu lágrimas pela primeira e última vez, ao finalmente se ver são

Dias depois de selar seus lábios
Engasgado com seus desejos e sentimentos
Cansado de sua própria loucura e egoísmo
Ele pensou em falar novamente

Pensando que talvez, algo tivesse mudado
Que talvez agora, as palavras o salvariam
Que a negação de outrora era mil vezes melhor
Do que o Inferno do Silêncio que agora vivia

Mas já era mais do que tarde demais
Não havia palavra que capaz de tirá-lo do abismo
Nem loucura nenhuma capaz de fazê-lo esquecer seu egoísmo

Ele apenas ficou a adoecer no frio
Perder a luz, perder as cores
As emoções, a até mesmo as dores

Sumir
Parece até hoje ser tudo o que resta a sua alma

Lucas Rangel Lima

20 de abr. de 2014

Aqui

Parece que eu perdi.

Depois de tanto caminharmos juntos
E mesmo assim, no fim,
Ter de pular sozinho na tempestade
De despertar dolorido e derrotado
Ainda não consigo deixá-la para trás

Eu admito. Realmente, perdi
Não é mais uma questão de desistir ou continuar
Eu perdi. Morri. Acabou. The End.
No entanto,
Não quero mais me arrepender

Então eu mergulho dentro de mim mesmo
E reúno todos os cacos do que não pude proteger
Todos os fragmentos de sentimentos tão preciosos
Que mesmo partidos não se permitem esquecer

Só para mostrar à você

Não quero nunca mais ouvir desculpas
Por coisas que você não se arrepende de ter feito
Vou estar aqui, apesar das consequências
Cansado, quebrado, sujo e esgotado
Estúpido, seco, hipócrita e dramático

Vou te ferir
Vou te consolar
Vou te fortalecer
Vou te acompanhar

E como eu prometi,
Vou estar aqui.

Só para de cu doce, tá?

Lucas Rangel Lima

31 de mar. de 2014

Tudo O Que Posso Dizer

Com uma cerveja gelada em minha mão
Eu espero
Sentindo uma brisa confortável passando
Eu suspiro
"Quando as coisas acabaram desse jeito?"

Sem saber exatamente o que quero
Eu tomo outro gole
E enquanto saboreio o gosto amargo da cerveja
Eu penso em você

Eu não estou mais incomodado
Não com ninguém além de mim mesmo, talvez
Eu ainda continua ferido
Mas simplesmente não importa mais

Pois estou aprendendo a sorrir sozinho

Então eu peço desculpas em meu coração
À tudo que já quebrei em minha ingenuidade
À mim mesmo, sinceramente
À você, ao seu sorriso
Me desculpe.

E então,
Com um copo vazio em minha mão
Eu me levanto
Sentindo uma brisa confortável se despedindo
Eu suspiro
"Espero que você seja feliz..."

Lucas Rangel Lima

Já Faz Um Tempo...

Já faz um tempo
Desde que parei de fugir de mim mesmo
Que passei a tentar aceitar o que perdi
E comecei a mudar de verdade

E pela primeira vez agora
Eu não temo me encarar nessas palavras
Não sinto nem vergonha nem nojo
Nem dor nem tristeza
Só procuro ser livre

Me sinto forte de verdade
Apesar de ainda continuar ingênuo
Me sinto capaz de agir com sabedoria
E sem me culpar,
Continuar errando

Estou quase feliz
Vivendo sozinho minha vida
Quase completo
Mas satisfeito
Preocupado cada vez mais
Apenas com o hoje

Já faz tempo
Desde que parei de fugir de mim mesmo
Que passei a tentar aceitar o que perdi
E comecei a me amar de verdade

Lucas Rangel Lima