31 de jul. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 1

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes ela pode ser cruel, as vezes ela pode ser perversa, mas tudo há uma razão de ser. E não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho garantir que aqueles que precisam de socorro quando suas horas chegam tenham suas preces atendidas.

A criança olhava para a vitrine da loja de brinquedos fascinada. Seus pequenos olhos negros brilhavam de excitação ao admirar aquela variedade de bonecos e carrinhos. Aquele era o seu consolo durante as noites frias daquele inverno.

Todos os dias ela retornava a aquela loja, simplesmente para observar os brinquedos. Ela não tinha casa ou familia, apenas a loja para lhe acalentar a tristeza. Apenas estar ali já a deixava em paz. Mas naquela noite, eu a acompanhava.

Era uma noite especialmente fria. Como sempre, a criança se posicionara na frente da vitrine, a olhar os brinquedos. Mas algo havia mudado. A alegria e o consolo de sempre haviam sumido. Muitas pessoas conversavam aflitas dentro da loja, a vitrine estava quebrada e os brinquedos estavam espalhados. O segurança, Ao avistá-la na frente da loja, se dispôs a expulsá-la.

A loja havia sido roubada naquela tarde, e o segurança estava irritado. Ele corria o risco de perder o emprego, e ao olhar para a criança, ele resolveu descontar toda a sua raiva. "Ninguém iria intervir por uma criança que mora na rua", pensou ele.

"Suma daqui! Vá embora ou eu chamo a polícia!" Gritou o segurança.

A criança se assustou e tropeçou, caindo no chão. O segurança se aproximou com o intuito de violentá-la.

"Afaste-se dela" Disse eu.

Ele parou. A criança havia machucado o braço ao cair, mas conseguiu se levantar, ainda que muito assustada.

"Suma e não apareça nunca mais! Eu não quero te ver por aqui mais uma vez" Disse o segurança.

A criança começou a correr em desespero. Ela não havia feito nada. Cheia de medo e insegurança, ela correu até que as suas pernas não pudessem mais aguentar. Dominada pelo frio e pelo cansaço, ela desmaiou no chão gelado, para nunca mais levantar.

Lucas Rangel Lima

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"Se você se arrepende do passado, não pense no que poderia ter sido. Pense no que você vai ter que fazer para mudar o que está por vir"

30 de jul. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 0

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes é rápida, as vezes é dolorosa. As vezes ela se arrasta por longos anos e as vezes ela te agarra antes mesmo de você alcançar a juventude. Ela é imparcial e justa. E é o nosso trabalho cuidar daqueles que precisam de ajuda quando suas horas chegam.

Sérgio estava no seu carro, viajando de Santos para São Paulo. A estrada estava pouco movimentada, e ele dirigia sem grande preocupação. Havia saido de casa de manhã cedo para evitar o trânsito e economizar tempo, queria voltar para casa o quanto antes, pois o aniversário do seu filho seria no dia seguinte.

Distraido com a música que tocava em seu rádio, Sérgio cantarolava pela estrada comigo ao seu lado. Meu erro, da banda Paralamas do sucesso.

"Você sempre gostou dessa banda..." Disse a ele. "Des de que a escutou pela primeira vez, suas musicas nunca deixaram de te animar."

Ele não me respondeu. Ou melhor, ele não me escutou. A música não estava alta, mas a minha vóz nunca alcançaria seus tímpanos.

"Sabe Sérgio, o presente que você comprou para o seu filho foi muito bacana. Ele com certeza vai adorar."

Sérgio sorriu. minhas palavras não podiam ancançá-lo, mas ele podia senti-las. Ele começou a fantasiar sobre o dia seguinte, imaginar o seu filho abrindo os presentes, sorridente, alegre, brincando com os amigos, comendo doces e bolos.

"Ele é um bom garoto, realmente. Você o criou bem..." Disse eu. "E ele te ama muito sabe... eu sei que ele não fala isso com muita frequência, mas é normal para a idade dele".

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Sérgio. Uma sensação ruim percorria seu corpo. uma tristeza repentina havia se instalado em seu coração.

"Me desculpe... Não consigo não me sentir mal pelo garoto. Ele vai passar por uma fase horrível por uns tempos." Disse a ele.

Minhas emoções continuaram a afetá-lo. O CD do paralamas estava quase no final de sua última música.

"Mas sabe Sérgio... As coisas acontecem por uma razão. Você não pode mais ficar neste mundo, não há mais nada para você aqui."

Sérgio estendeu a mão e removeu o CD do rádio para pegar outro.

"Seu tempo acabou Sérgio."

Eu esbarrei na mão dele enquanto ele trocava o CD, derrubando-o no chão. Ainda afetado por mim, ele enxugou as lágrimas e se abaixou para pegar o CD, colidindo com a traseira de um caminhão.

Lucas Rangel Lima

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"Não é preciso viver a cada dia como se fosse o último. Só saiba que, ao deixar o dia passar, você perdeu uma chance de estar com aqueles que você ama, e que esta chance não irá mais voltar."

28 de jul. de 2010

Hajimemashou?

Futatsu no shin sekai, "O segundo mundo dos Deuses"

Este espaço vai servir para discutir ideias, filosofias, poesias e etc... Falaremos sobre tudo, sem um tema específico.
Como sou muito asoberbado, não irei postar frequentemente e em todos os posts, colocarei uma frase de MSN bacana.

Frase de MSN da vez:

"Quando o homem criou Deus, ele não pensava no Criador, ele pensava em outro homem"