12 de set. de 2014

Quase um Consolo...

Ele estava no fundo do poço
Quando seus braços envolveram o corpo dela
Sua voz mal podia ser ouvida
Suas lágrimas já haviam a muito secado
Quando seu corpo abraçou aquele calor

Era como se pela primeira vez em anos
Houvesse entrado ar em seus pulmões
Como se tudo o que ele esquecera
Tudo o que ele havia perdido
Fosse resumido naquele único gesto
Naquele ínfimo momento

Ele podia sentir cada pedaço de sua alma
Cada fragmento de dor
Cada momento de abandono
Cada cicatriz
Tudo

Pulsando como no instante em que ocorrera

Mas no final das contas
Não havia consolo algum nela
Não havia cura, não havia salvação
Naquele abraço
Não havia o sentimento que ele procurava

Apesar de tudo,
Ele a abraçou com carinho
Ele a beijou no pescoço
Ele acariciou seus cabelos
E como quem se consola sozinho
Ele lambe as próprias feridas

Se perdendo num corpo amigo...

Lucas Rangel Lima

5 de set. de 2014

Perante a Barreira

Em frente à minha mão
Parece existir uma barreira
Algo que só eu vejo
Talvez algo que eu mesmo criei
Algo que eu não sei superar

Como uma criança, do outro lado do vidro
Eu imagino uma vida diferente
Alguém que eu queria ser
Vivendo a vida que eu gostaria de ter
Sem ter de lutar, sem ter de perder

Como um covarde, eu me pergunto
O que eu ainda preciso fazer
Quanto eu preciso mudar
Para que lado eu deveria andar
De forma a nunca mais parar

Mas eu sempre bato na mesma barreira
Eu sempre me faço as mesmas perguntas
Perco as mesmas lutas
E não sei nem se desisto
Somente perco

E sinto o frio do chão em meu rosto...

Lucas Rangel Lima