29 de abr. de 2011

Canção do Pesar

Quando nos apaixonamos
Eu já podia notar sua luz.
E quando nós dois nos aproximamos
Eu já podia ver
O fim

Minha alegria era ver seu rosto
Ter você me acordando, cedo de manhã
Tudo em que pensava era ter seu corpo
Belo e delicado, feliz, sempre ao meu lado

Sentia minha pele arrepiar
quando você me tocava, como a um piano
Podia sentir minha alma se elevar
Ao ser abençoada por ti, pela sua força.

Mas seu brilho era de longe maior que o meu
Maior do que o que eu nunca iria alcançar
Havia algo que não podia se perdoar neste meu eu
E este algo em pouco tempo iria lhe atrasar

E então, eu entendi
E não chorei
Nem me abri
Apenas fiz o que deveria ser feito
Para o bem de seus sonhos
De suas metas
De seu futuro
Para o seu bem

E te afastei. Mas pena que não percebi,

Quando nos separamos
Eu já não via mais seu sorriso
E conforme nos distanciávamos
Eu te perdi de vista
Só esperei o fim.

Lucas Rangel Lima

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"Não sei dizer se é melhor ser feliz no amor do que no restante, mas se sem ele não houver felicidade, vocês não precisam da minha resposta."

21 de abr. de 2011

Minhas mentiras mais sinceras

Diz que meu copo já está muito cheio
Que as minhas roupas são muito escuras
Que estou preso na mesma música faz um semana
É verdade.

Me diz que,

Falo muito palavrões
E que nunca toquei uma música inteira
Diz que meus poemas são canções
E que são mentiras verdadeiras

Fala que eu ouço muito rock
Mas que não entendo de guitarra
Que eu prefiro fumar na escada
Do que ouvir os seus problemas
Tu tens razão

Acabaria por

Eu não sendo eu, meu copo vazio
Meu rock viraria passado, igual disco de vinil

De tudo que eu passei, essa foi minha melhor decisão.
Não desisti, eu me entreguei, melhor ficar na solidão
Não tenta me ligar, nem perguntar de mim

desatar os nós, romper os laços foi o nosso melhor fim.

19 de abr. de 2011

Borboleta Dourada

Quando eu mais me sentia sozinho, você veio até mim
Voando sutilmente pelo estreito vão das barras na janela
Aterrisando com leveza no chão frio da minha cela

Quis tentar segurá-la, prendê-la entre meus dedos
Ter sua inocente beleza junto a mim
Poder admirar suas frágeis asas douradas até meu fim
Mas não pude deixá-la como eu...

Então, aceitei sua companhia
E com apenas meus olhas eu te seguia
Sentado, confinando em meu peito toda minha agonia
Esperando chegar o momento em que você partiria
Em que eu voltaria a solidão

Todavia, você não o fez
Como uma amiga a manter uma promessa, você ficou
Como um anjo a me ceder sua benção, você me acompanhou
Me deu coragem

Assim, quando você desfaleceu impotente
Eu pude continuar, mesmo estando sozinho
Quando eu acordei solitário novamente
Eu pude viver e sonhar, mesmo não estando dormindo

Se eu amo agora, é graças a sua luz
Graças a ela, posso expor minha alma
Ver o sol com meus próprios olhos
Caminhar com as minhas próprias pernas

E lembrar, sem sentir tristeza, dos meus dias mais negros.

Lucas Rangel Lima

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"Só seremos verdadeiramente felizes quando superarmos nossas tristezas passadas."

16 de abr. de 2011

Onde Vive a Fera

Feroz como um lobo
Gigante como um urso
Fria como um corvo
E cruel como um homem

A fera vive ali.

Além dessa floresta
Por trás dessas colinas
Vagando, sempre a espera
Salivando, sempre faminta
E quando você encontrá-la, entenderá
Que ela é o medo.

Cego como um morcego
Simples como um rato
Triste como um cão
E cruel como um homem

A fera vive ali.

Onde havia uma casa
Próxima a uma pequena vila
Onde a fera foi criada
E depois matou sua própria família

"Não deviamos tê-la abrigado"
Pensavam os pobre vilões
Para segundos depois, serem devorados
Pela fera das canções

Quer saber porque a conheço?
Porque conto dela para ti?
Porque sei dela e ainda não morri?
Me desculpe, mas não posso lhe contar
Só escute o que eu digo, e para lá não vá

Pois a fera vive ali.







Mas é claro, se você insistir
E ignorar este meu aviso
Terei que lhe contar a verdade...
E me desculpe por não segurar o riso.

A fera que vive ali

Não é feroz como um lobo
Não é gigante como um urso
Não é fria como um corvo
Não é cega como um morcego
Não é simples como um rato
Não é triste como um cão
Ela é apenas cruel,
Assim como um certo homem.

Como eu.

Lucas Rangel Lima

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"Acredite, antes que não acreditar seja sua última escolha."

Ah, aí se vai.

Olho o relógio de hora em hora
Mas na verdade só se passam minutos
Não quis dizer adeus tão cedo
Mas sua voz de noite eu sempre escuto

"Eu volto pra um dia contigo estar junto"

Naquele dia, você já saberia
Se me encontrasse não iria
E se fosse não me encontraria
Difícil acreditar que você chorava
Ou na verdade apenas chovia

De me prender,

Sem saber se você pra mim retornava
Os braços abertos ainda continuava
E no meu violão, nossa música eu tocava
Seria esse sonho que você também sonhava
(?)

Ah, aí se vai,

Se foi, voltou, fostes de novo
Conseguiria se decidir? meu coração já não aguenta mais. Como se um prego fosse martelado na madeira toda vez que viesse ao meu encontro e assim arrancado quando fostes. É o estado do meu sofredor.

Se vê feliz agora,

Onde não é ao meu lado
Vou aceitar a distância como desculpa
Fingir que ninguém estava errado
Melhor assim, isso era amor
Não uma luta.

14 de abr. de 2011

A Sombra Oca - Prólogo

De todos os males que assolam o mundo, o pior deverá ser o tédio. Poucas coisas assombram mais uma mente brilhante que a eminência da monotonia; Leva algumas ao desespero, e até mesmo à loucura.
"Como poderia alguém viver rodeado na sobrecarga de ordem gerada pelo tédio?"
Sobrecarga? O que eu estou pensando? Eu estaria feliz se houvesse alguma carga... não há como suportar o peso do vazio! E afinal, se somos aquilo que fazemos, ao não termos nada para fazer deixamos de ser alguma coisa, certo? Nos tornamos apenas uma sombra oca de uma existência...
É isso, então, que me tornei, um resíduo do que um dia foi algo; Sou uma sombra oca, em busca da carga a me preencher.
Sou nada, e como tal não existo, apenas assisto em monotonia enquanto os outros existem e se deixam existir... Passivos, tolos, sem a menor consciência da dádiva que receberam; De quanto podem ver por causa de suas próprias cegueiras.

Você, Meu Sonho

Sonhos,

Ilusões ou pensamentos em que devaneamos ao dormir. Desejos ou aspirações que cultivamos para colher no futuro. Pontes entre um plano e outro.

Ou, como para mim, simplesmente o lugar onde posso te ver.

Pode ser até criancisse minha, e você pode pensar que é tudo apenas sentimentalismo barato. Talvez seja mesmo. Afinal, não sei quem julga o preço dessas coisas. Mas de qualquer forma, é algo de valor para muitos, inclusive a mim.

Sem mencionar que esses "sonhos" são o único meio de aplacar minha frustração, de diminuir essa sensação de impotência perante a chamada "realidade".

"Realidade". O oposto do sonho ou aquilo que da origem a ele? É porque existimos e agimos dentro deste plano assim chamado que somos impulsionados a sonhar? ou os sonhos são como uma faceta oposta, destinada a permanecer um inverso irreal? Não, acho que se considerarmos os "sonhos" como a origem da existência, da alma, a realidade não passa de um reflexo daquilo que sonhamos.

Algo moldado pela vontade de centenas de milhares, tão munida de sentimentos e esperanças que afogou a si própria. Onde nossas existências, nossos sonhos, interagem.

Se os "sonhos" somos nós, a "realidade" seria nosso universo. Onde podemos projetar nossas existências, de forma a entrelaçá-las com as de nossos companheiros, e aprender a sonhar sonhos cada vez mais belos e iluminados.

E ao entender isso, percebi que você é meu brilho. Aquilo que faz meu sonhar não se afogar como o de muitos dentro da realidade. Aquilo que me faz crescer, aquilo que me faz caminhar e aprender. Aquilo que me engrandece, me preenche, me da propósito. Meu eu, minha existência, minha realidade, meu sonho.

Meu tudo.



Foi isso que sonhei. E é dessa forma que eu penso.

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"Se pudesse ser o que sonho, seria o que sou. Pois assim, serei aquilo que mais te ama."

9 de abr. de 2011

Quintagésimo

Yo! Em comemoração ao meu quintagésimo post, eu escolhi postar uma poesia que eu escrevi no ano passado. É a minha favorita, e tem muito significado para mim em particular. Espero que gostem.

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Título: A Cidade Onde Meu Tempo Parou

Sem luz para me motivar
Nem dor para me empurrar
A razão da minha alma se perdeu
Tudo ficou onde você está...

Sem calor para abraçar meu coração
Só o frio a aumentar minha paixão
Imóvel, inalcançável,
Insensível, Imutável

Parado, além dessa eternidade

Como o sol, eternamente o mesmo
Invejo a lua, sempre mudando a esmo
Encantando e seduzindo a todos nós
O que eu já não posso fazer com você...

Vejo calado meu mundo sumir
Engolido pelo cinza do tempo e da eternidade
Me cercando lentamente, me cegando levemente
Um vazio criado pela sua ausência
Um buraco doloroso que grita a saudade

Mas mesmo preso nesta ventania
Eu não me moverei por nada além de ti
Estou apaixonado pela sua magia
E aqui não há mais nada que eu possa querer

Na cidade onde meu tempo parou
No lugar onde você não está
No mundo onde eu não quero viver

Eu estou quase perdendo de vista
A sua face que encanta e ilumina meus sonhos
A sua fragrância que da inveja as minhas rosas
A sua luz que escorrega por entre meus dedos

E porque estou aqui longe de ti
Não posso fazer nada além de sonhar
Não posso fazer nada além de recordar
Não posso fazer nada para te segurar

Estou preso a sombra de sua memória
Acorrentado longe do seu calor
Na cidade onde meu tempo parou
No lugar onde você não está
No mundo onde eu não quero viver...

Mas eu nunca vou deixar de te amar

Até o dia em que meu tempo voltar a correr
Quando o este vento a ti me levar
Eu vou te abraçar com amor e carinho
E se você quiser vir comigo,
Trilharemos a eternidade juntos
Sem nunca mais parar novamente.

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"A solidão não é uma doença, e sim uma lição. As vezes, a mais dolorosa e importante delas."

7 de abr. de 2011

O Rei e o Lobo - Capítulo 12: O Rei e o Lobo

Um apenas fitava o outro. Duas entidades munidas com poder imensurável, capazes de varrer todo um exército em questão de segundos, frente a frente nos jardins destruídos do castelo. Cada um carregando o símbolo de seu poder. A espada do Herói contra a fúria de seu filho. A lâmina do rei e a presa da fera. O Rei e o Lobo.

Não havia razão para se demorarem mais. Um investiu contra o outro, provocando um choque de poderes que abalou os muros e as paredes do castelo. Os soldados restantes que tentaram se aproximar foram lançados pelo ar e trucidados na queda, como frágeis bonecos de madeira atirados por uma janela.

A espada do rei, desprovida da coragem e da bravura de um herói, não fez mais do que um arranhão na pelurgem espessa do lobo, mas seus poderes foram suficientes para protegê-lo de um ataque.

Mas o Rei não estremecia. Havia apenas uma alegria doentia em seu sorriso. Ele parecia ansiar por esta batalha sua vida inteira, uma batalha até a morte contra o único oponente capaz de levá-lo ao limite. E nada poderia deixa-la mais perfeita quanto sua recompensa.

O Rei ainda não havia deixado de lado sua ambição. Mesmo depois de passar anos tendo sua mente envenenada pela selvageria de sua presa, ele ainda desejava loucamente pelo par completo. Mais do que as terras que ele um dia desejava comandar, mais do que o povo que ele um dia pensava em dominar, mais do que o império que ele um dia sonhava em erguer, ele queria seu poder.

Não, talvez ele apenas estivesse viciado no êxtase da batalha. Talvez ele apenas tivesse desenvolvido um gosto pela destruição que a presa causada. Ou talvez a presa tivesse finalmente o convencido, e ele agora estava trilhando o mesmo caminho que seu oponente.

De qualquer forma, ele continuou a lutar. Não como um herói, digno de empunhar a espada que parecia trincar cada vez mais a cada golpe. Não como um rei, cumprindo seu dever ao proteger seu povo. Ele nunca quis ser nada disso. Ele um dia fora um homem ganancioso. Agora ele era um Deus simplesmente humano.

E então, sua espada finalmente quebrou. Apesar de não ter sido um oponente tão excitante quanto o que enfrentava agora, o herói que lhe traiu e lhe roubou uma das presas havia lutado bravamente antes de morrer e pareceu ter danificado a espada que o mesmo usou para matar a fera original. Era como se ele estivesse enfrentando pai e filho ao mesmo tempo.

Agora, a batalha se resumia a um conflito entre fúria e egoísmo. Uma massa de ódio contra um coração ambicioso.

Um conflito onde nenhum lado iria vencer.

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"Não é que o bem sempre vence o mal. Simplesmente quando o bem perde, não há vencedor."