17 de out. de 2013

Vai se Tornar

Sabe,
Ultimamente, quando escuto seu riso
Mesmo estando tão cansado de tudo
Tão apático a esse tipo de coisa
Eu me pego imaginando...

É como se você fosse capaz
De juntar os cacos do que um dia fui
Mesmo sem sequer ter ideia de quão quebrado estou
E de quão afiados são tais fragmentos
Quão pesado eu me sinto sem eles...

Me pergunto as vezes
Se não é só delírio meu
Se não estou meramente te usando
Para me agarrar a alguma coisa em mim
Se com qualquer uma que tivesse ficado ao meu lado
Seria a mesma coisa

Mas foi só você que o fez
Delírio ou não,
É por sua causa que eu ainda não me esqueci
E apesar de parecer improvável no momento,
Eu tenho certeza que um dia, num futuro próximo
Amanhã até talvez,
Você vai se tornar capaz de me curar
Capaz de me encantar como ninguém mais me encantou
De me fazer apaixonar

Quem sabe...

Lucas Rangel Lima

9 de out. de 2013

Sou se sou

Tem algo bem guardado dentro de mim que quer que seja mostrado, lido e que faça sentido na vida de quem o ler. Mas tá bem guardado, trancado, escondido, envergonhado. 
As consoantes, as vogais, as letras, as palavras e as frases se embaralham nessa timidez, nessa complexidade de pensamento. Vive comigo, sobrevive dentro de mim.
É a minha maior verdade, minha realidade adormecida, minha vida não vivida. Sou eu, mas não sou quem sou.
Sou o que quero ser, quando o que quero não sei se realmente devo.
Se devo, se posso, se sou. 
Se devo, não sou. Apenas sou por ter de ser. Sou por influência, por fatores externos, pelo o que os outros são. Se são, por que devo ser? Sou por que devo ser e devo ser por que sou. Acabo sendo tudo o que sou por dever ser pelo o que são. Ou vocês também são por que devem ser? Não somos, achamos que somos por que devemos ser.
Se posso, sou. Sou eu, sou meu. Sou tudo o que sou por que sou o que posso ser. Esse sou. sou por poderem ser e se podem ser: posso ser também. Sou além do que sou quando o além me é possível. Sou possível. Sou incrível, invisível, intangível. Sou meu eu cabível
Se sou, eu sou: por que sou. Há de ser. Há de viver, há pra ser o que sou. Sou por ser, sem querer, sem ofender, sem dizer, sem escrever, sendo sou o que sou. E o que sou vou sendo. Vou vivendo pelo o que sou e sou o que vou vivendo.
Sou e não deixo ser. Só sou.

6 de out. de 2013

Para Mim

É, eu sei que não basta
Simplesmente esperar o amanhã
Enquanto olho sempre para frente
Sei que no final das contas,
Isso não muda nada
Não importa quão otimista eu seja,
Meu pessimismo não me deixa esquecer...

Mas foi a escolha que eu fiz
A escolha que eu fui capaz de manter
Quando tudo parecia ruir ao meu redor
E até o amanhecer passar a ser incerto
Foi a vida que eu decidi abraçar
Vazia como o céu, rasa como o mar
Como a praia

"O que quero fazer
Do infinito que se estende a minha frente?
Do momento seguinte, que ao ser notado,
Já passou há muito?
O que quero fazer do amanhã
Tão mais próximo que o ontem
Que o agora?"

Depois de tão pouco tempo
E com ainda menos me restando
Desisti de achar uma resposta
Apenas me entreguei ao egoísmo

E me senti leve
Da forma mais pesada possível

Lucas Rangel Lima

3 de out. de 2013

Enquanto Eu Ainda Puder Rir

Nos últimos dias,
A vida me parece alguma espécie de piada
Mas uma piada tão hilária
Uma piada tão cruel
Que inevitavelmente,
Me faz chorar de rir

Pois não importa quantas vezes
A mesma merda se repita
No final de cada dia
De cada mês, cada ano
Ainda não perdeu a graça

Pelo menos não para quem à escreve
Pelo menos não para o destino

É, pois esses dias eu percebi
Quão indiferente ele é quanto à minha opinião
À opinião de qualquer um, à própria noção de "humor"
E claro, já me veio um sorriso no rosto,
Logo estava rindo baixinho,
Com os dentes cerrados

"Foda-se!"
Eu imagino alguém dizendo
"Eu que mando nisso tudo,
Faço rolar do jeito que eu quiser!"
Eu imagino alguém dizendo
"E no final das contas, seja desgraça que for,
Desde que alguém ache graça,
Não vai ser tão ruim assim!"

De fato
Desde que eu ainda ache graça
Não chega a ser tão ruim assim

Enquanto eu ainda puder rir
Não vou precisar de apenas chorar.

Lucas Rangel Lima

1 de out. de 2013

Eu, o Sax e...

Apago as luzes
Ligo a música
E me deito sobre a cama
Em meio a escuridão
Canto baixo, com o fone nos ouvidos
E sinto um estranho ímpeto

Quando percebo, já estou sentado
Em um banco, ao lado da cama
O saxophone montado em minhas mãos
A boquilha em meus lábios
E logo, sopro

Apenas a música
E eu, no escuro,
Sozinho

Sinto a estranheza das notas familiares
O fadiga da falta de prática
E os defeitos da falta de manutenção
Mas continuamos, eu e o sax
Cantando quase quebrados
Mas ainda assim,
Sempre firmes
Disfarçando erros com acertos
Confundindo lágrimas com risos

Engasgando no final de cada nota
E em seguida, soprando mais forte
Acompanhando a música à tocar no fone
De olhos fechados, como se fosse um velho violão
Que estivesse a nos acompanhar...

Lucas Rangel Lima