28 de dez. de 2011

O Demônio Dentro de Mim

Dentro de mim
Vive um demônio a rugir
Ele deseja carne
Ele deseja sangue
E mais do que a tudo
Ele Deseja.

Por trás de cada gesto
De cada toque
E cada sorriso
Ele chafurda em sua ansiedade

Quando te vejo
Ele desperta
Quando te beijo
Ele se alimenta
Quando te abraço
Ele urra em sua jaula
E quando te desejo
(Ah, pois eu também desejo)
Ele se liberta

E nós rugimos um contra o outro
Desejando sua carne
Desejando seu sangue
E mais do que tudo
Desejando a você

Sinto então ele correr em minhas veias
Uivando em meus pensamentos
Fazendo tremer minha alma
Sei que permiti-lo tanto é errado
Mas o errado já me parece tão certo
Que simplesmente aceito

Penso em devorá-la
Beber de seus sucos
Tê-la de todos os modos
Queimá-la em minhas chamas
Até que esse fogo se afogue

Minha querida
Por favor não duvide
Pois dentro de mim
Vive um demônio a rugir
E se deseja realmente me acompanhar
Esteja bem armada
Ou preparada para aceitar
Pois a qualquer momento
Ele pode se soltar
E usando deste meu corpo
De minha voz e de meu sorriso
Ele vai...

Lucas Rangel Lima

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"Sua força de vontade é tão intensa quanto o mais ínfimo momento em que ela falha."

25 de dez. de 2011

Comentários de Final de Ano

Ah, e finalmente chegamos a essa época do ano. Todas as lojas, canais de TV e casas de família mudam seus cotidianos por um curto período de tempo para apreciar os feriados de natal e de ano novo. Refeições diferentes, reuniões maiores, preços mais baixos, filmes repetidos e especiais natalinos, para todo lado enxergamos o que pode ser entendido como "O Espírito de Natal" (Ou uma versão mais capitalista disso...)

Eu mesmo, quando chega essa época, começo a me envolver em amigos secretos, visitas a parentes, jantares com amigos entre outras formalidades triviais. É divertido, é tradicional, é significativo. Sem mencionar os presentes, é claro (se bem que a minha idade não chego a receber muitos, tirando talvez alguns livros... E não, não sou tão culto quanto isso deixa transparecer).

De qualquer forma, passei aqui mais para desejar um Feliz Natal e Boas Festas para meus leitores (que imagino não serem tantos assim). Gostaria de ter inspiração para escrever uma crônica ou conto especial para o feriado, mas infelizmente vou ter que deixar essa passar (Me desculpem).

Bem, como todos devem estar ocupados com as festividades, não espero que ninguém leia isso tão cedo. Ainda assim, espero poder contar com vocês por mais um ano, e que a popularidade desse pequeno recanto de poesias e devaneios cresça ainda mais no próximo ano com a sua ajuda.

Para terminar,

Muito Obrigado, Sejam Sempre Bem Vindos!

Feliz Natal e Boas Festas!

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"Nunca temos tempo para lembrar o que passou, mas mesmo assim não devemos deixar de carregar nosso passado conosco em nossa estrada para o futuro."

21 de dez. de 2011

A Sombra Oca - Não com uma explosão, mas com um suspiro...

Quantos anos?
Dez? Quinze? Vinte?
Não importa... Ou melhor, não me importo...
Passados os gritos e o sangue, nada mais importou...
Pensava eu, inocente, que sozinho veria de novo a luz....
Tola hipocrisia.... Fez-me sucumbir a uma luxúria que hoje não posso mais controlar... Que não quero mais controlar...
E é assim que tudo acaba... Não com uma explosão, mas com um suspiro...

20 de dez. de 2011

O que tu desejas?

Me chama
Pedindo por ajuda
Listando problemas
Pedindo por conselhos
Me diga,
O que diabos tu desejas?

Quer que eu lhe ofereça perdão por seus erros?
Só para sentir sua consciência mais limpa?
Quer que eu lhe diga como viver sua vida?
Só para que não se sinta culpada em seus tropeços?

Não minha querida criança
Não pense que sou uma existência tão conveniente
Ou melhor,
Nem mesmo deseje que algo assim exista
Caso contrário,
Será sempre apenas criança
Querida sim, mas tola
Livre talvez, mas sem propósito
Forte falsamente, e ainda por cima
Hipócrita
Alguém que diz ser e admirar algo
Rejeitando e fugindo do que ele é

Então volto a lhe perguntar
O que diabos tu desejas?
Se deseja as facilidades
Vá se afogar na realidade
Vá penar até entender
Agora, se seu desejo é mais sabedoria
Minha querida,
Só desejar, não vai te levar a lugar algum

E eu não sirvo para te encaminhar
Pois veja,
Dos hipócritas,
Sou o maior!

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"Não tem problema nenhum, desde que você não esteja errado."

17 de dez. de 2011

Roses ain't blue...

Roses are red,
Violets are blue,
Sugar is sweet,
And so are you.
But the roses are wilting,
The violets are dead,
The sugar bowl's empty
And so is your head...

11 de dez. de 2011

Os Sentimentos que Guardo por Você

Quando você me disse
Que não seria mais capaz de me amar
Que não iria mais precisar de mim
E me deixou assim, sozinho
Me senti morrer por dentro

Nem me lembro das palavras
Que usei para me desculpar
Que eu sabia, não iriam te alcançar
E mesmo tendo te entendido
Continuei aqui a desejar
Para uma estrela que já se apagou

"Não solte a minha mão
E me tenha sempre ao seu lado
Sussurre seus desejos em meu ouvido
E me de seu calor
Sua gentileza..."

Você sempre foi desse jeito
Sempre chorando depois de uma briga
E perdoando tudo com um sorriso aliviado
Que eu amava ver

"Não solte a minha mão
E me tenha sempre consigo
Sempre pense em mim com carinho
E nunca se esqueça dos meus lábios
Meus sonhos..."

Me doeu tanto nosso separar
Pensar que nunca mais iria te ver
Que pelo resto da vida iria me arrepender
Não pude fazer nada
Se não voltar e lhe pedir

"Não solte a minha mão
Porque eu te amo
E mais uma vez quero estar ao seu lado
Não vou mais deixar seu carinho escapar
E lhe prometo abraçá-la
Como você merece"

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"Palavras estão sempre acompanhadas de sentimentos, e não há mentira para quem sabe entendê-los."

9 de dez. de 2011

A Sombra Oca - Quarta a tarde...

Escuro, solidão, isolamento.... Ouço as pessoas dizerem essas palavras com rancor e desprezo... Como se fossem algo a ser odiado ou temido...
Eu as abraço... As acolho e me deixo envolver.... Poucas são as coisas que se mostram mais satisfatórias que a mais pura ausência de qualquer outro que não o vazio existente nesses conceitos...
Mas vivemos num mundo de sociedade e luz... Pessoas e barulho... Ruído...
Não há nesse mundo algo mais odioso que os seres humanos... Toda pessoa que  se faça pertencer a uma sociedade é, não só digna da minha pena, como passível de punição direta...
Coisas como essa me irritam...

6 de dez. de 2011

Minha Confissão e Agradecimento

Mais uma vez
Eu lhe agradeço
Como tantas outras vezes o fiz
No fundo de minha alma

Pelos sentimentos que me proporcionara
Pela razão que sua presença me dera
Pelos risos
E pela poesia

Eu te amo
Como nunca amei outro alguém
E não sei como lhe retribuir
O quanto significou para mim
O pouco que precisou fazer
Para me salvar

Por isso,
Não ouso pedir sua companhia
Nem sonho mais em um dia lhe acompanhar
Só escrevo estas palavras
Recheadas com o que me ensinara a sentir
E com a dedicação que me ajudara a criar

Sei que você será feliz
E que isto que agora faço
Um dia me fará também.

Lucas Rangel Lima

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"Aceitar e aproveitar as pequenas e inestimáveis participações que os outros fazem em sua vida faz parte do que chamamos de andar para frente."

2 de dez. de 2011

Inocente Sonhador

Não pareço me cansar
De apenas indagar
Ao me ver assim,
Fraco e carente
Um tolo, um inocente
A se torturar...

"É natural tamanha saudade
Daquilo que nunca tive?
Sentir falta de um calor
Que nunca me envolveu?

É natural lembrar na pele
Os abraços que nunca recebi?
Guardar no peito uma sensação
Solidão
Mesmo cercado de pessoas?

Só por não estar ao lado de algum desconhecido?"

Perguntas tão fúteis
Quanto suas respostas
Tão fúteis
Quanto condenar o tempo
Que se recusa a passar
Que se recusa a me levar
A te apresentar
A mim...

Ou talvez
Esteja apenas devaneando
Proferindo minha imaturidade
Minha ansiedade
E confundindo meus sonhos
Com o futuro

De qualquer forma
Eu continuo a indagar
A me torturar
Assistindo assim
Meu próprio desfalecer
Pelas mãos da pior loucura
Da simples solidão...

Lucas Rangel Lima

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"É quando estamos mais exaustos que precisamos nos provar mais atentos."

25 de nov. de 2011

Solitário Depois...

Até hoje, dentro desse pequeno quarto
Ainda guardo suas memórias
Lembro do seu cheiro
E da sensação de sua pele

Me pego sorrindo
Olhando para as paredes que nos cercaram
Para os lençóis que nos acolheram
E para as tantas pequenas coisas
Que participaram da nossa vida

Vejo você deitada ao meu lado
Fitando a mim com seus olhos sonolentos
Estendendo suas mãos até meu rosto
Num pequeno fragmento de memória
Tão precioso e belo
E me pergunto
Se seja lá onde estiver
Você também me procura em sua alma
Se também sente saudades de mim
E se as memórias de nossa união
São tão preciosas para você
Quanto são para mim

Reunindo seus pertences,
Tento te trazer de volta
Rever seus olhos, sentir seu cabelo
Seus lábios, seus desejos,
Tudo que eu tanto amo,
Tudo que eu tenho de mais belo

Então, lembrando o suave toque de seus dedos
Eu adormeço em seus braços
E te abraço novamente, em meus doces sonhos...

Lucas Rangel Lima

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"Existem sentimentos cuja intensidade lágrima nenhuma sabe expressar..."

23 de nov. de 2011

O Devorador de Maldições - Capítulo 3: Conclusões

Seja lá a origem do poder contido na espada branca, ele não seria suficiente. Seja lá quão forte fosse e habilidoso fosse o guerreiro que a empunhava, ele seria derrotado. Não havia outro destino para quem desafiava as Portadoras.

Aquelas que carregavam em si as mais cruéis maldições, que transformavam lentamente seus donos em  Misérias, meros bonecos sem consciência, tudo em troca de poder. Aquelas que distorciam o coração humano e que logo iriam dar um fim a tudo. Aquelas cujo pavor eu até então não havia verdadeiramente compreendido. As Portadoras representavam a derrota, em todos os sentidos...

Bem, não iria demorar para que minhas crenças se provassem verdadeiras. Além disso, aquelas palavras continuavam a ecoar em minha cabeça...

"Não se preocupe, ela não é capaz de fazer mal algum a ninguém..."

O som das lâminas se chocando começou a se ecoou, me puxando de volta para a realidade. Meus olhos ardiam com a intensidade da batalha, mas fazia alguns segundos que eu não a acompanhava com a mente. O brilho da espada branca parecia estar fraquejando, enquanto a fúria e a força de sua inimiga apenas crescia.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de que o guerreiro negro estava se deliciando com o embate. Seu próprio prazer e loucura pareciam escorrer para a espada, e dela para o que com ela entrasse em contato.  A Miséria não era um boneco da Portadora, e sim sua fonte de poder.

Como se esperasse apenas a conclusão do meu pensamento, a batalha se encerrou. No fim, a espada branca perdeu seu brilho e a espada negra se banhou em novo sangue. Eu agora era o único que havia sobrevivido.

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"Ser forte não se resume a ter poder. E por isso não lhe garante a vitória."

21 de nov. de 2011

A Sombra Oca - Sacrifício...

Não que isso mude alguma coisa...
Mas foi bom ver a luz...
Finalmente entender o que  fazer a seguir...
Exigiria sacrifícios... Isolamento... Solidão...
É claro que isso não seriam sacrifícios para mim...
Sempre fui grato pelo silêncio... Acostumado à escuridão...
Mas outros teriam que se sacrificar... E Eu o faria sem hesitar, se pudesse ver novamente minha luz...

Foi numa quarta-feira que começaram os sacrifícios...

Não um Companheiro

Sabe,
Eu tenho muito a lhe agradecer
A paz que tuas palavras me trouxeram
O calor do teu consolo,
E tua sedutora inocência,
São muito mais do que eu poderia pedir...

Por isso, eu agora lhe recuso.

Não se preocupe, não tivestes cometido erro algum
E meus sentimentos a teu respeito não mudaram
Apenas percebi, talvez um pouco tarde,
E fiz minha escolha
Esperando que um dia me perdoasse...

Amanhã, não serei mais que um companheiro
Um amigo distante a quem pode recorrer
E ontem fora o meu último instante
Como alguém que te ama, alguém a te querer.

Sabe,
Eu tenho algo a lhe confessar
A paz que tuas palavras me trouxeram,
O calor do teu consolo,
E tua sedutora inocência,
São todas pesadas demais
E em mim não existe o que é necessário
Para lhe retribuir...

Lucas Rangel Lima

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"Não ame se não compreender o conceito e as muitas maneiras de se amar. Caso contrário, só esteja preparado."

19 de nov. de 2011

A Sombra Oca - Era domingo...

Vi um lapso de claridade hoje...
Luz...
Carga...
Chame como quiser... Mas era alguma coisa...
E qualquer coisa que seja alguma coisa é uma variação bastante aceitável do vácuo-super-ordenado que me rodeia...

Era domingo, e eu finalmente tinha uma razão para existir...

12 de nov. de 2011

Futatsu no Shin Sekai wa...

Ultimamente anda muito difícil encontrar poesia nas coisas. Para conseguir inspiração, ando tendo que fazer releituras sobre aquilo que já vi, e honestamente, uma segunda leitura raramente causa tantas lágrimas quanto a primeira...

Apesar de que estar emocionado não se resume a verter lágrimas... De qualquer maneira, estou ficando sem recursos ultimamente. Que mundo é esse onde a profundidade foi deixada de lado? Do que as pessoas se alimentam, do que elas alimentam seus sentimentos?

Me surpreende a quantidade de pessoas que não conhecem o poder de emocionar contido num livro. Me surpreende ainda mais a popularidade das obras que possuem quase nada desse poder. É como se as pessoas estivessem perdendo a sensibilidade.

As músicas perderam o sentido, a arte já não é mais cultura e a escrita está sendo lentamente esquecida. A poesia é uma arvore secando, cujas folhas são uma por uma arrancadas fora e levadas embora pelo vento.

Não, eu estaria me contradizendo ao pensar isso. Nada nunca se perde. Nem o que está condenado ao esquecimento tem uma sentença tão longa quanto o infinito. A poesia é como um mundo paralelo ao nosso, repleto de verdades e emoções que foram e vão ser sentidas, pensamentos que a todo momento são redescobertos e esquecidos novamente. É certamente triste estarmos tão distantes desse planeta no momento, mas é só isso. Nada nele sumiu ou perdeu o brilho.

Ah... escrever essa pequena reflexão me lembrou a razão de eu ter nomeado esse espaço de "Futatsu no Shin Sekai". Afinal, minhas intenções eram justamente criar um portal para esse mundo, esse segundo mundo, repleto das mesmas verdades, das mesmas almas, dos mesmos sentimentos, em suas mais puras formas. Tudo em forma de palavras.

Agradeço a todos aqueles que desse mundo fazem, fizeram e um dia irão fazer parte

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"Existem aqueles que olham e não veem. Aqueles que olham e apenas enxergam. E, por fim, aqueles poucos cujos olhos podem também compreender."

5 de nov. de 2011

O Devorador de Maldições - Capítulo 2: Passado (Parte 2)

Ele apareceu repentinamente em nossas vidas, e foi como se sua presença ali fosse natural. Não questionamos suas intenções, seu passado nem seu destino. Apenas aceitamos a nova companhia como se não houvesse mais nada que pudéssemos ter feito.

Bem, os anciões ficaram receosos nos primeiros dias, mas ele logo os conquistou com seu carisma e gentileza. Não demorou para que eu percebesse que grandes mudanças estavam por vir...

Aqueles que pareciam ter perdido para sempre seus sorrisos lentamente começaram a apresentar um estranho brilho nos olhos, como se estivessem vendo a vida pela primeira vez em anos. As crianças ficavam mais alegres perto dele. Havia uma especie de aura pacífica emanando dele.

Depois de dois meses, a vila havia mudado completamente. O ar não parecia mais amaldiçoado e nem parecia que vivíamos exilados. O homem de casaco branco havia trazido consigo algo que eu nunca teria conhecido de outra forma: Esperança. Não sei pelo que, mas era certamente isso...

A única coisa peculiar sobre ele era a espada longa que ele carregava. Em toda minha vida, as únicas armas que havia visto eram aquelas que os mais velhos usavam para caçar. Machados, arcos, facas... Mas nunca uma espada. Pelo menos não como aquela.

A lâmina deveria ter quase minha altura, com um palmo inteiro de comprimento. Mais branca que a neve de inverno, brilhante como só o sol sabia ser. E poderosa, sem dúvida muito poderosa. Imagino que tenha sido por causa dela que os anciões demoraram para acolhê-lo, uma vez que todas as espadas encantadas haviam sido destruídas pelas Portadoras e suas Misérias, mas ninguém ousou perguntar nada a ele. Ninguém exceto eu.

"Está interessado em minha espada garoto?" Disse ele, quando o indaguei. "Não se preocupe, ela não é capaz de fazer mal algum a ninguém. Eu a herdei de meu pai sabe? Ela é como uma guardiã e um tesouro ao mesmo tempo..."

Aquela resposta pareceu deixá-lo triste por um momento, então resolvi não perguntar mais nada no momento. Lembrando agora, me arrependo um pouco, mas ainda acho que foi a decisão correta. Afinal, não tinha como prever que aquela seria a nossa primeira e última conversa.

Na manhã seguinte, o sol não se levantou. Ao invés disso, eu despertei sob um céu tingido de vermelho e preto, acordado pelos gritos de pavor de todos os meus conhecidos.

Minhas memórias daquele momento são muito vagas. Lembro de entrar em desespero e de procurar por meus pais, sem sucesso. Eles não estavam em casa, e estava um caos do lado de fora. Ninguém parecia ser capaz de me reconhecer em meio a correria desordenada, e eu mesmo não me lembro do que fiz após sair. Só sei que quando me dei por mim, o homem de casaco branco estava ao meu lado e os gritos haviam se acabado.

Todos haviam perdido a consciência, e esperavam deitados o impiedoso julgamento. Sim, lembro-me de encarar aquilo como uma punição, como se a "esperança" que nos fora dada era desmerecida, e alguém viera para nos cobrar uma espécie de divida celestial. Eu estava prestes a aceitar meu destino, quando escutei uma voz levemente familiar:

"Me perdoe... Eu deveria ter imaginado que ele viria atrás de mim... Por favor, me perdoe pelo meu erro..." Dizia a voz.

Bem, naquela altura eu já sabia quem estava falando. O invasor, o visitante, o único que poderia ter trazido algo para nossa pacífica vila. Mas quando eu me virei para encará-lo, percebi que ele nem mesmo olhava para mim. Aquelas palavras eram para os corpos no chão. Para aqueles que eu até então pensava que estavam apenas inconscientes.

Mas as palavras seguintes eram claramente dirigidas ao homem que se encontrava parado de pé em meio aos meus antigos companheiros, carregando uma espada escura como a noite e molhada em sangue.

"Não pense que escapará dessa vez."

Mal consegui piscar meus olhos e a batalha havia começado. A espada colossal e brilhante parecia dançar com a beleza e elegância de um anjo, martelando sua oposta vermelha e negra, que difundia sua cor no céu.
Cada ataque parecia ser capaz de derrubar montanhas, cada corte era tão preciso quanto a mais precisa das flechadas. E mesmo assim, o inimigo parecia não recuar.

Aquilo era um monstro. Se a espada brilhante e seu guerreiro branco possuíam uma aparência divina, o oponente era o inferno incarnado, a morte errante. Foi como se minha mente tivesse finalmente entendido o que meu coração havia imediatamente compreendido. Aquele homem não era humano. Aquela espada não era normal, e aquele poder... Era inigualável. Aquilo só poderia ser uma coisa. Uma Portadora e sua Miséria.

Não tive tempo para me perguntar sobre as lendas que escutei desde criança, porque o que eu via era de certa forma muito diferente. Não, eu não conseguia desviar os olhos do que estava a minha frente. E também, não havia necessidade. Mesmo sem experiência nenhuma em batalhas, pude sentir: Aquela se aproximava de um fim.

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"Felicidade nenhuma tem fim se nos dedicarmos corretamente a resolver nossos problemas."

4 de nov. de 2011

Sonho de Uma Noite de Verão

Hoje a noite eu sonhei
Com seus lábios de veludo
Com seus olhos, seu tudo
Com sua paixão a me dominar
Mas que doce sonho...

Tão nítido quanto na realidade
Senti seu charme me intoxicar
Me perdi no gosto de sua saliva
E deixei minha consciência a deriva em seu mar

Aqueci minha pele fria na sua
Afagando seus dedos em suas mãos
Vi nosso amor se iluminar sob a lua
Enquanto eu lhe abraçava gentilmente
Para nunca mais soltar

Me agarrei forte a um sonho
Sabendo que logo eu iria acordar
Encurralado pela manhã
Assistindo impotente enquanto você se desfaz
Escorrendo por entre meus dedos
Por entre minhas pálpebras...

Hoje a noite eu sonhei
Com seus lábios de veludo
Com seus olhos, seu tudo
Com sua paixão a me dominar
Mas que doce sonho...

Mas que triste despertar...

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"Desejar companhia é normal. Tê-la ao seu lado é fantástico."

3 de nov. de 2011

O Devorador de Maldições - Capítulo 1: Passado (Parte 1)

De acordo com os anciões, fazem quase quatro séculos desde o fim da era dos heróis. Todas as espadas lendárias do passado foram destruídas pelas onze Misérias e suas Portadoras no final dessa era, e até hoje nosso continente não conseguiu se recuperar. Uma vez que as Portadoras transformavam seus donos em Misérias e davam a eles corpos imortais e poderes inigualáveis, nunca houve esperança para herói algum. E agora, o povo é obrigado a apenas aceitar a infelicidade eterna.

Bem, eu nunca concordei com eles. Talvez porque eu era muito infantil na época e não entendia tudo aquilo, talvez porque eu nunca havia visto uma Miséria, uma Portadora ou um herói. Mas neste momento, eu finalmente obtive minha certeza.




Minha vida toda eu morei em uma pequena vila cercada pelas montanhas, em um lugar seguro do continente. Bem, digo isso apenas porque nenhum daqueles chamados Misérias e suas Portadoras haviam jamais se aproximado dali. A vila ficava em um lugar horrível, próximo das regiões da floresta onde habitavam ursos e lobos. Sempre tive uma vida difícil, mas fui educado a não reclamar. Diziam-me que era uma benção termos "apenas" lobos e ursos como visitantes...

Tirávamos o necessário para viver da terra e dos rios, mas mal conseguíamos alimentar nossas crianças e idosos. Respirávamos o ar poluído por uma maldição antiga, e sofríamos por pecados que nunca cometemos. Mesmo assim eles ousavam dizer aquela palavra: "Benção".

Isso criou minha primeira imagem, meu primeiro medo das Misérias. Se realmente existia algo tão terrível que faria aquilo tudo parecer uma benção aos olhos dos sábios anciões, ele merecia ser temido. Mas logo eu cresci, e como todas as crianças da minha idade, comecei a questionar e a esquecer tais temores.

Então veio a adolescência, e eu comecei a perceber melhor o mundo ao meu redor. Os mais velhos, aqueles que fugiram de além das montanhas, não pareciam ser capazes de sentir felicidade. Isso nunca me passara pela cabeça, mas assim que eu me dei conta desse fato, meu segundo medo das Misérias nascera.

Afinal, aquelas pessoas eram fortes. Eram eles que enfrentavam os ursos e os lobos sem temer dia após dia. que adentravam a floresta por dias e noites procurando por comida. Aquelas pessoas, aos meus olhos de criança, não temiam nada.

Mas agora eu entendia o porque. Um terror que eu nunca poderia imaginar já havia os dominado uma vez, e roubado tudo o que podia de suas pobres almas. Aquelas criaturas que eu temera em minha infância eram reais.

Então, vivi minha vida agradecendo por nunca telas visto. E fui feliz, até aquele dia. O dia em que o homem do casaco branco apareceu.

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"A diferença entre o medo e o terror é que o medo pode ser combatido com coragem."

1 de nov. de 2011

A Cidade Onde o Vento Não Sopra

E mais um dia se arrasta, na cidade onde o vento não sopra.

Sem mudanças, sem brilho. Sem tristezas, sem frio. Parada, doente, mas incapaz de apodrecer.

A simples cidade cercada pelas montanhas, morta viva, sem pulso, sem pensamento, cheia de pessoas conformadas e crianças incuriosas. A cidade cinzenta, de céu branco e chão de asfalto, toda decorada com concreto e madeira seca.

Em seu cotidiano, onde nem o tempo sabe mais como fluir, as pessoas se perdem executando funções mecânicas. Sem conhecer renovação, sem conhecer a surpresa, sem conhecer o inesperado, sem conhecer...

E assim, mais um dia se arrasta, na simplesmente monótona cidade onde o vento não sopra.

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"A mudança é um estado constante do homem. Permanecer o mesmo é simplesmente anti-natural, pois é o mesmo que negar cada segundo que vivemos."

30 de out. de 2011

O Adeus de Um Sacrifício

Eu já não me lembro por quais razões
Eu me recusava a aceitar
Mas agora, eu só lamento uma coisa:
Não pude ser eu a acompanhá-la
Pois não importa o quanto eu corra e negue
Eu nunca poderia alcançá-la
Por isso,
Me esforçarei para não dizer isso chorando
Seja feliz, minha donzela mais amada...

Neste momento, me encontro imaginando
Abraçando uma última pequena ilusão
E se eu tivesse chegado antes?
Teria eu agora o seu coração?
Sua companhia?
Seus lábios?
Então sorrio
E empurro para longe as dúvidas

Queria ter um dia me deitado em seu colo
Assistindo juntos o desabrochar da primavera
Provando do teu carinho, da maciez de sua mão
Ah... Como teria sido bom...

Pensando em você
Que me deu tanta alegria
Sinto-me capaz de superar toda a dor
Peço desculpas por não estar mais ao seu lado
É onde eu mais gostaria
Mas não é meu lugar
De agora em diante
Ele irá lhe proteger
E para que vocês possam seguir adiante
Eu lhe digo Adeus
Por isso,

Mostre a ele seu mais belo sorriso
E seja feliz, minha donzela mais amada...

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"É nossa responsabilidade nos tornarmos felizes por aqueles que não puderam tal sonho realizar."

27 de out. de 2011

Crônicas de um Espírito - Capítulo 7

Só para constar, eu sou espírita, mas não terminei a evangelização nem nada. Muito do que eu falo vem do meu próprio presumir e entender das coisas, então me perdoem caso haja alguma incoerência com o que é dito na doutrina.


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Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes nos apegamos tanto ao passageiro que mesmo depois de muito sofrimento, ainda negamos a mudança. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho iluminar os pensamentos de nossos irmãos que se deixaram dominar pela matéria.


Já fazem alguns meses desde que eu comecei a acompanhar este caso. Mesmo depois da morte, este irmão se recusou a entender e a aceitar o que se sucedeu, e até o momento ainda não se desprendeu da matéria.


A dor do desfalecer da carne e dos ossos já o levou a loucura diversas vezes, a ponto dele nem mesmo lembrar sua própria identidade. E ainda assim, ele permanece fechado para mim.


É a escolha dele. Enquanto ele não desejar ajuda, não posso intervir. Apenas Deus sabe por quanto tempo ainda vou ter que esperar aqui, ao lado dele, até que algo possa ser feito. 


...


Mais alguns meses se passaram. Mal sobraram ossos agora, e ele fez muito pouco progresso. Durante alguns segundos, ele pôde me enxergar, e esteve bem perto de pedir ajuda. Mas agora que eu já pude amenizar sua dor e ele em fim recuperou algumas de suas memórias, as verdadeiras reflexões irão começar.


Depois, ele precisará de um tempo para se curar de todas as feridas em seu perispírito. Quem sabe então ele estará finalmente preparado para estudar suas próprias atitudes e voltar para corrigir seus erros.


Pobre irmão... 


...


Depois de mais algumas semanas, ele finalmente clamou por minha ajuda. Todas as orações direcionadas a ele durante tanto tempo fizeram efeito, ele parece ter compreendido muito mais do que eu esperava. Agora vem a parte difícil, adquirir a sabedoria para lidar com essa nova compreensão. 


Isso é só o começo de mais um longo trabalho. Mas as coisas serão bem melhores daqui para frente.


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"Quando só existe dor e sofrimento no presente, aqueles que acreditam na felicidade sabem que a única resposta esta no futuro."

25 de out. de 2011

Minha Mais Bela Fantasia

Queria ser capaz
De escrever uma poesia
Repleta de verdades
E repleta de magia

Daquelas que falam de amor
Comparando-o sempre a alguma espécie de flor
Ou daquelas que narram um belo romance
Onde dois jovens felizes se tornam amantes

Queria escrever
Sobre um belo sorriso
Sobre o calor do Sol
E o conforto de um beijo

Mas se narro a verdade
Sei lembrar apenas dor e saudade
E se uso de minhas magias
Faço criar apenas ilusão e falsidade

Apenas uma realidade vazia

Ah, a triste sina
Da minha inexperiente e tola poesia...

Enquanto eu só souber desejar
Mentalizar aquilo que eu poderia ter
Estarei destinado a andar
Cada vez mais distante de quem quero ser

Queria ser capaz
De escrever uma poesia
Com todos os meus ideais e sonhos
E que narrasse minha mais bela fantasia...

Lucas Rangel Lima

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"Quão absurda é uma contradição que faz todo o sentido?"

O Desejar de um Abraço

Você,
Que apanhou estas palavras jogadas ao vento
Seria capaz de responder minhas dúvidas?
Seria capaz de sentir minhas emoções?
Ou, pelo menos,
As de alguém que esteja mais próximo?

Mas espere,
Pense bastante antes de responder
Pois a resposta que damos a nós mesmos
É sempre a mais importante
E se enganar no compreender do outro
Pode se provar uma das coisas mais cruéis...

Primeiro, a respeito das dúvidas
Ou em outras palavras, a insegurança
Aquilo que traz consigo o medo
E que nos engole pelo coração

-Pelo menos aos meus olhos-

Quando lhe pedi uma resposta
Queria de ti uma certeza
Algo que eu, sozinho,
Já não posso mais criar
Não precisa nem ser feita de palavras
Um gesto, um beijo,
Ou o simples desejar de um abraço
Para mim já bastaria

E por fim, a respeito das emoções
Tanto nossas espadas quanto guilhotinas
Aquilo que nos move ou nos para
Quando enfrentamos a escuridão

-Ou seja, o tempo todo-

Agora eu me encontro parado
Apelando a você, um estranho
Pois essa cruel e fria escuridão
Já me cansou há muito
E eu já nem sei mais
Se ainda quero seus frutos
Tão doces, tão distantes,
Tanto quanto aqueles que estão aqui,
Ao meu lado

Se não quiser me estender a mão,
Tudo bem
Desde que esta reflexão alcance o que jaz entre teus ouvidos
Desde que a forças por trás destas palavras seja passada à frente
Dentro de seus gestos
Para com outro perdido.

Lucas Rangel Lima

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"Arte é transformar pensamentos em palavras. Pois estas por sua vez, dão origem a atitudes."

Um Pouco da Minha Opinião

Bem, seguindo o exemplo do Cond Klaus, vou deixar aqui uma dissertação relativamente superficial a respeito do preconceito, que em suas várias formas vem criado problemas desde muitos anos atrás.

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Na sociedade de hoje em dia, o preconceito (seja de cor, seja de sexualidade) tem se provado uma das doenças mais bem "disfarçadas" e ignoradas na sociedade, mesmo estando profundamente enraizado em cada um de nós.

Os negros por exemplo, sendo uma minoria historicamente prejudicada, ainda compõem uma maioria entre os mais pobres e menos estudados, destacando o estigma repulsivo do preconceito no nosso jeito de pensar. Por mais sutil que este seja.

Escolher o branco, o homem, o hétero ou o sei lá o quê em detrimento de outro grupo é algo comum. Estúpido, mas comum. Afinal, o  preconceito vai desde o transexual apanhando na rua até o jovem branco que quer fazer amizade com o garoto negro da sala para não parecer preconceituoso. Sem nem mesmo precisar estar acompanhado de más intenções (ou de meras intenções), o preconceito persiste.

Ele é uma doença que pode se apresentar numa quantidade tão vasta de formas e níveis que é simplesmente ridículo pensar em alguém que não o possua. Faz parte dos mecanismos de defesa do ser humano julgar ao próximo, e eu não estou aqui para protestar por um mundo livre disso (principalmente porque eu seria um hipócrita se o fizesse...)

Só quero destacar o ridículo de alguns discursos e atitudes:

"Se ele pode vestir uma camiseta escrito '100% negro', porque eu não posso vestir uma camiseta escrito '100% branco'?"

A coisa não é exatamente como disse Cond Klaus. Existe uma mensagem, um pensamento, uma auto afirmação por trás das camisas "100% negro", "orgulho negro", "Viva a parada Gay!" e etc. Elas são um método de reforçar a democracia, o direito de escolha, um apelo pelas minorias que tanto lutaram (e ainda lutam) por direitos iguais.

"Eu não tenho preconceito contra gays. Só não quero que eles se beijem na minha frente. É uma coisa muito chocante."

Bem, também não direi algo como "Se lhe incomoda, feche os olhos". Na minha opinião, deveríamos abri-los bastante e prestar muita atenção, quanto mais "chocante" for. Simplesmente porque não deveria ser. A "coisa errada" que você sente está em você, não neles. Afinal, se eles são homossexuais, é exatamente isso que deveriam estar fazendo. Pessoas que dizem isso estão basicamente dizendo "Eles podem ser gays, mas só na casa deles. Aqui fora, dentro da sociedade, eles precisam agir como bons héteros.".

"Acho que mulher tem que ter o direito de trabalhar, mas eu não gostaria de ser sustentado por uma. Muito menos deixá-la mandar na minha casa."

Quase me esqueci dessa faceta do preconceito, o que seria uma enorme falha minha (e mostra como existe sim um preconceito em mim em relação a esse assunto, uma vez que minha mente julgou preconceitos de cor e sexualidade mais importantes do que de gênero). Esse tipo de fala é exatamente igual a anterior, mas além de dizer que uma mulher não deveria estar acima de um homem, também possui uma conotação mais sutil que diz que homens não deveriam cuidar de suas casas no lugar da parceira. Isso É preconceito SIM, tão infundado e absurdo quanto qualquer outro. E eu não estou dizendo isso só porque ser sustentado por uma mulher é o meu sonho de consumo.

Por sermos diferentes, é claro que vamos ter opiniões e atitudes diferentes. Mas cada caso é um caso, e tolerar não basta mais como resposta, uma vez que quem tolera concorda com os homofóbicos e com o preconceito em si. A única resposta de verdade é a aceitação e o entendimento.

Lucas Rangel Lima

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"Se algo que você enxergou incomoda seu orgulho, lave bem os seus olhos e livre-se do segundo."

21 de out. de 2011

Uma Boa História

Hoje eu terminei de assistir mais uma série curta de doze episódios, Tsukihime, daquelas das quais eu vou lembrar apenas vagamente daqui a alguns poucos meses. Não era nenhum "Titanic" da vida, mas os sentimentos contidos naquela obra eram sinceros.

Um protagonista que carrega o estigma de um acidente na juventude

Uma garota que repentinamente começa a fazer parte de sua vida com uma naturalidade anormal

Uma mulher misteriosa que se aproxima dele com intenções desconhecidas

Uma reunião com a irmã mais nova afastada a anos, e agora se encontra completamente diferente

E os companheiros, dos quais o protagonista vai se afastar cada vez mais com o desenrolar dos fatos

São basicamente estes os elementos que formavam a obra, omitindo alguns outros fatos importantes. O protagonista enfrenta seus defeitos, cria laços com aquelas que escolheram acompanhá-lo, ganha força e supera seus traumas.

A garota acompanha o protagonista, vê nele a gentileza e escolhe protegê-lo. Mesmo sabendo que não vai poder fazê-lo por muito tempo.

A mulher a principio o odeia, mas depois percebe que ele se tornou tudo para ela, que nunca teve nada. No fim, eles se apaixonam e ela faz sua escolha final.

A irmã, assombrada pelos pecados do passado envolvendo o irmão, chora a perda e o erro cometido pela inocência após finalmente tudo ser revelado e encerrado.

E os companheiros simplesmente observam enquanto o mundo em que o jovem protagonista vivia muda repentinamente e desaparece, levando consigo as imaturidades e displicências do passado.

No fim, sobram apenas as memórias daquelas que não podiam acompanhá-lo por mais tempo. E ele segue a vida, pensando em mais hipóteses felizes.

Ah... foi uma boa história. Não fez ninguém chorar, mas estava repleta de poesia. Você só precisa olhar com os olhos certos...

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"Não devemos nos deixar levar pela ilusão da perda, pois as únicas coisas que realmente possuímos são as memórias. E estas estão gravadas em um lugar muito bem escondido."

11 de out. de 2011

O Devorador de Maldições - Prólogo

Então, faz um tempo que eu to pensando em voltar com outro conto, tipo O Rei e o Lobo (adorei escrever aquilo), mas não tinha nenhuma ideia para desdobrar (mesma razão por n]ao estar continuando A Vida Que Eu Sonhava Ter e More Than a Soldier, Less Than a Man), portanto me perdoem se está não ficar muito boa.

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Em uma era antiga, quando os homens ainda dominavam os segredos da magia e dos reinos divinos, nasceu entre eles um jovem promissor, que se destacava principalmente nas artes da forja e da feitiçaria. Seus dons eram inequiparáveis, permitindo-o a alcançar a maestria em uma vasta quantidade de estilos antes mesmo da idade adulta.

Cada uma das espadas encantadas que ele forjava era digna dos maiores heróis, e não havia um homem que ao colocar suas mãos em uma delas não realizou feitos lendários.

Porém, isso pouco interessava ao jovem. Uma vez que sua visão e compreensão ascendiam as dos que o cercavam, tudo o que se passava era óbvio, e portanto comum a ele. Por entender demais, ele perdeu a capacidade de interagir e compartilhar com seus iguais.

Então, ele continuou forjando, a procura do que lhe faltava. Em sua cabeça, as espadas que saiam de sua fornalha eram as únicas companheiras que ele possuía. E mesmo elas, por conta de sua excelência, estavam destinadas a abandoná-lo.

Dia após dia ele dedicava seu tempo aos estudos, a busca por materiais e por novos encantos, forjando cada vez mais poderosas armas. Na idade adulta, ele já não permitia que suas companheiras vivessem mais de um dia, uma vez que estas agora eram tão poderosas que sua mera existência punha em risco a centenas de vidas.

A solidão e o tempo o haviam cegado. Ou melhor, o havia feito entender que ele nunca alcançaria sua resposta. Não importasse quantas espadas criasse, quantos heróis elas por si mesmas criassem, quanto significado seus feitos obtivessem, ele continuaria tão distante e solitário quanto sempre estivera.

E como seu último ato, talvez porque já havia sido dominado pelo cansaço, talvez como um último recurso para realizar seu objetivo, ele forjou treze lâminas. Cada uma com a capacidade de entender o coração de seu mestre e manifestar a força do espírito do mesmo. Dessa forma, mesmo que ele nunca fosse entender o coração de  outra pessoa, aquelas que ele considerava sua única companhia iriam fazê-lo.

Assim, o pobre ferreiro morreu, sem saber que as lâminas que ele havia criado como sua esperança receberiam um dia a alcunha de "Portadoras* da Desgraça".

*"Portadoras" com a conotação de quem traz, não de quem carrega.

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"Não importa o que dizem, apenas tentar compreender o próximo nunca basta. Este se provaria apenas mais um modo de morrer sozinho. O que mais precisamos é nesse processo, sermos compreendidos."

5 de out. de 2011

Eliza


Esta eu escrevi lá por fevereiro. Resolvi postar aqui a pedido de uma colega minha, mas não se enganem, é uma das minhas favoritas.

Satisfeita Karina?

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Desperto no meio da noite
Num repetir incansável do ontem e do amanhã
Me levanto com os olhos cansados
Pronto para enfrentar mais uma sonolenta manhã

Pois em minhas costas, carrego diversas cicatrizes
Dos incontáveis dias que passei viajando
E em meu peito, descanço preciosas memórias
Um pequeno espólio do tempo em que estive ao seu lado

Simplesmente me sinto seguro
Mesmo de ti estando agora separado
Solidão nenhuma reside em minha casa
Já que mesmo sozinho, eu ainda consigo me sentir amado

Mas esta manhã, encontrei sua porta fechada
E a satisfação daqueles poucos momentos se foi
Não mais eu veria o rosto da minha mulher amada
E eu já não queria viver o que viria depois

Não mais despertei como fazia até ontem
Porque sem você, meu amanhã nunca chegou
Não mais me preocupei com as minhas olheiras
Porque sem sua luz, meus olhos nem se abriam

E então, as cicatrizes voltaram a sangrar
Revivendo as batalhas que travei no passado
E nesse sangue, minhas memórias começaram a se afogar
Inundando meu espólio com o pesar mais pesado

Minha segurança se esvaiu, como num triste pesadelo
Agora sim estávamos realmente separados
E mesmo estando cercado por fiéis amigos e companheiros
Comparados a seu amor, não havia mais nada ao meu lado

Tive a impressão de ter te escutado
Tive a impressão de ter sentido a sua presença
Sentido os seus dedos gelados
Cruéis apertando meu peito
Tive a impressão de ter te encontrado
De que se virasse de costas, iria me lembrar
Que se eu me virasse, iria te ver

Mas era apenas um sonho.

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"Certifique-se de estar fazendo o certo hoje, pois o amanhã está muito mais perto do que o ontem."

27 de set. de 2011

Ilya

Yay! Este é (técnicamente) o centésimo post do Blog! Muito obrigado a todos que continuam visitando e lendo as nossas obras! Espero que possam nos acompanhar por mais 100 histórias.

Inspirada em um trecho do final verdadeiro de Heavens Feel, Fate\Stay Night.

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Mesmo tendo prometido
Que seria forte o suficiente
Que seria capaz de consertar tudo
De te compensar por tudo
No final,
Não pude fazer nada para te impedir.
E apesar da minha impotência
Perante a crueldade da sua história
Do seu triste destino
Mesmo sabendo que não havia escapatória
Eu ainda me sinto culpado
Por tê-la visto partir

Não queria ter de sacrificar nada
Mas no final, nem mesmo seu nome eu conseguia dizer
Não queria ter de viver uma felicidade manchada
Mas mesmo assim, não fui capaz de negar
Quando você me perguntou
Se eu queria viver

Sei que já deveria ter me preparado
Afinal, abri mão de tudo,
Só para chegar até o fim.
Era óbvio
Que quando chegasse o momento
Eu já não teria forças para voltar
Mal restaria minha vontade
Eu não enxergaria o meu objetivo
Teria sido tudo em vão

Era óbvio que você iria assumir o meu lugar
Como uma boa irmã
Apesar de merecer a felicidade muito mais do que eu

No fim
Por ter tentado sacrificado tudo de mim
Para não ter de sacrificar nada mais
Fui incapaz de impedir o último sacrifício
O mais cruel
E injusto

Agora, não posso nem mesmo dizer obrigado
Aquela que me protegeu
Que me salvou e me amou
A garota de cabelos brancos e olhos vermelhos
Que detestava o frio
Mas gostava da neve

Aquela a quem eu nunca vou me esquecer
Ou nunca deveria ter me esquecido...


Lucas Rangel Lima

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"Para sermos capaz de cuidar de alguém, devemos primeiro nos tornarmos capazes de cuidar de nós mesmos"

26 de set. de 2011

A Sombra Oca - O Filósofo Vazio

Era sábado, e minha vida era oca... Solitário, confuso, sem amigos ou amantes; e nem sequer uma realização que valha ser lembrada.
Acordei e abri os olhos, não necessariamente nessa ordem. Protelei como sempre para levantar da cama, tomei café e percebi a comodidade com que eu me enterrei nessa deprimente rotina...
Não havia absolutamente nada, de bom ou de ruim, que vá ser lembrado...
 Prossegui meu dia, atônito, e a cada momento mais certo de que, se eu desaparecesse de repente, não faria a menor diferença para o funcionamento do universo. Lembrei-me então do sonho, o que eu tive antes de acordar e, por consequência, perceber que sou nulo.
Era vazio, escuro e assombrosamente familiar... Sem nada a vista nem som algum para se ouvir. Apenas um vazio aterrador, que era assombrosamente familiar; só depois de acordar percebi que aquilo era minha vida, meu passado, meu presente, e se eu não fizesse algo a respeito, meu futuro...
Foi então, com meros sete anos de idade, que eu percebi a necessidade de mudar. Pois “se penso, logo existo”, ao não pensar, opino por não existir... E sendo o pensar a premissa de fazer, se não o fiz foi por não pensar. Precisava então começar a pensar, a questionar para então, fazer algo a respeito; e quem sabe remover o vazio que se fixava em meu peito.
Foi nesse dia, talvez por um sonho apressadamente interpretado, que eu me tornei, uma sombra oca...

Quintal

As vezes, quando me encontro particularmente incomodado pelo tédio nas horas em que não tenho nada a fazer, eu acabo me sentando em algum lugar fora de casa para observar atenciosamente meu próprio quintal.

Faço isso mais por preguiça na verdade, pois eu poderia muito bem andar até a praia ou vagar por aí a procura de algo para fazer. Não, talvez não seja preguiça exatamente. Não é como se eu estivesse procurando uma paisagem para ver ou um trabalho a ser feito. Eu só quero pensar, clarear a mente, e o meu quintal é o suficiente para isso.

De qualquer forma, ultimamente essa atividade tem se tornando algo cada vez mais doloroso. Não só por causa da chuva e do tempo frio, prefiro muito mais a companhia deles do que a do calor e do sol. Eu estou cansado.

Cada dia que passa eu continuo tateando o chão dentro de um nevoeiro. Sabe, procurando as razões pelas quais eu faço o que faço. Tudo é facilmente respondido, uma vez que homem nenhum faz algo sem propósito. Mas aí chegamos no que mais me incomoda:

"Porque eu NÃO faço o que eu quero?"

O problema não é nem que eu não consigo responder. Pelo contrário, eu consigo, e não sou capaz de fazer nada em relação à resposta.

Se eu não soubesse, bastaria procurar saber. Se eu pudesse fazer alguma coisa, bastaria fazê-lo. Mas ser impotente perante a própria infelicidade é muito frustrante.

É como se eu não estivesse inteiro. Falta alguma coisa, uma parte de mim, da minha alma, algo que vai me preencher com as sensações que eu tanto desejo.

É engraçado. Olhar para o meu quintal já não é mais a mesma coisa.

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"Viva pelo que quiser, se puder. Caso contrário, sobreviva até poder viver."

23 de set. de 2011

O Rei e o Lobo - Capítulo Final: O Rei, O Lobo, O Homem.

Reescrevi o fim. Espero que gostem. Ah, eu guardei a versão antiga, mas ela não está mais no site. Caso queiram lê-la novamente, me avisem nos comentários.

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Dias e meses se arrastaram. O castelo, a cidade, a floresta e em seguida, o restante do reino. Tudo se tornou um campo de batalha, e todos se tornaram vítimas de algo que só poderia ser comparado a uma guerra.

De um lado, uma fera negra e vermelha, que parecia não ser mais capaz de sentir a dor de suas feridas.

Do outro, um homem brilhando dourado, que parecia não ser mais capaz de conter o prazer de sua loucura.

Impotentes, os sobreviventes faziam apenas rezar e fugir, na esperança de que um dia a batalha chegasse a um fim. Esperando que um herói, como o que desapareceu anos atrás, se revelasse. Esperando que seu rei finalmente vencesse, e trouxesse de volta a paz. Ou até mesmo que a fera o devorasse e aplacasse sua fúria.

Mas nenhum desses sentimentos pôde jamais alcançou nenhum dos dois. Depois de tanto tempo em constante batalha, a unica coisa que ambos conseguiam perceber eram um ao outro. E o único desejo que eles conseguiam compartilhar era o de matar e usurpar a vida e o poder de seu oponente.

Era como se antes mesmo da batalha ter fim, as presas tivessem se unido novamente. Suas vontades, seus pensamentos, suas ações, sues corpos, tudo estava sincronizado. Nem mesmo a fera original, enlouquecida pela eternidade, havia as sublimado a tal nível. Qualquer sentimento a diferenciar seus mestres já havia sido jogado fora pelo bem da vitória. 

Logo, a batalha não tinha fim. Nunca teria. Os dois loucos infinitamente poderosos estavam destinados a batalhar para sempre e destruir a tudo.  

E assim foi. Todos os desejos e sentimentos que guiaram as peças até aquele momento haviam caído por terra, engolidos pela fúria. Uma chama que iria a tudo queimar, até que sobrasse somente a si mesma.

O reino logo encontrou seu fim. A terra também não tardou a ser silenciada. A única coisa que os impedia de acabar com o restante do mundo era o oceano.

E assim eles continuaram, até os dias de hoje. Destruindo suas próprias terras, seus entes queridos, seus servos leais e seus antigos protegidos. Seus antigos sentimentos, suas antigas ambições, até mesmo a memória dos dias de paz, tudo sendo arrastado e apagado por sua fúria. Uma premissa para a humanidade em contradição com a sua própria selvageria, estando igualmente destinada a auto-destruição em fúria.

Lucas Rangel Lima

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"O fim de um grande herói (ou vilão) é sempre o prólogo de um novo mundo"

16 de set. de 2011

A Beleza

Alguns as vezes me perguntam
O porque desse meu apego a tristeza
A razão de eu nunca ter saído da chuva
De que tudo que eu escrevo
Ser sempre tão sombrio

Ao que eu sempre respondo:
"Porque é belo.
É poesia
A comovente melancolia
Que toca tua alma e treme teu corpo
Simplesmente lindo"

Ainda assim,
Não compreendem
Me tomam por um tolo
Um louco
Ou por um simples revoltado

Ha! Quase rio!

Afinal, é tudo tão simples!
A tristeza é sempre uma lição
E como esta, é sempre seguida por compreensão
É ela que superamos, Ela é o amor,
E é nesse superar que aprendemos
A triste beleza da dor

Lucas Rangel Lima

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"A beleza é relativa, tão relativa quanto qualquer sentimento. Portanto, devemos tomar cuidado ao procurar nossas preferências naqueles que nos cercam"

Contradição e Aceitação

Me sinto dormindo
Fora da minha própria carne
Trancado dentro de mim mesmo
Apenas assistindo

A minha "vida"

Sem razão nem vontade,
"Eu" continuo aqui, "vivendo"
Dia após dia, nesta cidade
Onde meu coração não possui alento

"Não posso continuar assim"
Pensava, parado
"Eventualmente, terei que me mover"
Pensava, paralisado
"Em algum momento... Algo precisa mudar"
Pensava, mentindo para mim mesmo
Sabendo que as correntes que me prendiam
Nem mesmo haviam tremido

Indiferente aos meus desejos
Indiferente ao meu egoísmo
Indiferente até mesmo a minha felicidade
Meu corpo nem mesmo tentou
Demorou, mas enfim percebi
Eu não posso alcançar
O que minha mão se recusa a tocar

Deixei tudo ir
Deixando também finalmente de dormir
Deixei tudo escorrer por meus dedos
Como água, névoa ou lágrima
Aceitei minha solidão
E decidi "continuar vivendo"...

Lucas Rangel Lima

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"Não há dor mais contraditória e irônica do que a sentida quando nos tornamos incapazes de possuir aquilo  de que mais precisamos"

A Falta de uma Vida

Depois de refletir longamente
Finalmente pude entender minha doença
Consegui transformar essa dor em palavras
Mas ainda assim,
Não sei o que fazer...

Sempre senti uma estranha leveza
Uma dormência sentimental
E apesar de saber exatamente o que faltava
Eu não podia fazer nada a respeito
Uma vez que estava sozinho

"Ninguém pode viver por si mesmo"
Eu já havia entendido isso
Mas mesmo assim,
Eu continuava minha vida sem sentido
Sem ter a quem doar
Nem de quem receber

Parecia que eu estava vazio
Ou pelo menos,
Que aquilo que me preenchia
Era pura solidão

Pois mesmo quando cercado de companheiros
Nenhum deles compartilhava de minha alma
E mesmo amando e sendo amado por muitos
Ninguém conseguia tocar
A minha leve e triste calma

Mesmo agora,
Eu apenas procuro.
Algo que me faça sentir,
Que me complete
Que me proporcione os sentimentos
Que eu tanto admiro
E descrevo
Nessas minhas poesias

Uma vida.

Lucas Rangel Lima

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"Não importa qual for a distância. Se sua mão não alcança, você não pode possuir"

6 de set. de 2011

Refúgio

As vezes, sinto que estou preso dentro de minha própria mente, caminhando através de cenários que não deveriam estar conectados, vendo momentos tão distantes uns dos outros e principalmente, do agora...

Já não reconheço a "realidade", uma vez que o que me parece ser uma "ilusão" se tornou mais tangível e precioso do que qualquer outra coisa em meu coração. Estaria eu louco, apaixonado por uma fantasia criada por mim mesmo? Louco, por amar com toda minha força aquilo que minhas mãos não conseguem tocar? Sim, devo estar.

Mas essa minha loucura é de longe mais sana do que aquela que infesta minha realidade.

Afinal, não é sem razão que eu não reconheço nada que me cerca. Tudo é tão confuso, tão sem propósito e tão infantil que não me sobram escolhas.

Quando abro os olhos, sinto nojo. Quando os fecho, sobra apenas a solidão. Doce ironia...

Ainda assim, prefiro mantê-los fechados e continuar sonhando. Dessa forma, posso ficar sozinho, mas pelo menos não estarei tão triste.

Volto a caminhar dentro de minha própria mente, fugindo do que é, vendo o que já foi e perseguindo incansavelmente o que nunca será...

Lucas Rangel Lima

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"Quando paramos de tentar realizar nossos sonhos, deixamos a realidade se tornar um pesadelo."

2 de set. de 2011

O Quadro de Minha Amada

Quando ela me pediu para acompanhá-la
Para adentrar a imensa e sombria torre que a abrigava
Eu não poderia ter imaginado
Que com apenas uma pergunta
Ela dominaria para sempre meu coração

"Você gostaria de ver o quadro que eu pintei?"

Na hora, não consegui responder
Não pude dizer nem uma palavra
Fiquei paralisado, imaginando
O que poderia acontecer depois...

Eu queria ter dito "Sim"
Imediatamente
Mas aquele olhar tímido me parou...
O pequeno sorriso que ela tentava esboçar,
Transbordando fragilidade,
Estava repleto com tantas dúvidas que eu tremi por dentro

Seria este quadro
Tão belo e inocente quanto ela?
Tão repleto de Luz quanto ela?
Seria ele tão feliz
Quanto ela me parece ser?

Ou seria ele triste
Um reflexo desta torre onde ela vive
Escuro, frio, solitário
Tudo que eu não quero... Vê-la sentir?

Fiquei com medo
Hesitante
Ver aquele quadro seria ver o que existe no coração dela
Estaria eu preparado para isso?
Para aceitá-la por completo?

Não consegui responder
Havia muita coisa em jogo
Eu não podia arriscar de feri-la
Com uma ação impensada

Quase pensei em recusar

"Você não precisa ver, ser não quiser"
Ecoou a voz dela
Tímida, incerta, quase confusa
Me trazendo de volta
"Eu... Só queria mostrá-lo a você
Como forma de agradecimento
Por ter sempre estado comigo"

E simples assim,
Tais palavras afastaram as dúvidas
É claro que eu queria ver
O quadro de minha amada,
Seu coração...

E,
Acima de tudo,
É claro que eu iria aceitá-la

Lucas Rangel Lima

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"É preciso muita coragem para se abrir para alguém, mas apenas um pouco de tolice para magoar alguém tão corajoso"

29 de ago. de 2011

O Tirano

Um dia, um homem nasceu. Um homem que com seu poder e suas ambições, mudaria a vida de todos ao seu redor.

Ao longo de sua infância, ele treinou e estudou muito com o intuito de proteger seus princípios e de refinar sua moral. Em sua adolescência, ele já havia se tornado um exímio político e um incomparável guerreiro. Todos o amavam e o admiravam.

E foi com esse apoio que ele começou a ganhar poder. Lentamente, mas de forma notável, ele aumentou sua influência, e com tal influência, ele colocou seus planos em ação.

Criando leis que fortaleciam a democracia, tomando medidas e fazendo discursos em prol do povo, suas ações foram tomando cada vez mais atenção e prestígio. Em pouco tempo, ele foi escolhido como regente de seu povo.

Foi então que tudo começou. Uma vez no poder, ele cometeu o maior erro que poderia cometer como um governante: Ordenar. A idéia de melhorar a qualidade de vida de seu povo permanecia, mas agora ele possuía o poder de usar qualquer meio para tal.

Esse foi o primeiro passo para a queda de seus princípios. Lentamente, conforme eles se livrava daquilo e daqueles que se punham a ele, novas ideias brotavam em sua cabeça. Agora, ele já não achava que todos mereciam a paz e comodidade oferecidas por seu reino. Apenas aqueles que concordassem com os ideais dele e que aceitassem todos os seus atos seriam dignos de tal benefício. E com o passar do tempo, esse grupo de tornou muito pequeno.

Os rebeldes se uniram, e foram eliminados. O medo nasceu entre o restante do povo, o medo e o pesar, o arrependimento. Um a um, todos que se opuseram, todos os que ergueram suas cabeças para discordar, todos, foram mortos.

Enfim, só sobrou um homem. O Tirano. Que ao perder seus princípios, ficou fadado a perder tudo.




Até hoje não se sabe se ele se arrependeu. Não se sabe se ele entendeu seu erro ou se ele continuou a culpar os que o enfrentaram. Só se sabe que nada disso importa mais.

Lucas Rangel Lima


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"Se és um lider, aja em função de quem é liderado. Caso contrário, será apenas mais um egoísta."

22 de ago. de 2011

Poesia sem título

Ainda estou pensando em como titular essa. Aceito sugestões.

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As vezes gostaria de saber a razão
De que mesmo compreendendo nossa situação
Meu esperar ainda pesa tanto
Meu caminhar exige tanto esforço
E meu peito aperta, com egoísmo
E saudade

Eu, que deveria estar feliz por ti
Estar contente apenas com suas palavras
Agradecido pela inspiração que me ofereces
Este meu eu,
Que lhe mereceria
E que faria tudo para sua felicidade
Agora anseia por mais
Se ilude, desejando
Por seus lábios macios como sonhos
Por seu calor confortável e tentador
E por seu corpo,
Lindo,
Luz a afastar toda a dor.

Perdão. Só estou cansado
Prometo que quanto te ver
Voltarei a ser o velho amigo
Que um dia lhe fizera rir

Lucas Rangel Lima

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"Quem se deixa confundir por seus próprios sentimentos está fadado a tristeza."

17 de ago. de 2011

A Coisa Mais Simples

Esta noite, eu tive um sonho
Um dos poucos dos quais me lembro
Neste sonho, eu tremi em seus braços
Sentindo alívio, medo, solidão
Ouvi suas desculpas, lhe perdoei
E na macies dos seus lábios, despertei
Perdido,
Carente por seus abraços
Frágil, quebradiço
Com saudades dos nossos laços

Mas é preciso mais do que um reles sonho
Para me fazer esquecer

Esquecer que fui eu que me fez mentiroso
Traindo minhas próprias palavras a ti
Fui eu que preferi desistir
Eu, para em troca ficar sozinho, que te afastei
Para que não me ferisse mais
Com minhas próprias armas

Você pode não entender o quanto te amei
Mas poderia ao menos ter confiado quando um dia lhe disse
Você pode não entender a forma que assume meu amor
Mas poderia ao menos ter prestado atenção em mim
E me abraçado,
Quando eu tanto quis

Agora não,
Não desejo mais a nada.
Obrigado, foi um sonho bonito
Mas não mostre-o a mim novamente

Não quero quem não me entende
Muito menos que nem tenta fazê-lo
Não quero alguém que nem mesmo compreende
Que não reconhece
A coisa mais simples
A mais compartilhada
A mais marcante
E a mais calada

A dor

Lucas Rangel Lima

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"Você pode ter o mundo ao seu lado e continuar sozinho. Basta ser diferente."

11 de ago. de 2011

Mais uma charada

Tentem responder nos comentários. Se alguém acetar eu aviso. No sétimo erro eu respondo.

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Quem me guarda é sábio
Quem me odeia também
Quem me possui tem sorte
Quem me usa, nem sempre

Consigo ser mais amado
Do que aquilo que mais me faz brilhar
Mas apesar de ser muito utilizado
Sou tão fútil que só me faço adorar

Quem sou?

Minha Chuva

Para aqueles que vivem o agora
Eu devo parecer um perdido
Indo e voltando entre o sonho e a realidade
A procura de um lugar a pertencer

Nessa cidade onde não há nada de novo
Onde eu não posso enxergar nem o futuro nem o passado
Fico limitado a esperar
E fitar o frio, parado na chuva.

Mesmo que o calor de alguém
Venha a algum dia aquecer minhas mãos, meus lábios
Fui eu que escolhi esperar
Eu que decidi apenas agradecer
Eu que preferi parar e pedir desculpas
Por não ser capaz de me fazer compreendido

Pois apesar de ser uma pessoa de coração forte
Eu ainda preciso de um lugar para me apoiar
E apesar de não haver nada para se temer
Não é possível, estando sozinho,
Toda a escuridão atravessar.

Mas me desculpe,
Se neste precisar de apoio
Fiz parecer que realmente o procurava
E se neste meu tatear pelo chão, cego
Fiz parecer que desejava alguma ajuda.

Afinal, eu realmente apreciaria ter companhia
Mas já que ninguém compreende o que sou
Ninguém pode afastar Minha Chuva.

Lucas Rangel Lima

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"A chuva é como a dor. Fria, indiferente e cruel, mas ainda assim, purificadora."

9 de ago. de 2011

As Músicas

Em um de meus monótonos dias de estudante, sentado em minha sala de aula, eu acabei sendo vítima de uma interessante coincidência.

Em uma aula qualquer de matemática, eu decidi me sentar em um lugar diferente do usual ao lado da janela para evitar o frio do inverno. Como resultado, me encontrei cercado de colegas com os quais eu interagia e conhecia muito pouco.

Mas isso não se mostrou um problema. Como na maioria das aulas dessa matéria, todos permaneceram em silêncio durante a explicação e eu acabei me rendendo ao sono, deitando a cabeça sobre minha mesa.

Em questão de minutos, eu consegui adormecer. Era uma aula dupla e eu já tinha feito a lição em antecipado, então eu pensei que poderia dormir por muito tempo. Mas foi então que aconteceu.

Atravessando as palavras da professora, o som dos cochichos, da respiração de todos os meus colegas, eu pude escutar uma música. Num volume tão baixo que caso eu conhecesse-a poderia acabar achando que era apenas minha imaginação.

Sem levantar minha cabeça da mesa, eu tentei procurar a origem do som, me concentrando o máximo para identificar quem poderia estar escutando-o. Mas não consegui. Seja lá quem fosse, estava sentado próximo a mim e provavelmente usava fones de ouvido, mas eu precisaria despertar e procurar para poder procurá-lo.

E eu não sei, talvez por medo de ser tudo uma espécie de sonho, ou talvez por pura preguiça mesmo, eu não me movi. Ao invés disso, permaneci apenas a escutar. Canção por canção, eu apreciei parte da coletânea favorita de alguém. Eram músicas de gêneros estranhamente diferentes, mas todas possuíam o mesmo tom melancólico. Todas elas me encantaram.

Ao final das duas aulas, a música já havia se calado. Eu nunca fiquei sabendo quem a escutava, mas a partir daquele momento, eu passei a me perguntar: "Quem entre estas pessoas com as quais eu convivo escutava canções tão lindas? Como eu poderia não ter percebido alguém com uma característica tão bela?". E não parou por aí. Em pouco tempo, essas perguntas deram raiz à outra.

"Quantas pessoas entre as quais eu convivo podem conter segredos tão simples e belos assim?"

Lucas Rangel Lima

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"Você só conhece uma pessoa até ficar sabendo de algo novo sobre ela."

5 de ago. de 2011

Canções e Laços

Refletindo sobre os "laços" que firmamos com nossos irmãos e sobre as razões de o fazê-lo, acabei chegando a uma curiosa metáfora, a qual desejaria compartilhar e da qual irei me aproveitar para expor um pouco dos meus pensamentos.

Cada pessoa é como uma música diferente, com um ritmo, pensamento, estilo e encanto diferente. É nesse coral chamado vida em que nós aprimoramos as canções de nosso próprio ser ao escutar as vozes das almas de nossos companheiros.

Por interagirmos com muitos tipos musicais diferentes, aprendemos a apreciar cada vez mais as sensações que as canções alheias nos proporcionam. E por ansiarmos por um canto cada vez mais emocionante a ecoar em nossas almas, aprendemos a unir o nosso com outro, criando assim melodias de beleza imensurável.

E apesar de julgar quase todos os cantares das almas belos, assim como muitos outros, é apenas um o qual anseio.

Aquele que aos meus ouvidos, não é só uma canção
Aquele que me faz tremer, como nenhuma outra emoção
Aquele que me ensinou a sentir o medo e a excitação

Pois se for assim, e cada pessoa for uma canção, você sozinha monopoliza a zona de guerra que é meu coração. Pois cada nuance de seu olhar só faz aumentar ainda mais meu amar. Cada semitom a ecoar de sua alma me ensina de novo ao ar respirar.

E se existe um nome para chamá-la, para nomear a canção que reflete em sua alma, eu não saberia reconhecê-lo como outra coisa se não o bom e velho "Amor".

Lucas Rangel Lima

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"Quanto mais amamos, mais deveríamos nos esforçar para evitar conflitos. Pena que muitos pregam o contrário."

30 de jul. de 2011

I Can´t Fly

I guess there are times in our lifes that we just... Can´t understand. Something we did in the past, something we are doing to someone, things that we are thinking or that we used to think... Everything that one day in the future, when we look back to analise it, will look like infant drawings.

Right now I´m feeling like that. A thought that I can´t seem to understand is taking control over myself, an invisible and untoucheable excitement... The only expression that I can think of to explain it would be "freedom".

But that feeling is stuck inside me, crushing my chest, making my body tremble. Like a chained beast, trying to release itself. It´s frustrating... In many ways...

And after thinking about it more deeply, I kind of understood what is it. I... Want to fly. Not the "driving a plane" fly, I want to feel the liberty of having the sky in my hand's grasp, to feel the wind in my face, everything...

But I guess something like that is impossible. Because I Can´t Fly. The only thing I can do is to sit here and wait, until this feeling vanish in disapointment.

And after that, I will just forget it. Like all the other infant drawings's like dreams I had.

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"Every single dream you have is like a picture drawn by yourself, directly linked to your future"

23 de jul. de 2011

O Pequeno Show

Um dia desses, enquanto andava pela rua, acabei parando para escutar um show de MPB. Era um grupo da cidade mesmo, cantando algumas músicas as quais apenas conheço (graças aos meus pais).

As canções eram belas. Não muito populares nos dias de hoje, mas ainda assim, bonitas, gostosas de se ouvir. Eu acabei perdendo a noção do tempo por alguns minutos, simplesmente admirando o toque. Mas havia uma coisa que me deixara chateado.

Quase ninguém estava ali comigo, em frente ao palco. Nas duas horas pelas quais eu acompanhei o show, aproximadamente trinta pessoas chegaram a parar para escutar. Enquanto isso, grupinhos de adolescentes se juntavam ao redor para papear e escutar músicas aleatórias sem fones de ouvido e atrapalhando deliberadamente.

Ao acabar do show, eu comecei a escutar as conversas. Aparentemente, além da impopularidade do MPB hoje em dia e dos jovens sem noção, a má publicação do evento também era um fator negativo forte que havia contribuído com aquele cenário. Afinal, ainda existem muitos dispostos a vir escutar músicas de sua época.

Acabei voltando para casa decepcionado ao invés de alegre. Apesar de carregar em minha memória um momento tão especial, eu lamento por não serem muitos que poderiam compartilhá-lo comigo.

Lucas Rangel Lima

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"Com o passar do tempo, as pessoas mudam. Para aqueles que ficam, só resta o dilema: Pesar pelo que passou ou se deixar levar pelo que veio?"

Meu Último Dia

Em meu último dia, eu acordei de mesma maneira de sempre. Meu despertador tocou as nove, depois novamente as dez, quando eu finalmente me levantei. Peguei então minha toalha, uma muda de roupa e tomei um banho. Cumprimentei meus familiares, comi meu café da manhã e saí.

Uma vez fora de casa, fui visitar alguns amigos. Não me demorei muito com nenhum em particular, mas tentei aproveitar ao máximo meu curto tempo com cada um deles. Ao final da tarde, a única coisa da qual me arrependi era do fato de não serem muitos.

Ao voltar para casa, já tendo comido alguma coisa, liguei meu computador e tratei de conversar com os amigos que não poderia visitar. Conversa aqui, conversa lá, nos despedimos e eu resolve assistir a um filme com meus pais. Passamos um tempo escolhendo para finalmente decidir pelos clássicos de sempre, então assistimos distraídos repetindo todas as falas já decoradas dos personagens.

O filme acaba tarde. Me levanto e me despeço daqueles que vão dormir. Eu ainda não posso, afinal, é meu último dia. De forma a não ter arrependimentos, eu dedico o fim desse dia a mim mesmo. Escuto minhas músicas favoritas, atualizo meu blog, penso nos meus amores e pretensões, reflito sobre a vida... Até que em fim, tudo se acaba. Sem pesares nem incertezas, apenas um dia vivido como se deveria viver todos os outros.

Lucas Rangel Lima

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"Muitos dizem que é necessário viver todos os dias como o último. Eu digo para começar vivendo pelo menos um"

19 de jul. de 2011

O Momento Em Que Esperei

Agora eu entendo a sensação,
Contraditória,
Que sentimos
Quando nosso corpo treme de alegria
Ao mesmo tempo em que nossa alma apenas treme

Se pedi por favor
Peço que esqueça.
Ou que pelo menos desconsidere...
Pois eu não tinha intenção de lhe impor nada
Quem deveria ter continuado procurando
Era eu.

Me sinto como um tolo
Ao escrever essas palavras
Um covarde, que não tem coragem de lhe dizê-las
Um hipócrita,
Que só faz ter dó de si mesmo

Mas se tenho tempo para lamentar
Também tenho tempo para refletir
E amadurecer,
Pois até agora estive pensando
Que fosses a única que poderia estar ao meu lado
Quando na verdade, quem estava a fitar suas costas
Era eu.




Se nessas palavras um dia você encontrar luz
Se ao seu lado eu um dia seja digno de ficar
Se minhas forças um dia forem suficientes para lhe alcançar
Quando este momento chegar, não vou mais me arrepender
Desse momento

Do momento em que eu apenas esperei.

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"Se não estais preparado para aceitar o tudo de alguém, também não estais preparado para pertencer por completo ao mesmo."

15 de jul. de 2011

Na Cidade Sem Futuro

Acordo cedo de manhã
E me levanto mesmo ainda estando com sono
Não como nada
Apenas lavo o rosto e o corpo
E começo um dia

Na cidade sem futuro
Simples e deprimente
Onde eu não cresci

As vezes ainda penso
No tempo em que estive longe dessas correntes
Naquele lugar onde amadureci um pouco
Onde eu podia ver além do hoje

Aqui não há nada me esperando
Nada a ser encontrado por mim
Nada que possa ser realizado por mim
Nada que possa me motivar
Nada que me faça mover

Mesmo assim eu permaneço

Na cidade sem futuro
Sem propósito, sem sonhos
De onde eu quero sair

Mas o mais triste de tudo
É que dentro dela, minha voz nada alcança
Nela, meu brilho é ofuscado
Minha vontade é estrangulada
Eu me torno uma sombra
A sombra de um poeta
Que mal faz escrever




Acordo cedo de manhã
E me levanto mesmo ainda estando com sono
Não como nada
Apenas lavo o rosto e o corpo
E começo um dia

Na cidade sem futuro
Triste e decadente
Sem esperança, sem amor

Onde apenas lágrimas podem se mover

Lucas Rangel Lima

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"Você pode estar restringido da forma mais completa possível, mas ninguém pode retirar a liberdade de seus pensamentos. Não se você não quiser"

11 de jul. de 2011

Passos

Acordo de um sonho, cansado e com frio
Em um cenário branco, pintado pela neve

Não existe contraste a se ver no horizonte
A única coisa que eu sinto é o vento

Ascendendo ao céu, como se estivesse a me chamar.

Sinto ser capaz de voar, de ir a qualquer lugar
Sinto me livre, mas só faço pensar
"Se tudo continuar assim, poderei ser... Feliz?"

Então me rendo ao vento
Ouvindo em seu sopro o som de um milagre

Afinal, se eu não conseguir,
Tenho toda a eternidade a minha frente
Toda a luz
E todo o amor que existe

Me esperam.

Lucas Rangel Lima

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"Todos temos que continuar andando em algum momento, pois nenhum sonho dura para sempre. Não importa quão bom, nem quão triste, o despertar um dia chegará."

5 de jul. de 2011

A Tristeza e o Cemitério

Era uma vez um homem, que vivia entre as centenas de túmulos de um cemitério. Este homem não tinha dinheiro nem moradia, era como uma sombra que morava em meio aos mortos e que se alimentava apenas das oferendas trazidas pelos familiares destes.

Ele era um momem sem história, sem passado. Sua vida não possuía propósito se não zelar por aqueles que já não precisam de seu auxilio. Seus dias se resumiam a perambular por aquele extenso cemitério, buscando oferendas das quais pudesse se alimentar.

Até que um dia, ele se encontrou com uma criança. Ao contrário de todos os adultos que a acompanhavam, e de todas as pessoas que ali um dia pisaram, ela se aproximou dele. Ela o notou. Para ela, ele não fazia parte do cenário, não era uma existência sem propósito. Para aquela criança, que experimentara tão cedo a dor da perda, o homem parecia ser a personificação de seus sentimentos. Todo o seu pesar, toda a sua tristeza, tudo era refletido naquela figura que vagava por ali aceitando oferendas por aqueles que não podiam fazê-lo.

E ao ver aquela figura, ao ter aquele rosto pesaroso refletido em seus olhos, a criança entendeu uma coisa, e parou de chorar. Deixou seu pesar de lado, e voltou ao altar, onde pôde abraçar seus parentes e consolá-los.

Quando todos foram embora, o homem se deu conta de seu propósito. Se deu conta de que deveria ir embora daquele lugar. Se deu conta de que os sentimentos ali depositados eram o que realmente o alimentava, e como aquela criança havia feito, deveria abandona-los.

Então ele esqueceu sua tristeza e partiu, esperando pela sua próxima chance.

Lucas Rangel Lima

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"Pesar pelo próximo é compaixão. Por si mesmo é apenas auto-piedade, e só trará mais dor"

28 de jun. de 2011

Sobre Um Jovem

Era uma vez um jovem garoto que após viver toda sua vida em uma pequena cidade, sem conhecer muitas coisas e com quase nenhuma experiência, acabou se mudando para um lugar muito distante para passar os próximos três anos, onde não possuía nenhum amigo ou conhecido.

Esse jovem parecia promissor, apesar de todos os seus numerosos defeitos e de sua falta de expectativa. Apesar da solidão inicial, ele não sucumbiu e não se deixou deprimir facilmente. Pois ele tinha uma memória, um sentimento, algo para dar-lhe ansiedade. Algo que ao mesmo tempo que o fazia querer voltar, o mantinha forte.

Esse algo o amparou por dois anos. No primeiro, ele enfrentou grandes dificuldades, como o choque cultural e o medo do desconhecido. No segundo, após ter vencido todas as outras ele se encontrou vencido pela única que realmente lhe importava.

Sua solidão o havia afastado de todos os que o acompanhavam. Ele notou que não se importava com as presenças ao redor dele, que havia aceitado o fato de que elas eram "passageiras". Novamente, a única coisa que o manteve de pé era seu fragmento de memória, agora deteriorada com o amadurecer da mente. Todas as noites ele ia dormir com aquele sentimento em seu peito, com aquelas poucas memórias em sua mente. E com apenas uma sombra de certeza.

Até que um dia, no primeiro mês de seu terceiro ano, ele enxergou luz. Muito mais radiante do que qualquer amizade, muito mais cativante do que qualquer sorriso, muito mais inspiradora do que infinitas canções. Alguém a quem compreender, a quem admirar, alguém que poderia compreender tanto quanto ele compreendia, alguém cujas idéias eram tão profundas quanto as dele, ou mais. Alguém que dali em diante, o faria dançar com uma alegria servil conforme a sua vontade. Alguém cujo simples riso o fazia feliz.

Suas memórias fragmentadas foram feitas em pó imediatamente, como a luz das estrelas se calam ao competirem com o brilho do Sol. Em uma tarde, ele viveu todos os anos que não havia vivido desde que nascera. E até hoje, quando com tal luz ele se encontra, ele se sente assim.

Sim, pois triste, o terceiro ano se acabou. Com pouquíssimos encontros, está nova luz também se calou, deixando um buraco infinitamente maior do que o de outrora. Mas agora, o jovem garoto não é mais tão jovem. Agora ele tem as forças para olhar à sua frente. Agora ele compreende que sua solidão é como uma chuva, como um belo e melancólico retrato de seus próprios sentimentos. E que, como esta, irá um dia acabar e dar lugar a pura luz.

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"Memórias são tão vagas quanto sonhos. Sentimentos não."