31 de mar. de 2013

Não Agora

Me disseram para acreditar
Que havia magia no ar
Que a noite era quieta e gelada
Mas que tudo iria passar

Me disseram que a culpa não era minha
E que eu não precisava me preocupar
Que as luzes se apagariam
As nuvens se dissipariam
E eu poderia ver as estrelas novamente

Sorrindo, como se não fosse nada
Como se o frio e o silêncio
A chuva e a confusão
Tudo o que me afligia
Fosse simplesmente momentâneo

E estavam certos

Entretanto
Apesar disso
Sem a menor dúvida

São coisas que vão perdurar para sempre
Em minha memória

Ou pelo menos,
Que me fazem sentir assim

Eu sei que as estrelas vão voltar
E sei que a noite não é bela para sempre
Sei que um dia já não vou me lembrar
Mas estou triste
E o futuro
Não serve de consolo

Não agora.

Lucas Rangel Lima

30 de mar. de 2013

Um Casal?

Caminhando sozinho
Em meio a multidão
Eu avistei um "casal".

Um homem alto
De cara fechada
Um mulher morena
Olhando para o outro lado
Apenas as mãos entrelaçadas

A principio,
Eu não pensei nada
Mas aquelas expressões
Não saíram da minha cabeça
Um contraste tão grande
Entre as mãos dadas
E o quase desgosto
Exposto no rosto
De cada um

Não entendi

E só.

Lucas Rangel Lima

29 de mar. de 2013

Ao Meu Lado

Ainda me lembro claramente
Da época em que te conheci
De toda a sua infantilidade
Dos seus desenhos mal feitos
Da sua voz desafinada
Da sua covardia
E da sua raiva

Mesmo tudo tendo acontecido
Tanto tempo atrás
Mesmo essas memórias sendo
Todas de seus defeitos

Eu nunca poderia esquecer
Pois foi essa garota 
Que não sabia fazer nada
Quem eu comecei a amar

Foi te olhando querendo se tornar uma adulta
Que meu coração acelerou pela primeira vez
Foi admirando a sua dedicação mesmo sem talento
Que eu decidi estar ao seu lado a partir de então
Foi escutando sua voz nas noites de insônia
Que eu consegui dormir apesar dos meus pesadelos
Foi te vendo tremer perante ao futuro
Que eu desejei poder te proteger para sempre
E foi te vendo enfurecer quando perdida
Que eu me apaixonei por seus defeitos

E por causa disso, eu lhe peço
Não saia do meu lado

Já não sei ser maduro
Sem ter você para cuidar de mim
Não vejo cores no mundo
Sem você rabiscando-as desordenadamente
Não consigo mais dormir
Sem a sua voz me consolando
Não sei ter coragem
Sem suas mãos empurrando minhas costas
Não consigo sentir nada
Sem seu calor me dando vida
Então por favor...

Lucas Rangel Lima

28 de mar. de 2013

Nessas Noites Solitárias

Nessas noites solitárias
Eu frequentemente me pergunto
Que tipo de sonhos eu teria
Se a voz que me fizesse dormir
Fosse a sua?
Se a última coisa que visse
Fosse meu reflexo em seus olhos
Ao adormecer?

Nessas noites solitárias
Eu te procuro em meu leito
Te imaginando a me abraçar
Sonhando antes de dormir
E esperando que o sonho continue
Até eu acordar

Nessas noites solitárias
Eu me enrolo em cobertores
E rezo para que onde quer que esteja
Você esteja pensando em mim

Nessas noites solitárias
Eu continuo a me enganar

Nessas noites solitárias
Eu anseio apenas por sonhar

Nessas noites solitárias
Eu relembro nossas conversas
Procuro entender meus erros
E espero ser um dia perdoado

Nessas noites solitárias
Eu penso em você sorrindo
E consolo a mim mesmo
Curo as feridas da minha alma
Recupero todas as forças
E me preparo para descansar

Nessas noites solitárias
Sem canção ou olhares
Sem consolo ou esperança
Geladas e cruéis
Eu volta e meia me pergunto
O que eu devo fazer

Nessas noites solitárias?

Lucas Rangel Lima

27 de mar. de 2013

Lágrimas Secas


Já não sei mais quanto tempo faz
Desde que comecei a chorar neste mesmo lugar
Quantos invernos já se passaram
Quantas rosas morreram e nasceram

Só sei que minhas lagrimas
Começaram a secar.

Era óbvio
Eu não iria chorar para sempre
Tristeza nenhuma duraria tanto
Pelo menos isso
Eu já sabia

Ainda assim, eu não entendi
Me olhei no espelho e não entendi
Vasculhei minhas memórias e não entendi
Tentei gritar e não entendi

Afinal,
Eu ainda estava chorando
E meus sentimentos
Não haviam mudado

Então como?
Ou melhor, porque?
Eu não sabia
Não entendia
A marca da minha tristeza se fora
E eu me sentia vazio
Continuo vazio

Simplesmente... Parei de chorar

Lucas Rangel Lima

25 de mar. de 2013

Invictus

Uma adaptação da poesia Invictus, de W. E. Henley.


Do fundo desta noite que persiste

A me envolver em breu, eterno e espesso
A qualquer deus - se acaso algum existe
Por minh'alma insubjugável, agradeço.

Nas garras do destino e seus acasos

Sob os golpes que o azar atira e acerta
Nunca me lamento, e ainda trago,
Minha cabeça, ensanguentada, mas ereta.

Passado este oceano de lamúria

Somente o horror das trevas se divisa
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta ou me martiriza.

Por estreita que seja a trilha, não declino

Nem por pesada a mão que o mundo espalma.
Sou mestre e senhor do meu destino
Sou capitão e dono da minha alma.

24 de mar. de 2013

Como Sempre, Apenas Outra

E mais uma vez
Eu transformo o intangível em palavras
Transformo sentimentos em poesia
Numa tentativa de fazer tudo
Valer a pena

Reúno tudo aquilo que me fere
Todo desespero e tristeza
Amargura e crueldade
E torno belo
Como quem tenta purificar
Tenta fazer parecer melhor
O que para si
É feio
E o que para si
É tudo

Apenas seguro firme no lápis
E me reflito no papel
Da forma mais bela possível
Tentando desesperadamente consolar
A mim mesmo

E mais uma vez
Eu transformo os fatos em desculpas
Transformo depressão em melancolia
Numa tentativa de fazer tudo
Parecer ter propósito

Fazer tudo
Ganhar significado

Lucas Rangel Lima

23 de mar. de 2013

Why?

Suddenly, I feel something breaking inside
And I can´t even grasp the sensation
Nor understand the words you just said

So, you didn´t choose me??

Just... Why?
What the hell is wrong with me?
What was I doing all this time?
What was the meaning?
Why?

What about all those dreams?
All those nigths thinking about you?
All those tears I´ve already shed
And all these tears I can´t keep inside me anymore?

Do you even care?
Seriously, I don´t know anything anymore
Should I just die? Would that reach you?
Should I just lie down and give up?
Do you realy think I wouldn´t have done that already If I could?

I just don´t know anymore...
What to do... What to feel...
Nothing

Just... Why?

Mais do que o Suficiente

Naquela tarde, quando te chamei
Quando pedi para nos encontrarmos a noite
Eu pretendia me declarar para você
Confessar tudo o que não consegui mais conter
E ouvir sua resposta

Juntei toda a minha coragem

Entretanto, quando te vi
Fazendo aquela cara para mim
Aquela expressão amarga
Me encarando nos olhos

Pedindo desculpas

Eu só agradeci
Apenas sorri e me curvei
Mesmo estando tão frio
Mesmo estando tremendo
Mesmo tendo perdido tudo

Eu ainda quis te poupar

Então
Eu só agradeci
Por toda a sua gentileza
Por tudo que me proporcionou
Afinal, só isso deve bastar
Não, é mais do que o suficiente...

Era para acabar ali
Mas você não sorriu

Você viu outra verdade em minhas palavras
Viu o quanto eu pensava em você
O quanto eu poderia sacrificar
E chorou

Muito obrigado
Por provar que até mesmo eu
Poderia sentir algo assim
Por ser tão especial para mim
Por significar tanto
Me proporcionar tanto
Me fazer tentar ser tão melhor do que sou

Mas por favor
Me deixe, se não for me desejar
Partirei sem arrependimentos
Saber que se importa comigo
Só isso deve bastar
Não,

Já é mais do que o suficiente...

Lucas Rangel Lima

21 de mar. de 2013

Minha Serenata

Me aproximo da sua janela
Iluminado pelo crepúsculo
Rosas em uma mão
Um violão na outra
Uma canção no peito
E emoção na voz

Sinto medo, mas não hesito
Declaro tudo que sinto por você
Jogo na mesa todas as cartas
Verdades e mentiras
Nada a esconder

Canto sob a sua janela
Até escurecer
Corto meus dedos enquanto puxo as cordas
Assisto a escuridão pintar de preto minhas rosas
Canto sob sua janela fechada
Tremendo de frio
E de tristeza

Transformo meu amor em lágrimas
E minhas lágrimas em canção

Viro a noite sem outra escolha
Sem ser aceito,
Apenas continuo...

Minha serenata...

Lucas Rangel Lima

13 de mar. de 2013

Arrependimento

Havia uma criança
No pé de uma escadaria
A qual não parecia ter fim

Além disso,
Não havia mais nada

Então a criança subiu
E começou a crescer
Cada passo, um dia

E cada dia,
Mais pesada

Até que em algum momento
Ela sentiu água nos pés
E ao olhar para trás
Ela viu o mar a engolir tudo

Ela nunca havia pensado
Em descer a escadaria
Mas agora, com os degraus submersos
Ele percebera que nunca poderia voltar

E que a água um dia o cobriria

Ela então começou a correr
Desesperada, temerosa e tola
Mal percebendo os degraus que escalava

Sem entender o mar que tudo engolia

A criança então se tornou um adulto
Que continua a subir,
Com as pernas molhadas

A cada dia, seu peso aumentara
E ela agora sabia que não podia evitar
Ela seria engolida
E só podia chorar

Lucas Rangel Lima