21 de jun. de 2019

Instead of Dreaming

In a room illuminated only by the orange lights of the street, where one could barely see another's face if not by looking straight into their eyes, two young ones who had chosen to spend some time together were enjoying each other's company.

Standing by the window was a young man, looking lost while gazing at the sky. Sitting by the kitchen's table was a girl, whose though's the young man was too much of a boy to properly grasp. And knowing so, he chose to talk.

"You know... I was talking about love with a friend of mine yesterday." He said, still gazing outside.

"Love? What do you mean?" She answered, maybe while looking at him.

"Well, I was actually talking about people we admire. People we envy. People whom we wish we could be more like. People who we like to spend time with. Who we want in our lives. Then I realized we were talking about people we love." He said, a strange smile coming naturally to his lips. "I remember saying that sometimes such people are like the sun. Like stars. We can't help but want to gravitate around them. You know what he asked me then?"

He turned around to look at her. Not avoiding her gaze, staring straight into her eyes, he waited.

"No. What did he asked?" She finally said.

"He asked, 'if such people are like the sun, how do you see yourself?'. And I couldn't answer then."

Dropping his gaze, he sighted for a moment. He was clearly not sure of what he was doing. Clearly afraid of what he was sharing. But gathering a little bit more courage, he faced her again.

"But I think I can answer now. I feel like I can perceive myself better now. If my loved ones are like the sun... Then I am something like a tree. No, a small forest." He said, his smile turning somewhat humorous and self-conscious for his words. "I can only truly breath and live while the sun is shining upon me, but even if at night things can get a bit scary inside, I am always full of life."

Walking slowly, he then approached her and extended his hand to her face, not quite touching but almost as if caressing her cheeks with utmost care.

"Do you trust me?" He said.

"What do you mean?"

"Do you trust me? There is no problem with saying no. I won't mind if you don't. I just want to give you something if you can trust me."

"What is that something?"

"I still don't know. But trust me. Please."

He stared into her eyes for who knows long. She blinked. Took a deep breath. And answered.

"I don't know."

He smiled again. His third smile that night. His saddest smile ever.

"Then it's all right. I can always dream."

And retracting his hand, he went back to the window, with his back to her. Maybe he cried. Maybe he was relieved. Maybe he was sad. One thing was sure though,

It was night, but all was well. He was still full of life.

Lucas Rangel Lima

10 de jun. de 2019

Um Futuro com as Suas Cores

Olho para minha paleta
Onde guardo todas as cores
Com as quais quero pintar meu futuro
E penso

"É só um quadro...
Então não tem problema
Se eu o pintar com as cores dela
Certo?"

Sendo tudo apenas fantasia
Me sinto confortável em imaginar
Em colocar todo o meu carinho
Passar noites em claro
Pintando e sorrindo
Fingindo que meu canvas
É de fato uma possibilidade
E assim, ficando feliz
Por uma noite ou outra

Não tem problema, certo?
Se eu me permitir pelo menos isso
Se um futuro assim existir
Nem que seja em um pequeno sonho
Que caiba no espaço de um quadro
E que de certa forma,
Seja então eterno

Eu queria ter sua permissão
Nem que seja com um sorriso condescendente
Rindo de tamanha tolice minha
Me dizendo que talvez
Fosse de fato bonito
Que tal futuro existisse
Possível ou não,
Você querendo ou não
Eu só queria que você sorrisse
Em ambos os casos

Mas não vou pedir
Porque no final das contas,
Não é algo que eu preciso
Sonhos são mais belos quando compartilhados,
É um fato, não nego
Mas não há como discordar
Que mesmo pintado sozinho
Sonhado solitário, imaginado por um egoísta
Certos futuros são belos demais
Para não serem expressados
Realizados ou não

Olho para a minha paleta
E só vejo as cores que criei por você
As cores com as quais poderiamos pintar um futuro
E penso
"Ah... Seria tão bonito..."

Lucas Rangel Lima

1 de jun. de 2019

Quando ela Entra na Sala

Ela entra na sala
E meus olhos não se ajustam
É absurdo como ela sabe brilhar
Simplesmente mais que todas as luzes
Às quais eu ja me acostumei
Como eu não consigo fitar diretamente
Aqueles olhos, o seu sorriso
Como cada pedacinho meu parece tremer
Querendo ver um pouco mais
Não importa o quanto doer
O quanto a minha vista esteja cansada

Os finais de semana se tornaram tediosos
Meramente porquê ela não esteve neles
Sem as cores dela, sem seus risos
Sem os dramas internos que eu vivo
Espiando pelos cantos dos meus olhos
Juntando coragem para me abrir um pouco mais
Testando se aquele brilho é realmente
Tudo aquilo que eu mal consigo ver
E o pouco de coragem que me sobrou
Sem ela, passa sem ser usada
Sem ser testada

Ela entra na sala
E eu lembro como ela entrou em mim
Como foi absurdo o que ela soube falar
Simplesmente sendo quem ela é
Sendo um sol ditando as estações
Quase me tirando o controle do que sinto
Quase, mas por tão pouco
Que me faz temer o tempo
O que tanta luz vai se tornar

Mordo meus lábios
Tentando não pensar a respeito
Mas óbviamente,
Não consigo evitar
Sangro e sorrio
Desisto, e me impressiono

Ela simplesmente consegue
Sem sequer tentar
Me faz querer outra garrafa de vinho
Como se alguns goles de amargor
Fossem fazer ficar mais lentos
Ou pelo menos
Menos barulhentos
Os batimentos do meu coração

É quase injusto
A essa altura?
Eu estar passando por isso de novo?
Se não injusto, no mínimo tão improvável
Tão irônico e incontrolável
Respiro fundo e aceito

Afinal,
Eu sempre soube que haviam pessoas
Que de tão charmosas e amigáveis
Brilhariam como o sol em meus olhos
Mais encantadoras que qualquer luar
E eu sempre soube que haveriam mulheres
Que iriam me fazer querer dançar em suas mãos
Me desdobrar em seus caprichos
Eu só não esperava
Conhecer uma delas

E agora,
O que eu faço?
Quando ela entra na sala
Eu pareço esquecer dos meus medos
Minhas defesas caem por terra
Caminho desajeitado por ovos
Abandono meu ceticismo
E rezo por mais tempo
Para aprender a me recompor
Para saber mais sobre ela
Para entender como lidar
Com tudo que estou sentindo
Depois de tanto tempo
Evitando olhar para a luz

É tudo tão divertido e cansativo
Que já não sei mais como lidar
Temo que logo já não saberei nem como sorrir
Sem ela no centro do que estou a pensar

É tudo tão rápido,
Que eu tão besta
Não sei como sou capaz de aguentar

Ela é tão bela
Que quando ela entra na sala
É a única luz que eu quero olhar
Temendo ficar cego, eu cerro meus olhos
Mordo meus lábios e me contenho
Cada passo se torna absurdamente difícil
Que quase me falta coragem
Para continuar ali

Graças a Deus, no entanto
Sobra vontade
Beira desejo
De ficar do seu lado

Afinal, concordemos
Ela entra na sala
E nada mais importa
Ela está ali
E é ali
Que eu também quero ficar.

Lucas Rangel Lima