29 de abr. de 2013

Não Durmo

Nessa cama
Desconfortavelmente pequena,
Não durmo.
Pois só a sombra dos pesadelos
No sono me espera. 

Numa cama
Desconfortavelmente pequena,
Me esforço para caber:
Me espremo.

Em sua cama
Exageradamente grande,
Eu durmo.
E o grande espaço se torna para nós
Um molde perfeito.

Em sua cama
De tamanho perfeito,
Dormimos.
E em sono, o sonhos me vem,
Sem dificuldade.

Noites passam,
E horas tantas.
E para minha cama.
Retorno.

Mais uma noite.
Mais tantas.

Nessa cama
Desconfortavelmente vazia,
Não durmo

24 de abr. de 2013

Em Branco

Vejo uma página em branco
E já sinto doer minha cabeça
Tanta poesia, tanto cansaço
Tão pouco tempo...

Pego a página, e como um ladrão
Me escondo
Em meu quarto, em mim mesmo
Em minha cabeça, que já não dói tanto
Me escondo
E escrevo

Um, dois, três ou quatro versos
A partir de minha mão,
Continua a fazer nascer estrofes
Filhos sem pai ou mãe
Se não a vida
E eu

Continuo a escrever
Até voltar a doer minha cabeça
Não há mais espaço na página
Toda a poesia, todo o cansaço
Em tão pouco tempo
Se esvai

E só me resta descansar
Ou procurar outra página

Lucas Rangel Lima

22 de abr. de 2013

Por Isso, Escrevo

Você que lê,
Você mesmo.
Entenda:
Escrevo apenas por escrever.

Aprecio sim, leitor, que você leia
O que eu escrevo.
E mais ainda aprecio, se você gostar
Do que lê.

Mas não escrevo por elogios.
Não.
Não escrevo por um ego que me impele a procurar atenção
Das mais variadas formas.
Ou por qualquer orgulho fútil em dizer:
"Fui eu que escrevi".

Não que eu recrimine os que o fazem.
Longe de mim julgar as motivações daqueles que conseguem colocar
Seus sentimentos no papel, e se sentem bem em ser admirados
Ou louvados por isso.

Mas eu, leitor, só escrevo por escrever.
Pois não há, que eu veja, motivo mais válido
Que escrever pelo gosto de ver as palavras em algum lugar
(Que seja fora da minha cabeça).

Essa é, pois, tão somente
A minha visão do assunto.
Não imagino que haja um "certo" ou "errado"
Quanto a escrever poesia.

É assim que penso,
Escrevo, então, assim;
E por isso escrevo.

19 de abr. de 2013

Nossas Vidas

Faz tempo que não escrevo algo assim...

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Nos levantamos da lama
Como uma flor a murchar
Superados por nossos sonhos
Perdidos
Sem saber como viver

Não conseguimos deixar de desejar
Voltar ao lugar de onde fugimos
Numa noite de verão
Numa tarde de inverno
Suando e tremendo

Esquecendo da primavera
Como as folhas que caem no outono

Não vemos nem céu
Nem nenhum paraíso
Apenas a terra
E os pássaros a dançar zombeteiros
Sob nossas cabeças
E em nossos corações

Solitários em nossos planetas
Esperando a luz voltar
Para onde ela nunca esteve

Inocentes, ignorantes, puros
Imundos, insignificantes, tolos
Tropeçamos

Nos deixamos cair na lama
Como uma semente a secar
Esquecemos dos nossos sonhos
Cansados
Aprendemos a viver...

Lucas Rangel Lima

18 de abr. de 2013

As Coisas em que Eu Acreditava

Eu costuma a acreditar
Que não havia necessidade de temer
Que eu podia manter a calma
E continuar a viver
Desde que ainda soubesse dizer "Eu te amo"

Eu costumava a acreditar
Que o fim iria refletir os meus esforços
Que eu podia seguir andando
E continuar a insistir
Desde que ainda soubesse dizer "Olhe para mim"

Eu costumava a acreditar
Até que o medo um dia me cobriu
Até que eu comecei a sentir raiva
E comecei a parar
Mesmo ainda sabendo dizer "Eu te amo"

Eu costumava a acreditar
Até que os meus esforços se tornaram o fim
Até perceber que estava correndo
E comecei a chorar
Mesmo ainda sabendo dizer "Olhe para mim"

Porque eu costumava a acreditar
Que você me salvaria
Que eu um dia seria seu
E continuaria assim para sempre
Desde que você me dissesse "Eu te amo"
"Olhe apenas para mim"

Eu costumava a acreditar...

Lucas Rangel Lima

17 de abr. de 2013

Quinze Para as Sete

Chego em casa de manhã
Sem ter sono, sem ter dormido
Com os dedos gelados e insensíveis
Coloco uma panela com água no fogo
Aqueço minhas mãos na chama
E me sento a esperar

"Um café da manhã cairia bem..."
Penso, rindo de alguma ironia

Espremo um pouco de limão
E misturo no chá de canela
Envolvo a caneca de plástico em minhas mãos
E me pergunto com que tipo de música
Esse momento viraria uma poesia

"Talvez com nenhuma mesmo..."
Concluo, já escrevendo

Bocejo, lacrimejo e coço o rosto
Admiro a foto da névoa sobre o lago
Tomo um gole da bebida quente e estremeço
Penso em tomar um banho
Assim que o dia começar

Até lá

Eu me sento a esperar.

Lucas Rangel Lima

Sete Noites - Capítulo 2

Quando eu "despertei", confuso e com a memória bagunçada, estava deitado em um sofá na sala de estar de uma casa. A princípio, tentei me lembrar de como fui para ali, mas logo outra detalhe chamou minha atenção. Todas as janelas estavam com as cortinas fechadas, bloqueando completamente a entrada de luz.

Ainda assim, eu conseguia enxergar perfeitamente.

"Finalmente acordou, garoto?"

Foi a primeira coisa que eu escutei. Imediatamente, reconheci a voz do homem que havia encontrado pregado em uma árvore e recordei tudo a respeito daquela noite. Apesar de ainda não fazer ideia de quanto tempo se passara desde então, haviam dois fatos dos quais eu tinha certeza naquele momento:

Aquele homem era o assassino que matara sete adolescentes e uma criança.

Eu tinha sido a nona vítima.

Infelizmente, o segundo fato era levemente contraditório. Eu tinha certeza que aquela... "Mordida", havia me matado.

Eu estava morto.

"O que... Aconteceu?" Resolvi perguntar.

"Bem... Você deu azar. Mas entre os que deram azar, você foi o mais sortudo." Respondeu o homem. Só agora eu notei que não havia sinal das enormes feridas causadas pelas estacas. Para falar a verdade, não haviam nem mesmos buracos em sua roupa. E ele parecia estranhamente... Vigoroso.

"Como assim"? Perguntei novamente, com mais firmeza na voz. Estranhamente, todo o medo que eu sentira ao vê-lo pregado na árvore parecia um sonho agora. Eu me sentia... Confiante. Forte. Poderoso.

"Bem... Eu havia espalhado alguns familiares pelas ruas durante a noite, na esperança de encontrar uma nova presa. Você encontrou um deles, e foi trazido por ele até mim. Eu costumo não escolher homens sabe? Normalmente, meu familiar teria te ignorado completamente. Mas como eu disse, você deu azar."

Lentamente, eu estava começando a entender.

"Um caçador insistente que está atrás de mim há algumas décadas descobriu minha localização e preparou uma armadilha. Eu caí nela e acabei parando naquela situação deplorável. O sol iria me matar se você não tivesse chegado sabe? Eu pretendia te usar para escapar e depois matá-lo, mas não havia tempo. Então resolvi te transformar, e aqui estamos." Terminou ele, com um sorriso.

"Onde estamos?"

"Não faço ideia. Seu corpo recém transformado aguentava melhor o sol, então simplesmente te deixei nos guiar até um lugar seguro e foquei em me regenerar. Quando chegamos, você perdeu a consciência e eu tomei a liberdade de me alimentar."

"Fui eu... Quem te trouxe aqui?"

"Sim. Eu te ordenei, e você me obedeceu. Você é meu servo agora."

Imediatamente me lembrei daqueles olhos vermelhos e da habilidade que eles possuíam.

"Então... Você é um vampiro?"

Ele sorriu.

"Vampiro, bruxo, transformista, mago, zumbi, necromante, lobisomen, espírito maligno... Nossa espécie tem muitos nomes. Pode-se dizer até que somos a origem de todos os mitos. Você vai entender, eventualmente." Respondeu, indo até a janela e abrindo a cortina.

O sol estava se pondo.

"Vamos indo? A noite vai ser longa..."

15 de abr. de 2013

Escolha

Uma escolha.
Dez. Cem Escolhas.
Cem alternativas...
Sem alternativas

Mil escolhas,
Dez mil escolhas...

Um milhão de escolhas e uma.

Escolher...

O perto ou o distante?

O bem recente ou o mais antigo?

O cheiro ou o som?

O Preto ou o Branco?

Escolhi.

O cheiro...
Próximo.
Perto..
Preto...

14 de abr. de 2013

Nosso Fim

Você entrou na água
Como se nem mesmo sentisse o frio
Acostumada a sensação
Ou quem sabe
Incapaz de senti-la

Você perguntou a mim
Se eu tinha alguma intenção de pará-la
Impedi-la de mergulhar
E quem sabe
Procurar outro caminho

Mas nós dois sabíamos
Não havia mais nada adiante
Nem para você
E nem para mim

Então você entrou na água
Como se sempre estivesse sentindo o frio
Imersa na sensação
Ou quem sabe
Grata por senti-la

Você perguntou a mim
Se queria ou não que eu a parasse
Adiar o fim futilmente
E quem sabe
Quem sabe...

Se teria significado...

Nenhum de nós dois sabíamos
Só não havia mais nada adiante
Nem para você
E nem para mim

Só o mar
E o hospital.

Lucas Rangel Lima

13 de abr. de 2013

Homem Cansado, Palavras Repetidas

Quando percebo
Já estou repetindo
As mesmas palavras
As mesmas poesias
Os mesmos sentimos

Olho para trás
E nada mudou
Outras vozes, mesmas frases
Outros olhos, mesmos olhares
Outros rostos, mesmos sorrisos

Cansei de me perguntar
Qual o caminho correto
Quais as decisões corretas
O que diabos me falta
E porque nunca sei a resposta
Mas não nunca chego a nada

E quando percebo
Já estou repetindo
As mesmas palavras
As mesmas poesias
Os mesmos sentimentos

Olho para trás
E nada mudou
Outras vozes, mesmas frases
Outros olhos, mesmos olhares
Outros rostos, mesmos sorrisos

Mas que droga...

Afinal,
Qual o caminho certo?
Quais as decisões corretas?
O que diabos me falta?
E...

Porque nunca sei a resposta?

Lucas Rangel Lima

10 de abr. de 2013

Sete Noites - Capítulo 1

Espero conseguir terminar essa série (yeah, ta certo...)

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Não pretendo me identificar em momento algum durante este relato. Apesar de ter reunido coragem para partilhar dessa história, sei que é melhor fazê-lo de forma anônima. Acreditar ou não nas palavras que aqui serão escritas é escolha sua, e acho melhor que não o façam. É mais seguro. Tanto para mim quanto para vocês.

Bem... Vamos começar.

Ano passado, a minha vida mudou.

Durante uma semana, eu vivenciei o inferno na terra, e desde então, minha vida mudou.

Foi como se o destino estivesse pregando uma peça comigo. Bem, admito que também tive culpa. Afinal, se não fosse por mim, provavelmente não teria acontecido da forma que aconteceu, ou talvez nem mesmo tivesse acontecido.

Mas eu me recuso a acreditar que tudo foi apenas "por acaso".

Era uma noite de domingo quando o conheci. Meu pai, um policial solteiro, havia chegado em casa mais frustrado e irritado do que eu jamais tinha visto. Fazia alguns meses desde que um assassino em série havia aparecido em nossa cidade, e a mãe da oitava vítima havia feito uma cena na delegacia aquela tarde. Daqueles com direito a choro e xingamentos.

Bem, não posso culpá-la. A garotinha tinha dez anos e foi encontrada nua com o pescoço torcido deitada na areia da praia. Diga-se de passagem, sua casa ficava a três quarteirões do local. Qualquer mãe teria feito o mesmo, senão pior.

De qualquer forma, por causa disso, eu e meu pai brigamos naquela noite. Minha culpa. Apesar de que o estado emocional dele também ajudou bastante, claro. Ainda assim, fui eu quem o provocou no final e isso resultou na minha "expulsão" da casa.

"Expulsão"

Eu pretendia voltar, é claro. No dia seguinte mesmo. Ele não estaria lá durante a manhã e a tarde, e eu estava com as chaves no bolso. Em três dias, nós dois teríamos superado aquela briga e voltaríamos ao convívio "normal".

Mas o destino não quis que fosse assim, claro.

Naquela noite, enquanto eu caminhava pelas ruas vazias esperando o sol nascer, uma tempestade sem chuva começou a soprar. Não demorei para encontrar abrigo, em um coreto numa praça perto da praia (longe de onde a oitava vítima havia sido encontrada), e lá fiquei sozinho.

Não, não exatamente sozinho. Junto comigo havia outro ser vivo. Um morcego negro como a noite, que parecia não ser afetado pelo vento e que me fitava pendurado em uma das vigas de madeira.

Dizer quanto tempo passei apenas sentado lá, olhando para o morcego, seria impossível. Minha memória daquele momento está muito confusa agora. Só sei que quando percebi, já estava correndo.

Respiração ofegante, olhos semicerrados, vento soprando no meu rosto, correndo atrás do maldito morcego que agora não só ignorava o vento, mas também conseguia voar contra ele.

Apesar de ter recuperado minha consciência, meu corpo ainda não me obedecia. Eu continuei correndo além da exaustão por longos minutos, até que finalmente chegamos.

Um trecho deserto da praia, longe da cidade. Apenas o mar, uma faixa de areia e as árvores.

E em uma dessas árvores estava um homem pregado com estacas de madeira pendurado de cabeça para baixo. Uma estaca atravessando as duas mãos e o peito, outra estaca para os pés. As duas atravessavam a árvore por completo, e pareciam extremamente afiadas. Havia uma quantidade absurda de sangue escorrendo das feridas, digna de oito jovens garotas e sabe-se lá quantas mais. Todo o tronco da árvore e a terra envolta estava manchada de vermelho.

Mas apesar da situação miserável do homem, a única coisa que eu pude sentir foi medo.

"Tire-me daqui" ele ordenou. Seus olhos vermelhos pareciam emanar uma espécie de encanto sob meu corpo, fazendo-me sentir impelido a obedecer.

Então eu me aproximei. Mesmo querendo dar meia volta, mesmo querendo desaparecer dali o mais rápido possível, eu me aproximei.

"Remova as estacas. Rápido." ordenou ele novamente, me controlando com os olhos.

Essa segunda ordem não pareceu tão eficiente. Parecia que lentamente, o controle dele sobre mim ficava mais fraco. Provavelmente, me forçar a salvá-lo exigia todas as forças restantes dele. Foi então que eu me lembrei, o morcego que me atraiu até lá também havia perdido parte do controle sobre mim no meio do caminho.

Pensei que se fosse capaz de enrolar por tempo o suficiente, eventualmente conseguiria escapar.

Ideia estúpida.

"Eu não tenho tempo para brincar com você. Remova as estacas de uma vez." Ordenou ele, dessa vez quase dispensando a "hipnose".

Eu devia ter corrido então.

O sol começou a nascer, queimando o corpo do homem a partir dos pés, lentamente. Eventualmente o restante do corpo seria destruído e eu poderia voltar para casa. Ou pelo menos era para ser assim.

"Não tenho outra escolha. Ajoelhe-se e estenda o seu braço até minha boca garoto. Você vai ter de servir"

Novamente me controlando com seus olhos, ele me obrigou a obedecê-lo e assim como ele disse, eu me ajoelhei e estendi o braço direito.

"Seja bem vindo ao mundo da noite" Disse ele, antes de me morder.

Essa foi minha última lembrança daquela noite.

8 de abr. de 2013

A Sombra Oca - Indiferente

Me vejo assim,
Tão desligado do que acontece ao redor..
Desconectado...

Indiferente...

Pouco me importo com oque acontece..
Quem faz oque, ou como...
Me parece tudo tão desimportante...

Tão indiferente..

Casa nova, pessoas novas, comida nova...
Mas é tudo regular,
Convencional...

É indiferente.

Nada difere, nada muda,
Nada varia..
Nada que que seja alguma coisa se faz diferente do resto.

Tudo segue um padrão
Indiferente
Menos a garota...

Aquela garota,
Interessante garota
De pouco tempo atrás

Aquela garota
Estranha garota
Me assombra e alegra
Sendo tão incomum...

Tão diferente.

Contando os Dias

Olho pela janela
E continuo a contar os dias
Desde que começou a chover
Comigo aqui dentro
Me impedindo de sair

Não é como se eu estivesse
Com medo de ficar molhado
Ou como se o vento lá fora
Fosse mais frio do que o clima aqui dentro

Eu só escolhi esperar a chuva passar
Mesmo sem ver o sol faz dias
Eu só escolhi esperar o tempo clarear
Mesmo sabendo que outra tempestade já veio

Tomo uma bebida quente e amarga
Me enrolo em um cobertor confortável e áspero
Seco as lágrimas de sono e melancolia
E assisto a chuva do sofá pela janela

Continuo a contar os dias
Desde que comecei a te querer
Somente a você
Sem ver mais ninguém...

Lucas Rangel Lima

7 de abr. de 2013

Ela e o Show

Não faço ideia do que escrevi aqui...

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Em um certo palco em uma certa cidade, uma banda qualquer tocava músicas em tributo a cantores e ídolos que morreram anos atrás.

Havia também uma plateia, repleta de jovens garotos e garotas. Álcool, suor e gritos misturados ao som da bateria, da guitarra e da canção. Uma, duas, três músicas em sequência, sem descanso. Todos na plateia exaltados, queimando o momento em animação.

Com excessão de uma garota.

Em meio a todos, ela permanecia apenas ela. Ignorando o barulho, ignorando os gritos, ela apenas fitava o palco, imersa na música.

Apenas ela e a banda.

Cinco, dez, quinze músicas se passaram. Da plateia, agora só restava metade das pessoas e um quinto da animação. A noite finalmente vencia a euforia, e acompanhada da chuva, logo ameaçou o show.

Apenas a garota permaneceu sentada, atenta ao som. Ignorando as gotas, ignorando o vento, ela apenas fitava o palco, imersa na música.

Até que só restou ela e a banda.

Há muito o show já havia se encerrado. Tanto o guitarrista e o baixista quanto o baterista e o vocalista estavam exaustos, prontos para encerrar a noite e salvar os instrumentos da água. Os últimos da plateia agora se abrigavam distantes sob algum teto ou alguma árvore, esperando a chuva parar para partir.

Só então a garota se levantou.

Ela, que incorporava pensamentos do passado, paixões antigas e memórias. Ela, que ninguém sequer notou em momento algum. Ela, que estava em todas as plateias em todos os palcos ao mesmo tempo. Ela, que vivia dia após dia aquele mesmo show e tantos outros. Tantas homenagens, tantas emoções, tanta música...

Deixando para trás aquele certo palco naquela certa cidade onde uma banda qualquer havia tocado músicas em tributo a cantores e ídolos mortos anos atrás, a garota desapareceu.

E então,

O show acabou.

Lucas Rangel Lima

Porque isso?

Francamente
Eu acho uma puta sacanagem
Quando você sorri pra mim

Sério
Porque isso?
É legal me deixar tão confuso?
Tão esperançoso?
É divertido por acaso?

Sério
Depois eu viro a noite
Sem conseguir te tirar da cabeça
E você fica chateada
Depois eu sou grosseiro
Tentando disfarçar meu desgosto
E você fica chateada

Francamente
Eu acho uma puta sacanagem
Quando você tenta me consolar

Sério
Quando eu te pergunto
"O que quer de mim?"
Significa que estou disposto a te dar tudo
Que eu quero te dar tudo

Sério
Aí você me responde
"Nada"
Como se isso resolvesse alguma coisa
Ou fosse me deixar aliviado
Da vontade de pegar a minha cabeça
E pregá-la na parede

Francamente
Eu acho uma puta sacanagem
Quando você conversa casualmente comigo

Sério
É pior do quer ver o seu sorriso
Me deixa mais confuso ainda
Me deixa mais frustrado ainda
Me deixa mais desesperado
E esclarece muita coisa
Que eu não queria entender

Francamente
Eu acho uma puta sacanagem
Quando você diz que ama outro cara.

Mesmo dizendo que minha poesia é bonita
Mesmo falando que eu sou um cara legal
Mesmo falando que um dia gostou de mim
Mesmo falando comigo tanto assim
Me fazendo te amar cada vez mais...

Sério
Porque isso?

É divertido por acaso?

Lucas Rangel Lima

4 de abr. de 2013

Dorme


Dorme agora,
Dorme.
Que o toque que te toca só quer o teu bem.

Dorme, pequena,
Dorme.
Que o mundo lá fora já está quase parando.

Dorme,
Pode dormir.
Que quem te acompanha fica de ouvidos atentos.

Relaxa agora,
Dorme.
Que quem te olha dormir fica de olho no mundo.

Dorme agora,
Descansa.
Que de todas as tuas lutas, a mais voraz está para chegar.

Dorme agora,
Dorme.
Que eu te chamo quando a hora chegar

2 de abr. de 2013

Esperando Aquele Dia

Não queria que acabasse assim
Só não havia outro jeito
Apesar de sabermos desde o início
Não havia como nos prepararmos
Para este dia

Durante todo esse tempo
Eu lutei para evitar
Eu lutei para adiar
Eu me debati com todas as foças
Sem conseguir nem mesmo me iludir
Abracei você noite após noite
Grato por naquele dia
Ter acontecido

Num dia como aquele
Maravilhoso...

Mas não havia o que fazer
Tanto que este dia chegou
O dia em que nós não seriamos mais
Sobrando apenas eu

E você...

Então,
Não me culpe por ficar
Assim como eu não te culpo por partir
Afinal,
Você sabia também
Desde o começo
Agora apenas vá embora
Me deixe

Deixe terminar

É
Eu sabia que esse dia chegaria
Que como uma borboleta
Você não rastejaria na terra para sempre
Que suas asas iriam crescer
E chegaria o dia em que você se juntaria aos anjos
Enquanto eu ficaria aqui

Esperando aquele dia chegar novamente
Um dia como aquele
Maravilhoso...

Lucas Rangel Lima

1 de abr. de 2013

Why shouldn't we all?

The Shades of Oblivion,
As I call them.
The horrors that reside in the dark.

No, not that kind of murkiness..
But the gloom that lurks in the corners of your mind.

The thoughts and feelings even yourself don't fully understand.
The hopes and expectations you would not want people to know about..

Yes, that one..
The most lewd and obscure side of your soul.
The most brutal and vicious of your desires...
The bizarre content of Akasha...
Are all Shades of Oblivion.

It is the lowest point of the human psyche. 
We all have that.
We all know that.
But few understand it...
And fewer embrace it.

Could you do it?
Would you do it?
Should you do it?
Why shouldn't?

Why shouldn't I?
Why shouldn't we all?