25 de ago. de 2010

Primeira poesia do Blog

Vou postar uma poesia aqui pela primeira vez, mas ela ainda está sujeita a alterações. Algumas críticas ajudam.

Título: Solidão aconchegante

Não tenho medo do escuro
Nem da escuridão em si
Mas ainda sim eu lhe peço,
Deixe as luzes acesas

Faz algum tempo que percebi
Que sou vítima de uma alegria infeliz
Meus sentimentos esperam em frenesi
Por algo que os faça tremerem de verdade

Meu peito começa a arder
Minha garganta vai se apertando
Ao ver um casal aparecer
E pouco a pouco, ir se apaixonando

Mas mesmo ansiando por amor,
Nenhuma estrela brilha para mim
E a lua que ilumina minhas noites
Não está do meu lado no fim

Lentamente, o brilho do amor aumenta
E cada vez mais essa claridade me tenta
Lentamente, o buraco da dor me engole
E eu deixo que essa escuridão me enrole

Deitado a noite em meu leito,
Sonhando com o dia que chegará
Eu deixo as horas me passarem
Me guiando para um novo sonhar

Mas logo, meu anseio fomeia a inveja

Meu peito começa a doer
Minha garganta vai se calando
Ao ver um casal se aquecer
Com seus lábios se aproximando

E mesmo anseando por amor,
O céu se recusa a brilhar para mim
E a lua que iluminava minhas noites
Não está acompanhada no fim

Se pelo menos ela for feliz,
Não me importo de apenas assistir
Se pelo menos alguém a acompanhar
Não me importo com não ter ninguém a me amar.

Não tenho medo de ficar sozinho
Nem da solidão em si
Mas se você puder, eu lhe peço
Fique ao meu lado esta noite...

Lucas Rangel Lima

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"Amar é querer a felicidade do próximo. Qualquer amor que fugir desta realidade está doente"

21 de ago. de 2010

O dia em que nada mudou

Eu sempre pensei que havia algo faltando em minha vida. Com o passar dos anos, eu acabei perdendo de vista essa sensação em meio ao trabalho e ao corre-corre do dia-a-dia. Mas até hoje, quando me pego sozinho em minha casa pensando no que passou, ela vem a tona e eu começo a pensar em coisas como "era realmente isso que eu queria estar fazendo?" ou "Existe algum propósito nessa minha vida rotineira e sem razão?".

Meu dia começou como sempre. Eu acordei lá pelas 6:30, tomei um banho, comi um café da manhã apressado e fui trabalhar. Da minha casa até o escritório dá cerca de trinta minutos de carro. É meio cansativo fazer esse trajeto todos os dias, mas depois de alguns meses você acaba acostumando.

Pensando bem, tudo na minha vida virou costume. Quando criança, eu aspirava por uma aventura como as dos heróis da televisão. Quando jovem, eu passava a maior parte do tempo estudando, e acabei ficando excluido e não fazendo muitas amizades. E agora, minha vida é como um relógio. Todos os dias fazendo a mesma coisa, na mesma hora. Mas eu ainda tenho tempo para desejar o que eu desejava no passado...

Chego no trabalho 7:40 em ponto. Cumprimento meus colegas e sento em minha mesa. Sou contador. Passo o dia inteiro trabalhando, mas isso é tão automático que nem chego a lembrar os nomes dos clientes. Quando chega 12:00, eu saio para almoçar em um restaurante qualquer e volto antes das 14:00. Só saio denovo para ir pra casa as 17:30.

E mais um dia acaba, do mesmo jeito que o anterior, e assim em diante. Eu tinha a impressão de estar cansado, mas também já estava acostumado. chego em casa 18:00, ligo a televisão e assisto sejá lá o que estiver passando. Dificilmente presto atenção, só não tenho outra coisa para fazer. Depois de algumas horas, ou eu vou pra cama, ou eu ligo o computador e checo meus emails. Foi o que eu fiz hoje. Haviam cinco emails na minha caixa de entrada. Quatro deles eram apenas correntes religiosas, que você lê, acha a mensagem bonita e se esquece completamente da mesma no dia seguinte. O quinto dizia o seguinte:

"Clique aqui para mudar sua vida."

Eu li a mensagem e pensei:

"Provavelmente é vírus."

Em seguida, deletei a mensagem. No dia seguinte, voltei a minha rotina, sem me lembrar do ocorrido. Sem imaginar o que teria acontecido se eu tivesse aceitado.

Lucas Rangel Lima

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"Se algo te deixa insatisfeito e você deixa por isso mesmo, não reclame. Se você tenta mudar aquilo que julga errado, boa sorte, eu faço isso também."

5 de ago. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 2

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes ela envenena nossos corpos lentamente, as vezes ela nos abraça subitamente e nos afoga em desespero. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho garantir que aqueles que se perderam no caminho da vida recebam ajuda ao fazer a travessia.

Rogério chegou tarde em casa. Havia passado o dia inteiro trabalhando e estava exausto. Ele morava sozinho em uma casa pequena no centro da cidade. Sua namorada vinha visitar de vez em quando, mas ultimamente ela vem reclamando demais do cheiro de cigarro impregnado na casa.

Em cima da mesa da cozinha havia uma caixa de cigarros. As palavras saiam roucas de sua garganta e seus pulmões fracos já não conseguiam puxar o ar direito, mas isso não impediu Rogério de pegar mais um cigarro e acendê-lo, sentando-se à mesa da cozinha.

"Sua namorada estará aqui amanhã de manhã" Eu disse a ele.

Minhas palavras não surtiram efeito algum. Meus pensamentos não podiam alcançá-lo. Ele só conseguia ouvir a ele mesmo.

"Tomara que aquela mulher não me ligue de novo hoje... já estou cansado de ouvir ela falando o que eu tenho que fazer o tempo todo" Pensava ele.

O vício já havia consumido sua mente. Seu egoísmo o havia cegado, e ele já não dava ouvidos a mais ninguém. Nem a ele mesmo.

Rogério fumava desde que tinha treze anos. Seus pais morreram cedo, e ele foi obrigado a cuidar de seus irmãos mais novos sozinho quando tinha 19. Mesma época em que seu vício começou a assumir o controle.

"Ela está ao seu lado a tanto tempo Rogério. Esta não é a coisa certa a fazer. você vai abandoná-la"
Disse eu.

Desta vez, ele reagiu.

"Quem ela pensa que é? Eu não sou mais uma criança, não preciso aceitar ordens de ninguém. Vivo minha vida do jeito que preferir"
Continuou ele.

"35 anos. Certamente você não é mais uma criança. Tem certeza da sua escolha?"
Disse eu.

Rogério começou a tossir. Conforme eu me aproximava a tosse ia se tornando mais violenta. Um pouco cambaleante, ele se levantou e procurou tomar um copo d'água. O copo tremia em suas mãos. Ao engolir a água, sua tosse diminuiu. Mas ele ainda não apagara o cigarro.

"Então estamos indo"

O telefone tocou. Era a namorada de Rogério.

"Parece que ela realmente se importa com você. Por favor, aproveite a chance que ela lhe deu"

Rogério antendeu o telefone.

"Alô?"

Sua vóz estava rouca e quase irreconhecível.

"Oi amor, sou eu... O médico ligou, ele disse que era terminal..." Disse ela

"Foi pra isso que você me ligou?" Respondeu ele, secamente.

"Eu só estou preocupada..." Continuou ela.

"Eu não preciso que sinta pena de mim"

Rogério desligou o telefone.

"Você fez a sua escolha" Disse eu.

Rogério sentou-se, acendeu outro cigarro e voltou a fumar.

"Vamos indo"

Eu estendi minhas mãos para o seu pescoço. Seus pulmões enfraquecidos pelo câncer não conseguiram aguentar e pararam de funcionar. Depois de agonizar por alguns segundos, ele deixou seu último cigarro cair ao chão.

Lucas Rangel Lima

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"As vezes nos irritamos com Deus ao ver nosso caminho bloqueado. Mesmo assim, Deus sempre bloqueia os caminhos que levam a perdição"