31 de dez. de 2010

Primeira poesia do ano

Talvez eu ainda faça algumas mudanças. Comentem, por favor.

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Título: Caminhos

Um homem desperta em uma manhã
Disposto a mudar a direção do mundo
Enquanto o destino lhe reserva um amanhã
Onde existe tanto a glória quanto um abismo profundo

O homem então se levanta de seu leito
Munido apenas de sua alma indomável
Mal sabendo para qual destino ele foi eleito
Caminhando em frente com sua vontade incansável

Ele então reuni alguns companheiros fiéis
E traça seu caminho por entre o desconhecido
Enquanto as adversidades espreitam como cascavéis
Ele não tropeça, aparado por um ombro amigo

Mas com o passar dos dias, o homem se cansa
E seus sonhos lhe parecem inalcansáveis
Perdidos como a inocência de uma criança
Enganado por pensamentos outrora indefensáveis

Seus companheiros logo o abandonam
Pois também se encontram cansados e arrependidos
Suas glórias nunca mais se exclamam
E no abismo ele cai, entre seus antecessores derrotados

Ao pensar que tudo acabou
Ele fecha sua última janela
E volta a dormir

E então,

Um novo homem desperta em uma nova manhã
Novamente disposto a mudar a direção do mundo
Enquanto um novo destino lhe reserva um amanhã
Onde sempre existiram tanto a glória quanto um abismo profundo

Lucas Rangel Lima

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"Fim e começo são conceitos vagos, que só podem ser definidos por nós mesmos. Então vamos aproveitar este novo começo para dar continuidade aquilo que nunca acabou"

23 de dez. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 6: Derrotado

Ferido, cansado e perdido, o jovem guerreiro corria desesperado a esmo pelas florestas aos arredores do reino. As tropas do rei o perseguiam implacáveis e ele já não tinha mais forças para continuar caminhando.

Quando tudo parecia acabado e os guardas estavam para alcançá-lo, ele decidiu arriscar sua sorte e tentar usar o poder da presa para escapar. Convencido de que esta seria sua única escapatória, ele segurou a presa em sua mão direta e a apertou com toda a sua vontade. Como se escutasse o apelo de seu dono, a presa reagiu emitindo uma luz intensa que cegou os perseguidores por um momento. E no instante seguinte, ele havia sumido.

Quando o jovem guerreiro conseguiu abrir seus olhos, ele se encontrava sentado encostado a uma árvore nos arredores da vila próxima a floresta onde ele enfrentara o lobo. Suas feridas ainda doíam, mas não havia sinais de seus perseguidores por perto. Agradecido, ele guardou a presa novamente e se dirigiu a vila a procura de tratamento e abrigo.

Muitos o reconheceram e ofereceram ajuda, mesmo ele não tendo passado muito tempo interagindo com as pessoas em sua última visita. Ele logo recebeu o tratamento necessário, e, sem ter para onde voltar, decidiu permanecer na vila por uns tempos.

Começou a trabalhar como ajudante de um ferreiro, arranjou uma espada nova e com o passar do tempo, acabou se apaixonando. E assim, meses se passaram sem que os soldados do rei o procurassem ali.

O jovem guerreiro se casou, envelheceu e teve um filho, ao qual deixou seu bem mais precioso e sua memória mais dolorosa. O símbolo de sua glória e de sua derrota. Seu prêmio e sua perdição. A presa restante do lobo.

22 de dez. de 2010

Nós

Estamos todos tão cansados

De sermos privados de nossos desejos

De não sermos capazes de andarmos sozinhos

De sermos ignorados pelos nossos companheiros

Que não percebemos...


Acordamos ansiosos pelo fim do dia

E sobrevivemos nossas vidas assim

Sonhamos pesadelos de olhos abertos

E matamos nossas emoções no fim


Esperamos que os outros nos mudem

Enquanto eles esperam que os mudemos

Desejamos poder o que poucos podem

Quando só um pode o que não podemos


Culpamos a tudo por nossas tristes vidas

O mundo, os amigos e até a nós mesmos

Cegamos nossos olhos com ressentimento

E tateamos o chão na procura e no medo


Na procura de uma resposta para a tristeza

No medo de se perder em meio ao desespero


Somos os protagonistas de um drama

Onde nada gira em torno de nós

Somos personagens em uma realidade

Onde apenas nos sonhos podemos sorrir


Pois temos pena de nós mesmos


Temos pena de como somos pequenos e insignificantes

Temos pena de como somos tolos e inferiores

Temos pena de como somos tristes e de nossas dores

Pena de não conseguirmos ser tão bons quanto ruins


Estamos todos tão cansados

De sermos privados de nossos desejos

De não sermos capazes de andarmos sozinhos

De sermos ignorados pelos nossos companheiros

Que não percebemos...



Ninguém é diferente.


Lucas Rangel Lima


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"Muitos esperam serem salvos por seus heróis enquanto uns poucos esperam poder salvá-los. O restante sabe que não existe salvação."

15 de dez. de 2010

A Vida Que Eu Sonhava Ter - Capítulo 2: Chegada

Apenas informando aqueles que jogam/jogaram Harvest Moon Back to Nature ou Friends of Mineral Town, eu pretendo manter os seguinte lugares:

1-Poultry Farm

2-O bar/restaurante

3-O hospital

4-O ferreiro

5-Yodel Farm

6-O mercado

7-A biblioteca

8-A igreja

Planejo também estar adicionando alguns lugares como a estação de trem e a escola.

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Assim que saí da estação de trem, percebi que não me lembrava do caminho para a fazenda de meu amigo. Ainda assim, cometi o erro de subestimar esta pequena cidade e acabei vagando erroneamente por aí por cerca de duas horas, carregando um misto de arrependimento e ansiedade em meu peito.

Na terceira vez que eu passei pela pequena cachoeira próxima a entrada da cidade, encontrei-me com esta belíssima mulher se banhando. Fiquei surpreso por um momento, mas ela estranhamente não pareceu se incomodar com a minha presença. Ao invés disso, ela apenas me perguntou:

"Quem é você?"

Um pouco assustado e gaguejante (confesso ter pouca resistência a mulheres), eu lhe disse meu nome e lhe contei minha história. Como se estivesse lendo um livro extremamente interessante, ela prestava atenção em cada palavra que eu dizia. Conforme eu falava, meu nervosismo desaparecia e eu me sentia cada vez mais confortável. Por fim, mostrei a ela uma carta em que ele havia colocado um mapa indicando como chegar a sua fazenda e pedi por ajuda.

"Siga o rio e atravesse na primeira ponte."

Sem esperar por um agradecimento, ela mergulhou na água e desapareceu misteriosamente. Ainda me pergunto se não foi apenas a minha imaginação, mas enfim...

Cansado de caminhar por aí, segui as instruções que ela me deu e cheguei a uma pequena fazenda que parecia abandonada a meses. A grama chegava aos meus joelhos, o galinheiro e o celeiro estavam uma bagunça e o estábulo estava imundo. Nenhum animal restava.

A única parte da fazenda que se encontrava em perfeito estado era a casa. As janelas estavam um pouco sujas e haviam algumas teias nos móveis, mas nada que uma pequena limpeza não resolvesse.

Antes que eu pudesse continuar a analisar a fazenda, eu escutei os passos de alguém se aproximando. O nervosismo subiu a minha pele no mesmo instante. "Será que ele ainda está vivo?" Pensava eu.

Mas antes que eu pudesse alimentar mais esperanças, um homem baixo, gorducho e bem vestido irrompeu pela porta visivelmente irritado.

"Quem é você, invasor? O que faz dentro desta propriedade?"

Assim que ouvi a palavra "invasor", me dei conta de que havia entrado sem ser convidado. Pedi desculpas imediatamente e me apresentei logo em seguida, mostrando algumas das cartas que carregava comigo.

"Me desculpe você senhor Henrique. O velho Mario sempre falava sobre suas cartas." Disse ele "Mas eu não pensei que realmente viria"

Sem entender o que ele quis dizer com está última fala, eu perguntei:

"Como assim?"

Com um sorriso no rosto, ele abriu uma gaveta no criado mudo ao lado da cama e retirou um envelope. Dentro do envelope, havia uma folha de papel com a mesma caligrafia de minhas cartas.

"Este é o testamento de Mario. Aqui diz que eu deveria deixar esta fazenda com você caso você aparecesse em menos de um ano. Eu esperei todos os dias nos primeiros quatro meses, mas como você nunca veio, comecei a achar que..."

Ele se calou em meio a fala ao olhar para mim. Eu já havia pensado nesta possibilidade, mas ainda assim não pude conter minha tristeza e acabei vertendo algumas lágrimas.

"Eu compartilho de sua dor..." Disse ele, tentando me confortar "Mas antes de tudo, devo lhe perguntar uma coisa. O senhor deseja ficar com a fazenda?"

Secando meus olhos com as mangas, eu assenti com a cabeça. Em seguida, ele me pediu para assinar alguns documentos e disse que voltaria no dia seguinte para me mostrar a cidade. Eu agradeci e disse que passaria a noite ali mesmo.

"Meu nome é Paulo, sou o prefeito da cidade. Pode contar comigo para o que precisar." Disse ele ao sair.

Agora me encontro sozinho na fazenda com a qual sempre sonhei e que se encontra completamente destruída. Vou começar a limpeza dos cômodos, e assim que terminar de guardar minhas coisas no armário, vou me deitar na minha nova casa pela primeira vez.

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"O amanhã sempre esconderá um teto estranho e um leito não familiar, mas é nas dificuldades dos recomeços que encontramos a força para continuarmos caminhando."

13 de dez. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 5: A Ambição

Orgulhoso e pronto para receber sua recompensa, o jovem guerreiro foi acompanhado pelos guardas até a sala do trono, onde o rei o esperava. Ansioso, ele manteve as presas guardadas em um pequeno saquinho de pano, para evitar tocá-las e ser novamente influenciado por elas.

Depois de alguns minutos caminhando, os guardas o guiaram até uma porta imensa e elegantemente decorada. Assim que eles se aproximaram, a porta abriu sozinha e os guardas o empurraram para dentro de uma sala fechada iluminada apenas por algumas poucas velas. A luz não era suficiente para tamanho espaço, mas ao lado do trono haviam dois castiçais de ouro que iluminavam perfeitamente o rosto do rei.

Seus olhos estavam cobertos pelos seus cabelos, mas ainda era possível ver seu sorriso imenso rasgando sua face. Em sua cabeça, ele usava uma coroa com diversas pedras preciosas cravadas. Suas vestes pareciam brilhar mais do que as velas que o iluminavam. Mas acima de tudo, sua presença era surpreendentemente "Superior".

Sem hesitação, o jovem guerreiro se adiantou em direção ao rei. Atrás dele, ele pode ouvir a porta se fechando. Agora os dois estavam sozinhos numa situação semelhante a de seu sonho. Ainda confiante, o jovem se colocou mais próximo ao rei e se ajoelhou em sua frente.

"Traga-me as presas" Ordenou o rei. Sua voz emitia um ar soberano e compilia o jovem a obedecer. Como se estivesse hipnotizado, ele se levantou, caminhou até o rei e retirou uma das presas , estendendo-a a sua majestade.

Indiferente ao guerreiro que quase se sacrificou para obter aquele presente, o rei tomou a presa para si e começou a admirá-la, como se esta fosse uma joia. Em seguida, ele a colocou em sua boca.

No instante seguinte, um uivo ecoou pela sala. A presa uniu ao canino do rei, e imediatamente começou a transformá-lo. Todo o poder da fera que residia naquela presa parecia estar sendo transferido para o rei. Seus longos cabelos cresceram mais ainda, seus olhos brilhavam vermelhos como sangue, suas unhas pareciam garras caninas e seu sorriso se tornava cada vez mais perverso.

Se dando conta de suas ações, o jovem guerreiro tomou a presa restante para si e brandiu sua espada. Quando o rei fitou seu oponente, ao invés de se enfurecer ou de se preparar para o combate, ele simplesmente começou a rir. Provocado, o guerreiro investiu imprudentemente contra o rei, que, sem esforço, repeliu o ataque e roubou sua espada.

Ao contrário do lobo, o rei era um oponente inteligente. E agora ele possuía um poder avassalador. Encurralado, o jovem guerreiro fugiu pela porta, esquivou dos guardas surpresos e pulou por uma das janelas, mergulhando no rio que cercava o castelo e desaparecendo na correnteza.

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"As vezes, fugir parece ser a única opção. Mas a vida sempre vai lhe trazer problemas, então é melhor aprender a lidar com eles"

11 de dez. de 2010

A Vida Que Eu Sonhava Ter - Capítulo 1: Prólogo

Comecei esta série inspirado no jogo Harvest Moon. Provavelmente vai se tornar a minha favorita, então eu espero que vocês gostem!

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Não sei direito o que me levou a fazer o que estou fazendo agora. Os últimos anos da minha vida me parecem agora tão surreais quanto a cabine do trem no qual embarquei. Estou mesmo fazendo isso? Não estou sonhando? E se eu realmente estiver fazendo isso, será que é a coisa certa a fazer?

Desculpe, eu esqueci de me apresentar. Meu nome é Henrique Monteiro, tenho 23 anos, sou solteiro e até ontem eu era um estudante de literatura de uma faculdade bacana que não possuía nenhuma característica especial. Sou apaixonado por livros e gostaria de me tornar um escritor algum dia, mas alguns acontecimentos recentes acabaram exigindo minha atenção.

Quando pequeno, eu visitei com meus pais essa pequena cidade rural nas férias e conheci um velho que morava sozinho em sua fazenda. Durante as férias, eu acabei me fascinando pela vida que ele levava, e quando meus país me levaram de volta, eu comecei a trocar cartas com este velho.

Cerca de seis meses atrás, eu recebi sua última carta. Ele dizia não estar muito bem de saúde, e temia não poder mais compartilhar suas histórias comigo. Bem, qualquer pessoa "normal" iria se sentir triste, responder a carta o mais rápido possível e se despedir de seu amigo. Foi o que eu fiz a princípio.

Mas com o passar dos dias, eu comecei a perceber a falta que aquelas cartas me faziam. Muitas vezes me peguei relendo-as, me perguntando se ele ainda estava vivo ou como estaria sua fazenda. Não demorou muito para eu começar a ter essas "ideias"...

"Eu deveria ir vê-lo..." ou "Eu preciso fazer alguma coisa por ele...". Meus pais já morreram, e eu não possuo namorada nem nada do gênero. Meus únicos amigos são meus colegas de classe, mas provavelmente já iríamos nos separar depois da formatura mesmo. Então decidi pegar este trem e voltar até aquela vila.

Mas agora eu comecei a me perguntar, qual é a razão de eu estar fazendo isto? Eu só conhecia ele por cartas, e não possuo nenhuma memória clara dele. Será que minha vida é tão tediosa assim? Ou será que tem algo mais? Não importa o quanto eu pense, o quanto eu hesite e o quanto eu tema, minha vontade de voltar cresce cada vez mais.

Logo estarei chegando. O que será que me espera daqui para frente?

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"Muitas vezes, pode ser tarde demais para desistirmos. Mas não se esqueça, nunca é tarde demais para recomeçarmos."

8 de dez. de 2010

Saudade

Ei,

Você se lembra da promessa que fizemos?
Das ondas que batiam na praia naquele dia?
Do sorrisos que as pessoas compartilhavam?
Da vida feliz que nós tínhamos?

Quanto de nós foi roubado
Desde que éramos jovens?
O que sobrou da antiga inocência
Dos dias dourados de nossa infância?

Sabe,

Eu me tornei um mentiroso.
Passo os dias vivendo sonhos triviais
Fingindo ignorar essa realidade
Que só sabe prender-me em sua saudade

Tento arcar com as escolhas que fiz
Mascarando meu cansaço com sorrisos
Continuo a andar sem poder ser feliz
Sabendo que todas as trilhas levam a precipícios

Mesmo assim

Não consigo culpar você por ter partido
Se fui eu que não pude ficar
Não consigo culpar você por ter me ferido
Se caminho sozinho, sem ninguém a me amparar

Ainda hoje espero você vir me acordar
E cada manhã arde a ferida em meu peito
Uma dor que se repete quando ao me deitar
Não vejo você ao meu lado em meu leito

Ei,

Você se lembra da promessa que não cumprimos?
Feita no dia em que nos separamos?
Da felicidade que compartilhávamos naquele momento?
Dos momentos felizes que nós abandonamos?

Tsc... o que estou dizendo...
É claro que não...

Lucas Rangel Lima

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"Aqueles que vieram, um dia irão partir. Não somos excessão. Mas todos nós um dia voltaremos, então vamos nos privar da tristeza da despedida e trocá-la pela ansiedade do reencontro"

24 de nov. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 5

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes você vive a vida livre como um pássaro, e as vezes nos vemos engaiolados em nossa própria impotência. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho ajudar nossos irmãos a entender seus problemas e a superar suas provações.

Marcelo andava em sua moto pela avenida da cidade. Estava voltando da casa de sua namorada depois de mais uma briga. Uma forte tempestade começou a cair, forçando Marcelo a estacionar e a procurar abrigo.

O único lugar aberto era uma quadra coberta que ficava do lado de um terreno numa rua extremamente inclinada. Como era perigoso entrar com a moto naquela descida, Marcelo estacionou a moto na esquina e desceu a rua andando. A calçada parecia muito escorregadia, mas ele caminhava lentamente sem se preocupar com se molhar.

"Você costumava vir aqui com seus amigos quando era mais jovem. Onde estão seus amigos agora?" Perguntei.

Afetado pelas minhas palavras, Marcelo se sentou na arquibancada e começou a lembrar da época em que jogava com seus colegas nos finais de semana dentro daquela quadra. Haviam sido feitas muitas reformas para evitar os antigos deslizamentos que ocorriam na rua, tornando quase impossível pular as grades para o terreno.

"É verdade, muitas vezes a bola acabava sendo chutada para o terreno e você tinham que descer para pegá-la" Disse eu.

Novamente influenciado por mim, ele relembrou das inúmeras vezes em que a bola havia caído no terreno e todos ficavam com medo de ir buscá-la. Não demorou muito para seus pensamentos se voltarem aos seus antigos amigos.


"Onde estariam eles agora?" Pensava Marcelo. Ainda na juventude, a maior parte deles começou a se envolver com drogas e pouco a pouco, eles perderam contato. Desde então, nunca fez novas amizades. Agora ele era apenas um motoqueiro cansado e molhado que acabou de brigar com a namorada por algo bobo.

"Ainda existem muitas pessoas que lhe querem bem Marcelo. Seus amigos que já vieram também não são excessão." Disse eu.

Marcelo pegou o celular e tentou ligar para a namorada. A ligação caiu na caixa postal, ele presumiu que ela tivesse desligado o celular.

Levemente sonolento, Marcelo pensava em quanto tempo demoraria para a tempestade passar quando ele viu um dos garotos jogando na quadra chutar a bola por cima da grade para o terreno.

Convencido de que poderia ajudar, ele se voluntariou a ir buscar a bola. "É muito perigoso para garotos da idade de vocês pularem uma grade desta altura, ainda mais de noite!" Disse ele.

Confiante, ele escalou a grade e habilidosamente, ele desceu no terreno íngrime e recuperou a bola. Imediatamente, ele atirou a bola de volta, mandando-a por cima da grade de volta para o campo.

"É como quando você era jovem não é?" Disse eu.

Marcelo sorriu na chuva. Motivado, ele resolveu voltar para a casa da namorada e pedir desculpas pelo ocorrido. Em seguida, ele deu a volta no terreno e voltou a quadra, onde ficou até a tempestade parar.

Assim que a chuva acabou, ele subiu novamente em sua moto e disparou de volta a casa dela.

"Você é um homem muito bom. Espero que consiga passar pelo que passou nesta vida no futuro e ainda manter este sorriso. Mas não há mais necessidade de você continuar aqui" Disse eu.

A moto de Marcelo derrapou na pista molhada, colidindo com um poste enquanto ele era atirado de cabeça contra o chão. Seu capacete ainda estava pendurado na moto.

Lucas Rangel Lima

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"Abençoado é aquele cuja vida é repleta de memórias tristes, pois é este que mais sabe apreciar um momento feliz"

16 de nov. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 4: As Presas

Cansado, ferido e vitorioso, o jovem guerreiro retornou para o seu reino carregando como prova de sua grande vitória as duas presas da fera derrotada. Ao se aproximar das muralhas da cidade onde ficava o castelo, os guardas que estavam de vigia o reconheceram e o guiaram para dentro.

Uma vez dentro da cidade, os guardas o levaram direto para o castelo, onde ele foi informado que o rei iria lhe ver apenas no dia seguinte, pois no momento ele estava ausente. Exausto da viajem cansativa e privado de boas noites de sono, o jovem passou a noite dormindo no castelo, guardando seguramente as presas em seu punho fechado.

Ao cair no sono, o jovem guerreiro se vê de volta a floresta onde dias atrás havia enfrentado a fera. Confuso e perdido, ele se vira e se depara com uma sombra de aparência humana que se aproxima dele lentamente. A cada passo que a sombra dava, a floresta atrás dela se desfazia e o céu acima dela rachava. O jovem tentou se mover, mas seu corpo estava paralisado e ele só pode observar enquanto a sombra se aproximava dele e lhe estendia a mão fechada, como se lhe entregasse algo.

Quando esta estava a apenas alguns passos de distância, o jovem escutou algo se movendo atrás dele. Involuntariamente ele se virou e se deparou com um cenário completamente diferente e uma segunda sombra, desta vez ele a reconheceu como sendo o rei. O cenário era muito semelhante aos arredores do castelo, mas o rei não se movia em sua direção. Ele apenas esperava.

Sabendo o que deveria fazer, o jovem pegou as presas da primeira sombra e foi até a sombra do rei entregá-las. Mas ao se curvar a ela estendendo sua oferenda, ele foi surpreendido por um punhal em seu peito e uma risada maquiavélica.

O jovem acordou surpreso na manhã do dia seguinte e fitou as presas na sua mão. Aquilo havia sido claramente uma mensagem para ele, um aviso. Mas apesar disso, o jovem guerreiro prepotente foi a procura do rei.

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"Não é bom viver sonhando, mas quando não podemos viver nossos sonhos, tudo o que queremos fazer é sonhar."

14 de nov. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 3: A Batalha

Uma vez dentro da floresta, o jovem guerreiro começou sua procura pela fera. Sem temer a lenda que lhe foi contada, ele prosseguiu incansável por entre as árvores na escuridão da noite, mas apenas no crepúsculo do segundo dia que ele viria a encontrar seu objetivo.

Depois de andar por horas a fio sem encontrar sinal nenhum da existência da fera, o jovem guerreiro chegou a um grande altar abandonado. A grama crescia de todos os lugares e o verde da flora cobria o chão e as paredes. Aparentemente, o tempo havia tomado toda a majestade daquele lugar, mas ainda permanecia no ar o resquício de magia. Imediatamente, o jovem guerreiro se adiantou para explorar o templo, mas ao pisar na escadaria, ele sentiu o ar estremecer.

Como se fosse chamado pelo seu altar, a fera lupina finalmente se revelou. Seu tamanho era colossal, mesmo se comparado aos maiores ursos do reino. Seus olhos brilhavam com um desejo assassino e suas presas brancas como marfim pareciam vibrar de excitação. Não parecia haver mais nada do espírito protetor sobrando naquela fera. Ela agora era apenas uma máquina assassina com poderes além da imaginação.

Mas mesmo de frente a tal criatura, o jovem guerreiro não estremeceu. Erguendo sua espada contra a fera, ele investiu num ataque feroz. Sua habilidade em batalha foi testada além dos limites enquanto a fera golpeava e rugia incansável. Cada segundo parecia durar horas, a cada segundo pareciam passar dias e cada instante em que se estendia a luta parecia ser uma vitória para o jovem e corajoso guerreiro. Confiante em suas habilidades, ele partiu para o ataque novamente. Com uma velocidade vertiginosa, ele golpeou o rosto da fera, arrancando uma de suas presas.

No instante seguinte, a fera começou a urrar em dor e fúria enquanto seu poder se esvaia de seu corpo. Pouco a pouco seu tamanho diminuia enquanto a magia estocada em seu corpo retornava para a presa arrancada. O jovem guerreiro se aproximou surpreso da presa arrancada aproveitando do desespero da fera. Seu tamanho havia diminuido e agora ela cabia na palma de sua mão. Sua cor puramente branca agora brilhava com a luz da lua.

Mas o lobo não o deixou esperar mais. Recuperado da dor e da surpresa, ele atacou o guerreiro de frente pela primeira vez, por pouco errando sua cabeça. Seu tamanho e seu poder haviam diminuido, mas ele ainda possuía sua outra presa e metade de seus poderes divinos enquanto o seu adversário brandia uma espada cansado e ferido. Mesmo debilitado e machucado, o lobo ainda tinha a vantagem.

Mesmo assim, o jovem guerreiro ainda mantinha um sorriso no rosto. As coisas não tinham mudado desde o começo da luta, mas ele não planejava morrer ali. Apertando firmemente a pequena presa em sua mão, ele investiu contra o lobo com tudo o que tinha de sua força e habilidade. Ao final desta batalha épica, a última presa do lobo foi finalmente arrancada pela espada do jovem guerreiro.

Imediatamente, o altar entrou e colapso e foi engolido pelo chão num terremoto junto ao corpo do lobo. Cansado, ferido e vitorioso, o jovem guerreiro retornou para casa. Mal sabia ele o que as suas ações iriam desencadear.

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"A justiça foi criada pelos homens, mas ainda assim eles são incapazes de julgar seus limites"

27 de out. de 2010

Poesia nova

Essa eu escrevi inspirado nas músicas "SOFA" e "Sanagi", ambas do Suga Shikao, e ainda está sujeita a mudanças futuras.

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Título: Sonhos frios

Dia e noite eu passo inquieto
E nada no meu mundo parece estar no lugar certo
Me cansei de tentar criar um mundo perfeito
Onde você ainda dorme ao meu lado em meu leito

Ultimamente, eu ando um pouco desmotivado
Pois você não está mais a andar ao meu lado
Sinto saudades do tempo em que era abraçado
De quando cometia erros, e por ti era criticado

Tempos em que o sol ainda era claro
E passeávamos todo dia em meu carro
Tempos em que a noite ainda tinha um encanto
E ficávamos toda madrugada, abraçados sob meu manto

Mas vejo hoje, neste desamparo
A magnetude da dor com a qual me deparo

Deito cansado, doente e confuso
Me tranco no quarto, triste e recluso

Perdi a emoção em meu coração
E vivo uma vida sem nenhuma opção
Sem ter reação, engulo a decepção
De perder você neste mar sem razão

Onde você se jogou

Qual era o significado das lágrimas que choramos?
Por que razão nós nos reconfortamos?
Qual é o sentido em continuar andando?
Você já se foi, me abandonando...

Dias e noites eu passo inquieto
Enquanto tudo no meu mundo cai sobre meu teto
Me cansei de tentar viver neste mundo imperfeito
Em que você acabou por morrer antes de voltar para o meu leito

Lucas Rangel Lima

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"Momentos tristes virão. Mas a tristeza não precisa vir com eles."

14 de out. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 2: A Lenda

Depois de receber a ordem do rei, o jovem guerreiro partiu para a floresta protegida pela grande fera. Depois de muitos dias de viagem, ele alcançou uma pequena vila situada nas proximidades da floresta. A vila era pacífica e festiva, todos pareciam alheios as ambições do rei de dominar todo aquele território.

Mas o jovem guerreiro não pensava nisso. Ele apenas pensava em terminar o seu dever e demonstrar a sua lealdade ao reino. Mas antes de sair a procura da fera, ele tentou questionar os habitantes da vila para reunir mais informações sobre a fera. Porém, tudo o que eles sabiam era "A lenda".

"Séculos atrás, numa época de grande fome e infelicidade, um homem ofereceu sua vida e a de seus descendentes para o espírito que protegia a floresta. Em troca da fertilidade do solo e do sorriso de seu povo, sua família iria se unir ao espírito para servi-lo até o fim dos tempos. Mas o espírito não julgou a proposta do homem suficiente, e depois de trazê-lo com sua família para a floresta, ele exigiu que lhe fosse dado o corpo do filho mais velho para que pudesse habitar. O homem não pôde permitir tal coisa, e se recusou a dar seu filho para o espírito, oferecendo seu próprio corpo no lugar.

O espírito se sentiu traído e resolveu colocar uma maldição sobre a família do homem. Na noite em que o ritual de possessão iria ser realizado, o espírito usou de seu poder para transformar o homem em um lobo, dando a ele um tamanho colossal e uma forma maligna.

'Agora eu aceitarei seu corpo. Mas como punição por descumprir com sua palavra e não me obedecer, seus filhos, os filhos de seus filhos e todos aqueles que tiverem seu sangue em suas veias também assumiram a mesma forma que você e viverão comigo eternamente dentro desta floresta' Disse o espírito.

E assim foi feito. Graças ao sacrifício da humanidade de muitos, a vida de muitos outros foi salva e a terra nunca mais se fez infértil. Mas até hoje, um grande medo permanece no coração do povo. É contado também que quando o primeiro foi transformado em lobo para ser dado ao espírito, ele jurou vingança por sua família. jurou que sua alma um dia voltaria para punir o guardião egoísta da floresta, e que o corpo que ele tomou seria sua ruína."

Com essa lenda em mente, o jovem guerreiro se dirigiu a floresta com espada em punhos e a bravura nos olhos, decidido a derrotar a fera e a voltar para seu reino para ser aclamado em glórias e honra.

Logo ele iria travar uma batalha que mudaria o curso do destino.

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"Ser integro não significa manter a sua palavra, e sim não deixar que esta vá contra os seus princípios."


2 de out. de 2010

Crônicas de um espírito - Capítulo 4

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes ela é particularmente cruel e acaba nos ferindo profundamente com culpa e pesar. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho apoiar e guiar aqueles que se perdem ao perderem o próximo.

Fernando estava viajando de São Paulo a trabalho. Ele era caminhoneiro e estava terminado uma entrega de produtos na Baixada Santista, se aproximando de Peruíbe.

Ele estava muito cansado. Havia passado a tarde inteira dirigindo e mal podia esperar para poder jantar, assistir um pouco de televisão e dormir em paz. Sua esposa havia ligado para ele avisando que iria passar o final de semana na casa da mãe, que estava doente, deixando a casa só para ele.

Fernando também estava preocupado com a sogra, que está doente há muito tempo e não mostrava sinais de melhora. Mesmo com os desacordos com o sogro, ela sempre apoiava o relacionamento dele com sua filha, e doia muito pensar em perdê-la.

Mesmo assim, fazia muito tempo que ele não tinha um final de semana inteiro para si mesmo, então ele acelerou o caminhão um pouco mais.

"Tome mais cuidado no trânsito. Mesmo que você aumente a velocidade, não ganhará mais do que alguns minutos." Disse eu.

Minha vóz não o alcançou, mas mesmo assim ele pode sentir as minhas palavras e, consequentemente, diminuir para uma velocidade segura.

"Estamos quase chegando. Logo estaremos em Peruíbe e você poderá fazer a sua entrega. Mas nem tudo vai como o esperado. Você também não pode se culpar por isso sabe?" Disse eu.

Continuamos por mais alguns minutos na estrada até nos aproximarmos da entrada de Peruíbe. Fernando estava um pouco sonolento e planejava tomar um café na cidade antes de voltar para São Paulo. Já havia feito algumas entregar por lá no passado e conhecia alguns lugares onde poderia comer alguma coisa. Além disso, ele já estava ficando enjoado de tanto ficar na estrada.

"Preste atenção na estrada Fernando. Falta pouco." Disse eu "Hoje eu vim buscar um irmão que veio apenas para pagar o tempo que ele devia de sua vida passada. E você será o intermediário."

Fernando parecia mais disperto e atento conforme eu falava. apesar de não escutá-las, minhas palavras ainda surtiam efeito nele.

"Nada do que está prestes a acontecer é culpa sua. Isto também será uma provação para você. Não sofra mais do que o necessário, não há razão para carregar cruzes que não existem. A ilusão da separação é apenas momentânea. Encare tudo como uma lição."

Segundos depois, fizemos uma curva e entramos em peruíbe. Logo depois da pirâmide que marca a entrada da cidade, Fernando avistou a silhueta de uma mulher com um carrinho de bebê a atravessar a rua no sinal vermelho. Todo o resto aconteceu muito rápido. Um carro businou e avançou contra a mulher sem conseguir frear, atropelando-a. Numa tentativa de salvar sua criança, ela empurrou o carrinho para frente segundos antes de ser atropelada. O carrinho desgovernado acabou rodopiando e parando na frente do caminhão de Fernando. Não houve tempo para desviar.

Lucas Rangel Lima

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"Nada é como achamos que deveria ser, e entre as coisas que nós julgamos que deveriam ser, pouquíssimas estão certas. Sabendo disso, devemos tentar nos compreender e ao próximo, para entendermos por que as coisas são como são."

23 de set. de 2010

A mente a deriva

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Ultimamente estou ficando meio desmotivado com a falta de comentários. Sério. Comentem. Nem que seja pra falar mal. Eu gosto de ver um post com muitos comentários.

Mas deixando de lado o momento emo, vamos à crônica da vez.

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Confusão, indignação, surpresa, encanto e medo. Um misto dessas emoções é o que domina a minha mente neste momento. Não tenho certeza do que aconteceu, do porque de ter acontecido nem como aconteceu, mas lá estava eu, no meio do desconhecido.

A minha memória acabava no momento em que eu saltei para o mar na tentativa de salvar uma criança. Nem me lembro se era uma menina ou um menino. Tenho a impressão de que a praia estava movimentada de mais e que por isso não notei a criança sendo levada pelo mar. Algo assim. Agora não importava.

Não importava?

Não! A criança! onde ela está? Quanto tempo passou? Onde está o mar? A praia? As pessoas?

Onde eu estou?

Tentei prestar mais atenção aos arredores. Eu Me econtrava em pé no meio de uma planície de grama cinzenta e árvores escuras. Nuvens de um azul escuro pairavam no ar e não era possível ver o céu. Devia ser noite.

Noite?

A quanto tempo não via a escuridão da noite? E o raiar do sol? O que eu ficara fazendo este tempo todo?

Lentamente, tomei ciência de alguns outros fatos. Fazia muito tempo des do momento em que eu mergulhei para salvar a criança. Meu corpo parecia mais pesado que o normal. Eu me sentia cansado, mas não conseguia dormir. Minha fome e minha sede eram tão grandes que eu poderia enlouquecer.

Ou já tinha enlouquecido? O que eu estava pensando mesmo?

Não me lembro. A última coisa que eu me lembro era do mar. Eu adorava o mar. Mas onde estava o mar?

Longe? não. Eu havia mergulhado, mas não me lembro de sair. Será que estou no fundo do oceano? então como posso estar vivo?

Também não. Não se pode ver nuvens no fundo do oceano, muito menos árvores. Mesmo assim, é possível que eu esteja morto.

Então isso é o inferno? Ou talves não haja inferno. Talvez eu esteja destinado a caminhar por esta planície para o resto da minha vida. Opa, se eu estiver morto, eu não preciso me preocupar com isso.

Estou ficando confuso. Será que enlouqueci? Provavelmente. Mas ainda estou são, eu acho. Afinal, o que diabos aconteceu? Por que estou aqui sozinho?

Sozinho!? Meu Deus! Eu não quero ficar sozinho! Alguém, por favor apareça! Por favor! Eu faço qualquer coisa! Me ajudem por favor! Por favor!...






Alguém me chama. Eu conheço essa vóz. Ela é doce. É como se fosse uma canção que está sendo cantada em meus ouvidos desde que eu nasci. Mas não consigo abrir os olhos. Não consigo me lembrar. Eu estava pedindo por algo. Eu precisava de algo. Mas não preciso mais. Tenho a vóz. Vou ouvi-lá. Mas e se ela se for? Preciso segui-lá! Preciso acordar! Preciso abrir os olhos! Preciso me lembrar! Não importa do que, eu preciso me lembrar! Antes que eu me esqueça e volte para lá denovo! EU PRECISO ME LEMBRAR! ALGUÉM ME AJUDE! POR FAVOR!

Lucas Rangel Lima

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"A morte não nos leva ao desconhecido, apenas nós e nossa própria ignorância. Se não sabemos, é porque fomos assim abençoados. Se sabemos, é porque fomos assim abençoados também. Ou melhor, isso depende apenas de nós"

15 de set. de 2010

Nova Poesia.

Essa é uma poesia que eu tenho no meu PC faz um tempo. Escrevi ela inspirado na música "Utsusemi no Kage".

Título: Arrependimentos de alguém.

Ainda me lembro daquele sorriso sincero
De alguém que sempre esteve à me consolar
Ainda me lembro daquela promessa quebrada
Que fiz a álguém de quem dói me lembrar

Os dias de verão eram quentes e aconchegantes
O sol brilhava para mim como teus olhos para os meus
Os dias de inverno eram frios mas reconfortantes
O amor sorria para nós quando meus lábios tocavam os seus

Hoje me escondo na escuridão de meu quarto
Trancado na solidão de meus pensamentos
Tentando escapar da tristeza, deitado
Refletindo de novo sobre meus arrependimentos

O que fiz a mim, por pura e tola inocência?
Me privei de seu calor com infantilidade
O que fiz a ti, por puro e fútil egoísmo?
Te roubei seu sorriso e sua felicidade...

Se o amor deixa cicatrizes que nunca vão se calar
Eu fiz você as ouvir, e nunca parar de chorar
Se a solidão causa feridas, que nunca vão se fechar
Eu por você as abri, para nunca parar de sangrar

Ignorei as palavras que eram ditas pelo meu coração
E confundi tolamente meu egoísmo com paixão
Ignorei as súplicas que eram expressadas pelos seus olhos
E afoguei meus sentimentos em suas lágrimas

Achei que estava agindo da forma correta
Enquanto você carregava apenas tristeza em seu peito
Achei que estava te poupando de uma grande ferida aberta
Enquanto você chorava, deitada de noite em seu leito

Deveria procurar por você?
Por seus dedos,
Seus labios,
Seus beijos e seus abraços...

Deveria procurar por um vestígio seu?
Por seus sentimentos
Quebrados,
Um amor que eu fiz em pedaços?

Esta insáciavel tristeza semeada neste tolo homem
Esta insuportável fraqueza que o consome

Agora eu percebo,

Ainda desejo aquele sorriso sincero
de alguém que me ama à me consolar
Não vou desistir daquela promessa quebrada
Que fiz a alguém de quem me reconforta lembrar.

Lucas Rangel Lima

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"Perseguindo o significado da vida, eu incessantemente gritei para os céus, mas para a minha tristeza, pude apenas ouvir o eco de minha própria voz."

10 de set. de 2010

O Rei e o Lobo - Capítulo 1: Prólogo

Há muito tempo, em um país desconhecido, um jovem rei decidiu expandir o território do seu reino para além das montanhas, na grande floresta onde o deus dos lobos vivia. Não seria fácil lidar com os lobos da floresta, pois o deus dos lobos tinha poderes além da compreensão humana. Foi então que o rei teve uma idéia.

Em um dia chuvoso, o rei mandou seu melhor mensageiro percorrer todo o reino a procura dos mais fortes e corajosos guerreiros e organizou um grande campeonato. O vencedor seria abençoado com a "Espada do Reino" e se tornaria o Primeiro Cavaleiro do rei.

Em pouco tempo, a notícia se espalhou e centenas de guerreiros das províncias mais distantes vieram participar do campeonato. Alguns vieram em busca de riquezas e de poder, outros vieram em busca de reconhecimento, mas apenas um conseguiu permanecer invícto. Guerreiros e lutadores de todos os tipos se confrontaram em batalhas que assombraram e encantaram os pensamentos dos espectadores por décadas. Mas mesmo entre tantos colossos, um jovem guerreiro poderoso e talentoso se destacou por sua habilidade e força, derrotando um a um seus oponentes e assim, ganhando o Grande Campeonato.

Ninguém esperava que aquele jovem de origem desconhecida e aparência simples iria chegar tão longe, muito menos vencer o Campeonato. Mas a surpresa foi maior ainda quando sua primeira missão foi anúnciada.

"O rei deseja tomar posse das grandes riquezas ocultas nas florestas além das montanhas, mas esta é protegida por uma fera odiosa com a aparência de um enorme lobo. Nenhum guerreiro jamais retornou do território desta fera, e ela é a única coisa que nos impede de tomar posse da floresta. Nenhum exército pode derrotá-la, nenhuma magia pode subjulgá-la. Cabe ao Primeiro Cavaleiro do rei enfrentar a fera e trazer ao rei suas presas, como prova de sua lealdade."

Com tais palavras ditas, o jovem guerreiro partiu em sua jornada em nome do rei, em busca do reconhecimento e da glória que tanto desejava.

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"Se viver é lutar, morrer significaria paz? Bem, talvez uma coisa não tenha nada a ver com a outra."

1 de set. de 2010

Crônicas de um espírito - Capítulo 3

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes ela rápida e fulminante, as vezes ela se demora mais do que deveria. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho esperar e ajudar as almas de nossos irmãos menores quando for necessário.

Daniel estava deitado em sua cama no hospital. Há muitos meses não saia daquele quarto, pois era necessário acompanhamento médico constante no seu caso. Ele já estava se sentindo mal há algum tempo antes de ser levado para o hospital, mas não havia levado os sintomas a sério. Apenas quando teve um ataque cardíaco na academia Daniel foi socorrido e descobriu suas doenças.

Em seu diagnóstico, constavam cirrose medicamentosa e complicações cardíacas resultantes do uso prolongado de anabolizantes. Se ele tivesse demorado mais algumas semanas para ser atendido suas chances de sobrevivência seriam mínimas.

"Graças a Deus..." Pensava Daniel.

Os médicos haviam marcado uma cirurgia de transplante de fígado para Daniel para hoje. Em alguns minutos ele estaria na sala de cirurgias sendo operado. Depois de ser operado e receber alta do hospital, ele planejava voltar para a casa dos pais e viver com eles até arranjar um emprego. O susto o havia convencido a desistir de usar anabolizantes e qualquer medicamento prejudicial a saúde.

Mas o médico havia avisado-o. Graças ao dano no coração, a cirurgia poderia ser perigosa, e ele poderia morrer. Mesmo assim, ele concordou.

"Toda cirurgia é perigosa, e eu posso morrer a qualquer momento mesmo!" Pensava ele.

Depois de alguns minutos, a enfermeira veio buscá-lo no quarto.

"Senhor Daniel? Vou levá-lo até a sala de cirurgias." Disse ela.

"Obrigado." Respondeu Daniel.

Eu os segui pelos corredores do hospital. Pelo caminho, vi vários outros pacientes acompanhados por espíritos como eu. Alguns ficariam ali por dias, talvez meses, até o momento em que finalmente desencarnariam, alguns seriam levados hoje mesmo, e talvez tenha algum que viva por anos agarrado a sua vida, carregando sua efermidade em desespero. Mas isso era escolha deles.

Daniel foi anestesiado e colocado na mesa cirurgica e a operação começou. As horas se arrastavam lentamente enquanto eu esperava o coração dele enfraquecer. A cada minuto os médicos pareciam mais confiantes e hesitantes ao mesmo tempo. A cirurgia estava indo bem e parecia que tudo iria dar certo.

"Eu não vou perder você!" Pensava a cirurgiã.

"Não, você não vai" Disse eu. "A morte é apenas uma travessia, não existe perda real. Não se preocupa, não será culpa sua".

Eu me aproximei do corpo deitado de Daniel e coloquei minha mão em seu peito. Meus dedos atravessaram seu tórax e chegaram ao seu coração. Imediatamente, Daniel sofreu um ataque cardiaco e morreu.

"Agora está tudo bem..." Disse eu para Daniel.

Mas antes de eu conseguir levar Daniel comigo, a cirurgiã interviu.

"O DESFRIBILADOR! RÁPIDO!" Gritava ela.

Os enfermeiros trouxeram o aparelho e ela rapidamente tentou reanimar o paciente.

"Não adianta. Ele precisa ir" Disse eu.

"NÃO COMIGO! NÃO NA MINHA MESA" Gritava ela.

"Não faz diferença. Não é responsabilidade sua" Insisti.

"EU NÃO QUERO SABER! VOCÊ NÃO VAI MORRER ASSIM!" Continuou ela.

Lentamente, eu retirei minha mão do peito de Daniel. Seus batimentos cardiacos voltaram lentamente ao normal.

"Muito bem então. Eu volto outro dia" Disse eu, por fim.

Lucas Rangel Lima

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"Se nós insistirmos, podemos quebrar qualquer pedra que esteja em nosso caminho. Mesmo que isto resulte em uma montanha caindo sobre nossas cabeças"

25 de ago. de 2010

Primeira poesia do Blog

Vou postar uma poesia aqui pela primeira vez, mas ela ainda está sujeita a alterações. Algumas críticas ajudam.

Título: Solidão aconchegante

Não tenho medo do escuro
Nem da escuridão em si
Mas ainda sim eu lhe peço,
Deixe as luzes acesas

Faz algum tempo que percebi
Que sou vítima de uma alegria infeliz
Meus sentimentos esperam em frenesi
Por algo que os faça tremerem de verdade

Meu peito começa a arder
Minha garganta vai se apertando
Ao ver um casal aparecer
E pouco a pouco, ir se apaixonando

Mas mesmo ansiando por amor,
Nenhuma estrela brilha para mim
E a lua que ilumina minhas noites
Não está do meu lado no fim

Lentamente, o brilho do amor aumenta
E cada vez mais essa claridade me tenta
Lentamente, o buraco da dor me engole
E eu deixo que essa escuridão me enrole

Deitado a noite em meu leito,
Sonhando com o dia que chegará
Eu deixo as horas me passarem
Me guiando para um novo sonhar

Mas logo, meu anseio fomeia a inveja

Meu peito começa a doer
Minha garganta vai se calando
Ao ver um casal se aquecer
Com seus lábios se aproximando

E mesmo anseando por amor,
O céu se recusa a brilhar para mim
E a lua que iluminava minhas noites
Não está acompanhada no fim

Se pelo menos ela for feliz,
Não me importo de apenas assistir
Se pelo menos alguém a acompanhar
Não me importo com não ter ninguém a me amar.

Não tenho medo de ficar sozinho
Nem da solidão em si
Mas se você puder, eu lhe peço
Fique ao meu lado esta noite...

Lucas Rangel Lima

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"Amar é querer a felicidade do próximo. Qualquer amor que fugir desta realidade está doente"

21 de ago. de 2010

O dia em que nada mudou

Eu sempre pensei que havia algo faltando em minha vida. Com o passar dos anos, eu acabei perdendo de vista essa sensação em meio ao trabalho e ao corre-corre do dia-a-dia. Mas até hoje, quando me pego sozinho em minha casa pensando no que passou, ela vem a tona e eu começo a pensar em coisas como "era realmente isso que eu queria estar fazendo?" ou "Existe algum propósito nessa minha vida rotineira e sem razão?".

Meu dia começou como sempre. Eu acordei lá pelas 6:30, tomei um banho, comi um café da manhã apressado e fui trabalhar. Da minha casa até o escritório dá cerca de trinta minutos de carro. É meio cansativo fazer esse trajeto todos os dias, mas depois de alguns meses você acaba acostumando.

Pensando bem, tudo na minha vida virou costume. Quando criança, eu aspirava por uma aventura como as dos heróis da televisão. Quando jovem, eu passava a maior parte do tempo estudando, e acabei ficando excluido e não fazendo muitas amizades. E agora, minha vida é como um relógio. Todos os dias fazendo a mesma coisa, na mesma hora. Mas eu ainda tenho tempo para desejar o que eu desejava no passado...

Chego no trabalho 7:40 em ponto. Cumprimento meus colegas e sento em minha mesa. Sou contador. Passo o dia inteiro trabalhando, mas isso é tão automático que nem chego a lembrar os nomes dos clientes. Quando chega 12:00, eu saio para almoçar em um restaurante qualquer e volto antes das 14:00. Só saio denovo para ir pra casa as 17:30.

E mais um dia acaba, do mesmo jeito que o anterior, e assim em diante. Eu tinha a impressão de estar cansado, mas também já estava acostumado. chego em casa 18:00, ligo a televisão e assisto sejá lá o que estiver passando. Dificilmente presto atenção, só não tenho outra coisa para fazer. Depois de algumas horas, ou eu vou pra cama, ou eu ligo o computador e checo meus emails. Foi o que eu fiz hoje. Haviam cinco emails na minha caixa de entrada. Quatro deles eram apenas correntes religiosas, que você lê, acha a mensagem bonita e se esquece completamente da mesma no dia seguinte. O quinto dizia o seguinte:

"Clique aqui para mudar sua vida."

Eu li a mensagem e pensei:

"Provavelmente é vírus."

Em seguida, deletei a mensagem. No dia seguinte, voltei a minha rotina, sem me lembrar do ocorrido. Sem imaginar o que teria acontecido se eu tivesse aceitado.

Lucas Rangel Lima

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"Se algo te deixa insatisfeito e você deixa por isso mesmo, não reclame. Se você tenta mudar aquilo que julga errado, boa sorte, eu faço isso também."

5 de ago. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 2

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes ela envenena nossos corpos lentamente, as vezes ela nos abraça subitamente e nos afoga em desespero. Mas não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho garantir que aqueles que se perderam no caminho da vida recebam ajuda ao fazer a travessia.

Rogério chegou tarde em casa. Havia passado o dia inteiro trabalhando e estava exausto. Ele morava sozinho em uma casa pequena no centro da cidade. Sua namorada vinha visitar de vez em quando, mas ultimamente ela vem reclamando demais do cheiro de cigarro impregnado na casa.

Em cima da mesa da cozinha havia uma caixa de cigarros. As palavras saiam roucas de sua garganta e seus pulmões fracos já não conseguiam puxar o ar direito, mas isso não impediu Rogério de pegar mais um cigarro e acendê-lo, sentando-se à mesa da cozinha.

"Sua namorada estará aqui amanhã de manhã" Eu disse a ele.

Minhas palavras não surtiram efeito algum. Meus pensamentos não podiam alcançá-lo. Ele só conseguia ouvir a ele mesmo.

"Tomara que aquela mulher não me ligue de novo hoje... já estou cansado de ouvir ela falando o que eu tenho que fazer o tempo todo" Pensava ele.

O vício já havia consumido sua mente. Seu egoísmo o havia cegado, e ele já não dava ouvidos a mais ninguém. Nem a ele mesmo.

Rogério fumava desde que tinha treze anos. Seus pais morreram cedo, e ele foi obrigado a cuidar de seus irmãos mais novos sozinho quando tinha 19. Mesma época em que seu vício começou a assumir o controle.

"Ela está ao seu lado a tanto tempo Rogério. Esta não é a coisa certa a fazer. você vai abandoná-la"
Disse eu.

Desta vez, ele reagiu.

"Quem ela pensa que é? Eu não sou mais uma criança, não preciso aceitar ordens de ninguém. Vivo minha vida do jeito que preferir"
Continuou ele.

"35 anos. Certamente você não é mais uma criança. Tem certeza da sua escolha?"
Disse eu.

Rogério começou a tossir. Conforme eu me aproximava a tosse ia se tornando mais violenta. Um pouco cambaleante, ele se levantou e procurou tomar um copo d'água. O copo tremia em suas mãos. Ao engolir a água, sua tosse diminuiu. Mas ele ainda não apagara o cigarro.

"Então estamos indo"

O telefone tocou. Era a namorada de Rogério.

"Parece que ela realmente se importa com você. Por favor, aproveite a chance que ela lhe deu"

Rogério antendeu o telefone.

"Alô?"

Sua vóz estava rouca e quase irreconhecível.

"Oi amor, sou eu... O médico ligou, ele disse que era terminal..." Disse ela

"Foi pra isso que você me ligou?" Respondeu ele, secamente.

"Eu só estou preocupada..." Continuou ela.

"Eu não preciso que sinta pena de mim"

Rogério desligou o telefone.

"Você fez a sua escolha" Disse eu.

Rogério sentou-se, acendeu outro cigarro e voltou a fumar.

"Vamos indo"

Eu estendi minhas mãos para o seu pescoço. Seus pulmões enfraquecidos pelo câncer não conseguiram aguentar e pararam de funcionar. Depois de agonizar por alguns segundos, ele deixou seu último cigarro cair ao chão.

Lucas Rangel Lima

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"As vezes nos irritamos com Deus ao ver nosso caminho bloqueado. Mesmo assim, Deus sempre bloqueia os caminhos que levam a perdição"

31 de jul. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 1

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes ela pode ser cruel, as vezes ela pode ser perversa, mas tudo há uma razão de ser. E não tenha dúvida, o universo é imparcial e justo. É o nosso trabalho garantir que aqueles que precisam de socorro quando suas horas chegam tenham suas preces atendidas.

A criança olhava para a vitrine da loja de brinquedos fascinada. Seus pequenos olhos negros brilhavam de excitação ao admirar aquela variedade de bonecos e carrinhos. Aquele era o seu consolo durante as noites frias daquele inverno.

Todos os dias ela retornava a aquela loja, simplesmente para observar os brinquedos. Ela não tinha casa ou familia, apenas a loja para lhe acalentar a tristeza. Apenas estar ali já a deixava em paz. Mas naquela noite, eu a acompanhava.

Era uma noite especialmente fria. Como sempre, a criança se posicionara na frente da vitrine, a olhar os brinquedos. Mas algo havia mudado. A alegria e o consolo de sempre haviam sumido. Muitas pessoas conversavam aflitas dentro da loja, a vitrine estava quebrada e os brinquedos estavam espalhados. O segurança, Ao avistá-la na frente da loja, se dispôs a expulsá-la.

A loja havia sido roubada naquela tarde, e o segurança estava irritado. Ele corria o risco de perder o emprego, e ao olhar para a criança, ele resolveu descontar toda a sua raiva. "Ninguém iria intervir por uma criança que mora na rua", pensou ele.

"Suma daqui! Vá embora ou eu chamo a polícia!" Gritou o segurança.

A criança se assustou e tropeçou, caindo no chão. O segurança se aproximou com o intuito de violentá-la.

"Afaste-se dela" Disse eu.

Ele parou. A criança havia machucado o braço ao cair, mas conseguiu se levantar, ainda que muito assustada.

"Suma e não apareça nunca mais! Eu não quero te ver por aqui mais uma vez" Disse o segurança.

A criança começou a correr em desespero. Ela não havia feito nada. Cheia de medo e insegurança, ela correu até que as suas pernas não pudessem mais aguentar. Dominada pelo frio e pelo cansaço, ela desmaiou no chão gelado, para nunca mais levantar.

Lucas Rangel Lima

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"Se você se arrepende do passado, não pense no que poderia ter sido. Pense no que você vai ter que fazer para mudar o que está por vir"

30 de jul. de 2010

Crônicas de um Espírito - Capítulo 0

Todos nós morremos um dia. Está é uma certeza que podemos ter a partir do momento em que nascemos. A morte do corpo virá para todos. As vezes é rápida, as vezes é dolorosa. As vezes ela se arrasta por longos anos e as vezes ela te agarra antes mesmo de você alcançar a juventude. Ela é imparcial e justa. E é o nosso trabalho cuidar daqueles que precisam de ajuda quando suas horas chegam.

Sérgio estava no seu carro, viajando de Santos para São Paulo. A estrada estava pouco movimentada, e ele dirigia sem grande preocupação. Havia saido de casa de manhã cedo para evitar o trânsito e economizar tempo, queria voltar para casa o quanto antes, pois o aniversário do seu filho seria no dia seguinte.

Distraido com a música que tocava em seu rádio, Sérgio cantarolava pela estrada comigo ao seu lado. Meu erro, da banda Paralamas do sucesso.

"Você sempre gostou dessa banda..." Disse a ele. "Des de que a escutou pela primeira vez, suas musicas nunca deixaram de te animar."

Ele não me respondeu. Ou melhor, ele não me escutou. A música não estava alta, mas a minha vóz nunca alcançaria seus tímpanos.

"Sabe Sérgio, o presente que você comprou para o seu filho foi muito bacana. Ele com certeza vai adorar."

Sérgio sorriu. minhas palavras não podiam ancançá-lo, mas ele podia senti-las. Ele começou a fantasiar sobre o dia seguinte, imaginar o seu filho abrindo os presentes, sorridente, alegre, brincando com os amigos, comendo doces e bolos.

"Ele é um bom garoto, realmente. Você o criou bem..." Disse eu. "E ele te ama muito sabe... eu sei que ele não fala isso com muita frequência, mas é normal para a idade dele".

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Sérgio. Uma sensação ruim percorria seu corpo. uma tristeza repentina havia se instalado em seu coração.

"Me desculpe... Não consigo não me sentir mal pelo garoto. Ele vai passar por uma fase horrível por uns tempos." Disse a ele.

Minhas emoções continuaram a afetá-lo. O CD do paralamas estava quase no final de sua última música.

"Mas sabe Sérgio... As coisas acontecem por uma razão. Você não pode mais ficar neste mundo, não há mais nada para você aqui."

Sérgio estendeu a mão e removeu o CD do rádio para pegar outro.

"Seu tempo acabou Sérgio."

Eu esbarrei na mão dele enquanto ele trocava o CD, derrubando-o no chão. Ainda afetado por mim, ele enxugou as lágrimas e se abaixou para pegar o CD, colidindo com a traseira de um caminhão.

Lucas Rangel Lima

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"Não é preciso viver a cada dia como se fosse o último. Só saiba que, ao deixar o dia passar, você perdeu uma chance de estar com aqueles que você ama, e que esta chance não irá mais voltar."

28 de jul. de 2010

Hajimemashou?

Futatsu no shin sekai, "O segundo mundo dos Deuses"

Este espaço vai servir para discutir ideias, filosofias, poesias e etc... Falaremos sobre tudo, sem um tema específico.
Como sou muito asoberbado, não irei postar frequentemente e em todos os posts, colocarei uma frase de MSN bacana.

Frase de MSN da vez:

"Quando o homem criou Deus, ele não pensava no Criador, ele pensava em outro homem"