11 de abr. de 2012

A Tristeza do Despertar

Me pergunto se está certo assim
Se posso realmente acordar e esquecer
Das longas horas que sonhei
De tudo o que eu imaginei
Se realmente não há nada
Que eu possa fazer

Ontem, penso ter sido um bardo
Cantando sobre a alegria de alguém
Para quem quisesse ouvir.

Antes, penso ter sido um nômade
Fadado a caminhar sem moradia
Pelas mais extensas planícies...

Já vi belas paisagens
E admirei inúmeras melodias
Já fiz louváveis feitos
E apreciei incontáveis regalias

Já vivi doces amores
E senti uma infinidade de sentimentos
Mas não me lembro mais
Acabou
E imediatamente,
Se apagou

Ontem, penso ter sido um herói
Que só sabia brandir a espada
Pelo que acreditava ser certo

Antes, penso ter sido um monstro
Constantemente faminto e furioso
Apenas esperando para ser eliminado

Ainda, penso um dia ter sido um homem
Que vivia uma vida como a que eu vivo
Mas diferente
Mais frustrante e gratificante
E de longe, muito mais interessante

Penso um dia ter sido livre
Livre para me deitar e deleitar a natureza
Sentir a chuva em meu rosto
E em seguida o sol a seca-la

Mas então, abro os olhos
E depois de piscar,
Sinto uma lágrima de saudades
Sinto escorrer pelas minhas mãos algo importante
E percebo que já me esqueci do que fui durante meu sonho
Do que eu poderia ser
Ou talvez,
Do que eu realmente sou

Não pode estar certo assim
Não pode ser certo eu acordar e me esquecer
Das longas horas que vivi
De tudo o que experimentei
Mas alás, realmente não há nada que eu possa fazer
Além de esperar o próximo sonho...

Lucas Rangel Lima

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"Sei que sonho ser uma borboleta e não o contrário, pois algo tão belo nunca teria a mim como sonho."

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