29 de jul. de 2013

A Caminhada

Ele saiu de casa naquela tarde sem saber direito ao certo aonde queria ir. Planejava apenas escapar daquela casa, tão cheia de memórias e tão vazia, onde só poderia passar o tempo sozinho. Dar uma caminhada pelo centro da cidade, pela orla da praia... Ver o mar enquanto escutava suas músicas favoritas.

Ele então vestiu uma jeans e uma camisa preta, uma blusa e colocou um óculos escuro. Vestiu também luvas, pois apesar do sol, o vento ainda era frio. Por fim, calçou o tênis e partiu.

Depois de mais de meia hora, seus pés finalmente o guiaram até a areia e o mar. Deserta devido ao inverno, a praia parecia uma amiga que ele não via fazia anos, e que reservara aquela tarde apenas para recebê-lo.

Mas incapaz de se distrair com o cenário e com a música, ele permaneceu engasgado com suas dores. Desejado alguém para conversar, alguém para agredir, alguém para rir, alguém para fazer sangrar... Alguém para abraçar, talvez.

Foi então que ele viu uma garota, vestida com o mesmo preto de seu luto, descer para a areia e passar andando. Ela parecia apressada, com raiva talvez. E charmosa.

Solitário e hesitante, ele a fitou rabiscar algo na areia entre muitos outros rabiscos e logo cedeu a curiosidade. A única coisa em sua cabeça era a esperança, a luz, a ansiedade... 

Mas em seu peito ainda jazia o medo e a dor.

Ele a fitou partir e se virar para olhá-lo.

Na primeira vez, ele pensou "Preciso voltar. Vou me arrepender se ela se virar de novo."

Na segunda vez, ele pensou "Eu preciso correr. Mas será que ela vai se virar de novo?"

Ne tercera vez, ele pensou "Porque eu fiquei parado?"

E por pensar que já era tarde demais, já era tarde demais.

Ele voltou para casa naquele fim de tarde sem saber ao certo o que devia sentir. Desejava apenas escapar daquela sensação, tão amarga e tão dolorosa, que só fazia aumentar sua solidão. Escrever uma poesia, uma crônica ou uma canção...

Repensar seus arrependimentos e dores mais queridas.

Lucas Rangel Lima

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