9 de ago. de 2011

As Músicas

Em um de meus monótonos dias de estudante, sentado em minha sala de aula, eu acabei sendo vítima de uma interessante coincidência.

Em uma aula qualquer de matemática, eu decidi me sentar em um lugar diferente do usual ao lado da janela para evitar o frio do inverno. Como resultado, me encontrei cercado de colegas com os quais eu interagia e conhecia muito pouco.

Mas isso não se mostrou um problema. Como na maioria das aulas dessa matéria, todos permaneceram em silêncio durante a explicação e eu acabei me rendendo ao sono, deitando a cabeça sobre minha mesa.

Em questão de minutos, eu consegui adormecer. Era uma aula dupla e eu já tinha feito a lição em antecipado, então eu pensei que poderia dormir por muito tempo. Mas foi então que aconteceu.

Atravessando as palavras da professora, o som dos cochichos, da respiração de todos os meus colegas, eu pude escutar uma música. Num volume tão baixo que caso eu conhecesse-a poderia acabar achando que era apenas minha imaginação.

Sem levantar minha cabeça da mesa, eu tentei procurar a origem do som, me concentrando o máximo para identificar quem poderia estar escutando-o. Mas não consegui. Seja lá quem fosse, estava sentado próximo a mim e provavelmente usava fones de ouvido, mas eu precisaria despertar e procurar para poder procurá-lo.

E eu não sei, talvez por medo de ser tudo uma espécie de sonho, ou talvez por pura preguiça mesmo, eu não me movi. Ao invés disso, permaneci apenas a escutar. Canção por canção, eu apreciei parte da coletânea favorita de alguém. Eram músicas de gêneros estranhamente diferentes, mas todas possuíam o mesmo tom melancólico. Todas elas me encantaram.

Ao final das duas aulas, a música já havia se calado. Eu nunca fiquei sabendo quem a escutava, mas a partir daquele momento, eu passei a me perguntar: "Quem entre estas pessoas com as quais eu convivo escutava canções tão lindas? Como eu poderia não ter percebido alguém com uma característica tão bela?". E não parou por aí. Em pouco tempo, essas perguntas deram raiz à outra.

"Quantas pessoas entre as quais eu convivo podem conter segredos tão simples e belos assim?"

Lucas Rangel Lima

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"Você só conhece uma pessoa até ficar sabendo de algo novo sobre ela."

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