22 de fev. de 2012

Sangue

Fazia um tempo que eu não sentia o gosto do meu sangue. Bem, com excessão de pequenas feridas, arranhões e uma fissura acidental aberta na palma da minha mão direita (cujo crédito vai para minha querida animal de estimação felina), faz muito tempo que eu não me machuco.

Eu disse "sentir o gosto", mas realmente não senti o gosto de nada. Talvez fosse porque não estivesse exatamente fresco, uma vez que ele havia tido tempo para "secar" um pouco na minha mão, ou talvez meus sentidos estivessem um pouco distorcidos. De qualquer forma, eu descobri que não me incomodava com meu próprio sangue. Na verdade, vê-lo cobrindo minhas mãos e senti-lo escorrendo pelo meu rosto (sem falar nas manchas nas roupas) me agradou bastante.

A altura em que tive tempo de notar que estava sangrando, eu já estava calmo. Na verdade, foi apenas um segundo de descontrole, tanto que não fiz esforço algum para me defender em seguida. Não sou masoquista (acho). Só tenho medo da minha ira. E mesmo tendo saído em um estado deplorável, pelo menos havia conseguido segurá-la.

Voltando ao meu sangue, acho que havia sido a primeira vez desde a minha infância enlouquecida que eu o havia derramado em tamanha quantidade. Ele não só cobrira minhas mãos e rosto no momento do ferimento, mas continuou escorrendo por um longo período (Principalmente durante a realização do erro. Como eu disse, eu tenho medo da minha ira. Muito medo. E acredite, ter deixá-do ela me dominar, mesmo que só por um instante, era suficientemente aterrorizador para que... Bem, isso não é importante agora).

Agora, olho para minhas mãos limpas e me lembro daquele momento. Da sensação que o vermelho escarlate havia me passado. O paradoxo de sentimentos que a realização da minha resistência e fragilidade me proporcionava. Uma linha, que parecia quase tangível, entre minha força e impotência.

No final, se eu pudesse afastar todo o resto envolvido, a experiência não foi tão ruim. Ser ferido e sangrar de verdade... Eu até recomendaria a vocês experimentarem...

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"Ninguém quer sofrer. Mas todos, sem dúvida, um dia irão."

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