12 de mar. de 2012

Humanóide - Capítulo 1

Acordo de manhã com a visão distorcida. Penso que deve ser efeito dos remédios, mas logo afasto a preocupação da cabeça e engulo mais um comprimido. Mesmo que eu morra amanhã por causa dessas drogas, são elas que evitam que eu passe cada segundo da minha vida morto.

Minha visão volta ao normal imediatamente, levando embora a sonolência e me deixando num estranho estado de constante alerta. A droga\remédio sempre causa esse efeito. Me sinto capaz de ouvir o caminhar das formigas na parede, de enxergar a poeira dançando no ar... E o mais importante, consigo me esquecer do que eu quiser.

Tomo um banho, troco minhas roupas e vou trabalhar. Minha saúde vem piorando numa velocidade monstruosa, mas a aceleração no raciocínio aumenta consideravelmente meu desempenho. Quando percebo, já está quase anoitecendo. Meu expediente deve ter acabado a pelo menos uma hora.

Não me incomodo de verdade. Não tenho muito mais o que fazer afinal. Tomo mais um comprimido e resolvo voltar para casa pelo caminho mais longo, a orla da praia.

Dois anos atrás, eu fazia este caminho todos os dias. Na quela época, eu tinha um motivo. Hoje... Eu não sei. Acho que estou sentindo o fim chegar, e minha determinação está se deteriorando.

Doze de março... O aniversário dela está chegando...

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"Esquecer costuma ser o jeito mais fácil de fazer a coisa mais difícil."

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