5 de mai. de 2013

Sete Noites - Capítulo 3

"Que reação mais humana." Disse uma voz vinda da janela.

Eu me encontrava de quatro no chão, com os olhos vidrados, em cima de uma poça de sangue e vômito dentro do quarto de uma garotinha de aproximadamente seis anos que morava com a irmã de dez e os dois pais.

"Bem... Julgando pelas aparências, você deve ser um recém-transformado. Mordido a quanto tempo? Menos de um dia? É, acho que sim..." Continuou a voz.

Minha visão, capaz de enxergar perfeitamente bem no escuro, estava embaçada. Eu me sentia enjoado, confuso e novamente, apavorado. Minhas memórias daquela noite passavam repetidas vezes pela minha cabeça.

"E portanto, é muito improvável que tenha sido você a causar essa bagunça. Eu pelo menos nunca ouvi falar de um recém transformado capaz de fazer o que foi feito a essa família. Vocês ainda são humanos demais. É necessário alguns anos de vida como Monstro para chegar a esse ponto..."

Anoiteceu. Eu e... 'Meu Pai' saímos da casa onde nos escondemos do sol. Depois... Morcegos saíram da sombra dele e... Voaram em todas as direções... Procurando uma casa em que pudéssemos entrar. Com sorte, uma casa que...

"Tortura, estupro, esquartejamento, estupro e então, 'almoço'. Acertei a ordem? Do que foi feito com elas? Cada uma delas? As filhas e a mãe? Quanto ao pai... Assassinado, aparentemente. É a cara dele... Então, o bastardo maldito sobreviveu foi? Depois de todo o sacrifício que eu tive para finalmente emboscá-lo sem correr grandes riscos? Não dá pra acreditar.... E foi ele quem te transformou também?"

Ele... O monstro que é agora 'Meu Pai'. Ele precisava recuperar as energias, se alimentar. 'Quanto mais jovem melhor' ele disse. 'Eu prefiro mulheres' ele disse. 'TIVEMOS SORTE' ele disse.

Enquanto matava, a mãe. Enquanto matava a mais velha. Enquanto matava a menor. Enquanto... As destruía...

Volto a vomitar instantaneamente.

"Garoto, olhe para mim."

Me sentindo culpado demais para desobedecer, eu me virei para a janela.

Pendurado por uma corrente no telhado da casa, virado para mim com os olhos cerrados e as pálpebras tatuadas com suásticas, vestindo um sobretudo azul escuro e carregando uma estaca de madeira em sua mão. Ele calçava botas pretas e pesadas, pingando lama no chão. Um homem alto, com aproximadamente um metro e noventa. Sua voz era grave e casual, e estranhamente, me inspirava confiança.

"Você não devia tê-lo salvado." Disse ele, entrando pela janela.

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