11 de mai. de 2013

Sete Noites - Capítulo 4

"Sete noites?" Perguntei, confuso.

Já deviam ser quase cinco horas da manhã. Eu me encontrava caminhando pela praia acompanhado por um homem misterioso que havia conhecido horas atrás, logo depois que Meu Pai me deixara sozinho.

"Sim. Você me disse que foi mordido no amanhecer de ontem certo? Isso significa que essa é a sua primeira noite, e que você ainda tem outras sete antes da transformação acabar por completo." Disse ele, começando a desenhar algo na areia.

"Por... Completo? Como assim? Afinal, o que está acontecendo? Quem diabos é você!?"

Exclamando a última pergunta, eu finalmente percebi que estava irritado. Além de confuso e enojado, mais do que isso, eu sentia raiva.

"Controle suas emoções." Ele disse, sem parar de desenhar. "Se deixar levar por elas só vai acelerar o processo."

Respirei fundo. Parte de mim queria voar no pescoço dele gritando "QUE PROCESSO? PORQUE VOCÊ NÃO ME RESPONDE DIREITO!?", enquanto o resto sabia que eu deveria tentar o máximo possível manter a calma.

"Por favor..." Consegui dizer.

Finalmente se virando para mim e esboçando um sorriso estúpido no rosto, o estranho começou a explicar tudo.

"Você foi mordido por um Monstro. 'Violência, o Vampiro'. Ele tomou parte do seu sangue e te deixou vivo, pois precisava de você para sobreviver. Você foi amaldiçoado. Gradualmente, tanto seu corpo quanto sua alma serão distorcidos de forma irreconhecível. Primeiro, você adquire parte dos pontos fracos deles, como a luz solar. Algumas habilidades menores também são transferidas depois de algumas horas, como a capacidade de enxergar no escuro. Amanhã, sua fome já não será mais de comida, e no dia seguinte, também não precisará mais de ar. Seu coração vai parar de bater, e a partir de então, as mudanças... Não podem mais ser explicadas. Um humano não é capaz de sequer entendê-las."

Cada palavra que ele dizia era mais absurda que a outra. Era irracional, não fazia sentindo algum. Monstros, vampiros e maldições não existiam. Mas uma parte cada vez mais profunda de mim sentia o contrário. Era como se minha natureza, meu senso de realidade, estivesse corrompido.

Porque tudo que ele dissera, pelo menos para mim, fazia completo sentido. E quanto as mudanças que humanos não seriam capazes de entender...

De alguma forma, eu já fazia alguma ideia do que seriam.

"Meu nome é 'Forca'. Sou um caçador de Monstros, e estou atrás de Violência faz alguma décadas." Disse ele, finalmente se apresentando. "Antes de mais nada, tenho que lhe fazer uma pergunta garoto..."

Ele então tirou o capuz, parou de desenhar o que parecia ser uma ave acorrentada na areia e pela primeira vez, abriu os olhos enquanto falava comigo, me fitando diretamente.

Seus olhos eram completamente cinzentos, como duas esferas de prata polida. Meu corpo inteiro estremeceu perante aquele olhar, de uma forma diferente da vez em que havia sido controlado por Meu Pai.

E com uma voz solene e impactante, ele me perguntou.

"Você quer voltar a ser um humano?"

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