17 de abr. de 2013

Sete Noites - Capítulo 2

Quando eu "despertei", confuso e com a memória bagunçada, estava deitado em um sofá na sala de estar de uma casa. A princípio, tentei me lembrar de como fui para ali, mas logo outra detalhe chamou minha atenção. Todas as janelas estavam com as cortinas fechadas, bloqueando completamente a entrada de luz.

Ainda assim, eu conseguia enxergar perfeitamente.

"Finalmente acordou, garoto?"

Foi a primeira coisa que eu escutei. Imediatamente, reconheci a voz do homem que havia encontrado pregado em uma árvore e recordei tudo a respeito daquela noite. Apesar de ainda não fazer ideia de quanto tempo se passara desde então, haviam dois fatos dos quais eu tinha certeza naquele momento:

Aquele homem era o assassino que matara sete adolescentes e uma criança.

Eu tinha sido a nona vítima.

Infelizmente, o segundo fato era levemente contraditório. Eu tinha certeza que aquela... "Mordida", havia me matado.

Eu estava morto.

"O que... Aconteceu?" Resolvi perguntar.

"Bem... Você deu azar. Mas entre os que deram azar, você foi o mais sortudo." Respondeu o homem. Só agora eu notei que não havia sinal das enormes feridas causadas pelas estacas. Para falar a verdade, não haviam nem mesmos buracos em sua roupa. E ele parecia estranhamente... Vigoroso.

"Como assim"? Perguntei novamente, com mais firmeza na voz. Estranhamente, todo o medo que eu sentira ao vê-lo pregado na árvore parecia um sonho agora. Eu me sentia... Confiante. Forte. Poderoso.

"Bem... Eu havia espalhado alguns familiares pelas ruas durante a noite, na esperança de encontrar uma nova presa. Você encontrou um deles, e foi trazido por ele até mim. Eu costumo não escolher homens sabe? Normalmente, meu familiar teria te ignorado completamente. Mas como eu disse, você deu azar."

Lentamente, eu estava começando a entender.

"Um caçador insistente que está atrás de mim há algumas décadas descobriu minha localização e preparou uma armadilha. Eu caí nela e acabei parando naquela situação deplorável. O sol iria me matar se você não tivesse chegado sabe? Eu pretendia te usar para escapar e depois matá-lo, mas não havia tempo. Então resolvi te transformar, e aqui estamos." Terminou ele, com um sorriso.

"Onde estamos?"

"Não faço ideia. Seu corpo recém transformado aguentava melhor o sol, então simplesmente te deixei nos guiar até um lugar seguro e foquei em me regenerar. Quando chegamos, você perdeu a consciência e eu tomei a liberdade de me alimentar."

"Fui eu... Quem te trouxe aqui?"

"Sim. Eu te ordenei, e você me obedeceu. Você é meu servo agora."

Imediatamente me lembrei daqueles olhos vermelhos e da habilidade que eles possuíam.

"Então... Você é um vampiro?"

Ele sorriu.

"Vampiro, bruxo, transformista, mago, zumbi, necromante, lobisomen, espírito maligno... Nossa espécie tem muitos nomes. Pode-se dizer até que somos a origem de todos os mitos. Você vai entender, eventualmente." Respondeu, indo até a janela e abrindo a cortina.

O sol estava se pondo.

"Vamos indo? A noite vai ser longa..."

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