23 de set. de 2013

A Mão do Escritor

Triste era a sina
Do pobre escritor
Cuja vida era uma
De eterna solidão

Seus passos eram ocos
Ou pelo menos, ecoavam sempre livres

Seus suspiros eram silenciosos
Ou pelo menos, nunca eram ouvidos

Suas lágrimas eram invisíveis
Ou pelo menos, transparentes em demasia

E todos os seus sentimentos
Eram efêmeros demais
Talvez distantes demais
Para qualquer parte do corpo reproduzir

Sim, qualquer parte do corpo
Se não suas mãos

Pois em seu quarto, a noite
Segurando a pena sobre uma folha de papel
A mão caminhava entre multidões por ele
A mão conversava com amigos por ele
A mão lamentava e ria da vida
Por ele

A Mão do Escritor,
Sua parte mais viva,
Sua própria alma
Sua verdadeira forma

A expressão de sua vida

No entanto,
Triste era a sina
Do probre escritor
Cuja vida cabia na palma da mão

Não por ser pequena
Não por faltar significado
Não por não ser bela
Não por qualquer outro motivo
Senão o simples fato
De que a Mão do Escritor,
A que carregava sua vida,
Era apenas a dele

E assim, assim como ele,
Eternamente solitária

Lucas Rangel Lima

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