11 de jan. de 2011

O Rei e o Lobo - Capítulo 7: Memórias e Lendas

Mas enquanto o guerreiro vivia sua vida em paz, o Rei o procurava desesperadamente. Seu poder incompleto o torturava dia após dia, como se sua presa sentisse falta da outra. E assim, dia após dia, mês após mês, ano após ano, sua ansiedade crescia e o deixava mais forte.

Já o filho do guerreiro, agora possuidor da segunda presa, vivia sua vida feliz e em paz, em uma das poucas vilas que o rei ainda não havia alcançado. Desde a infância até a juventude, ele viveu isolado das garras de seu soberano e sendo treinado por seu pai, que era de longe mais forte do que qualquer outro da vila.

E assim, o tempo passou até que o garoto atingiu a idade que o pai tinha quando enfrentou a fera.

No seu aniversário, ele foi presenteado com uma espada e uma armadura e enviado pelo pai para a floresta, onde ele deveria procurar por suas respostas. Confiante na palavra de seu pai, o jovem embarcou em sua primeira aventura.

Dias e noites ele passou vagando sozinho pela floresta, se alimentando apenas do que a natureza lhe oferecia. Mas mesmo perdido, cansado e enfraquecido, ele continuou andando sem fraquejar até que o vigésimo dia chegasse.

Como um sopro frio do passado, o jovem encontrou um altar antigo que parecia ter acabado de ser terminado. As pedras brilhavam sobre a luz da lua e os espíritos da noite pareciam dançar sobre sua cabeça. Surpreso e encantado, ele subiu no altar por uma escadaria de rocha polida.

Ao chegar no topo, o jovem encontrou o corpo de um homem deitado na mesa do altar. Seus cabelos eram negros como o céu noturno e sua aparência era calma e tranquila, como alguém pôde finalmente descansar depois de séculos de tormento. Ao se aproximar, o jovem notou que o homem possuía feições caninas, e que suas mãos se assemelhavam as garras de um lobo.

Se lembrando das histórias de seu pai, o jovem colocou sua mão sobre os lábios do homem, com a intenção de abri-los. Imediatamente, séculos de memórias misturadas a puro desespero atravessaram sua mente. Era como se a alma daquele homem estivesse ali esperando por ele, esperando para que pudesse compartilhar a história de como ele havia sacrificado a sua humanidade pela sua família e de como ele foi enganado por um espírito e forçado a se tornar uma fera. A história de como ele enfrentara e vencera a contra-gosto centenas e centenas de guerreiros que vieram a procura de seu poder. E a história de como ele fora derrotado por um único jovem carregando uma espada.

Quando tudo acabou, o jovem já não conseguia mais discernir se ele era a criança que nasceu em uma pequena vila ou o homem que viveu séculos como um monstro a habitar a floresta. Mas mesmo mergulhado em confusão, ele sabia de duas coisas. A primeira é que ele agora possuía controle total sobre o poder de sua presa. A segunda é que ainda havia uma presa faltando.

Um comentário:

  1. Caraca, muuito boa, quando terminar, tenta levar numa grafica e fazer um livro dele !

    By Professor Reboji

    ResponderExcluir